Palco de importantes movimentos políticos e transformações sociais no país, Ouro Preto sediou nesta segunda-feira (21/04), data em que se comemora a Inconfidência Mineira, um encontro entre centenas de personalidades que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil. O governador do Estado, Alberto Pinto Coelho, destacou a busca histórica e incansável de Minas pela construção nacional e compromisso com a liberdade.

Durante a solenidade, que teve como orador oficial o senador Aécio Neves, o governador voltou a cobrar do governo federal um novo pacto federativo que, segundo ele, atualmente prejudica estados e municípios. “O mais urgente é o fortalecimento da Federação e da República, esmaecidas pela maior concentração de recursos e poder, de toda a nossa história, na órbita do governo central. Minas vê chegada a hora de lutar, como antes, pela restauração do pacto federativo, com uma divisão mais justa e equilibrada sobre direitos e deveres dos diversos entes federados”, afirmou.

Em seu discurso, o governador destacou que esta irregularidade se agrava ainda mais em face de outros desarranjos nacionais, como a dívida com a União, que encabresta estados e municípios, e a indefinição do novo marco regulatório sobre os royalties dos minérios. “Carregamos a consciência de que não podemos sonhar com um novo patamar de desenvolvimento, com estados em dificuldades e prefeituras fechando suas portas”, ponderou.

Alberto Pinto Coelho lembrou ainda o fato de que no ano passado, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, 96% das cidades mineiras estavam impedidas de estabelecer convênios com o governo federal, e sobreviverem quase que unicamente dos parcos recursos do Fundo de Participação (FPM).

O governador relembrou o pioneirismo de Minas à frente dos mais importantes movimentos históricos e sociais para a construção democrática do Brasil. “Ao longo da história, a Nação buscou em Minas a experiência, o equilíbrio e o saber dos nossos melhores homens públicos. Herdeiros de sólida tradição democrática, assumimos sempre a responsabilidade de lembrar ao Brasil que democracia, liberdade e paz social são compromissos do nosso passado e matéria prima essencial, permanente, para a construção do nosso futuro. É nesta posição que nos colocamos hoje diante de novos e graves desafios”, afirmou Alberto Pinto Coelho.

O prefeito de Ouro Preto, José Leandro Filho, também defendeu, em seu discurso, um novo pacto federativo para que os municípios brasileiros tenham mais autonomia e recursos para garantir serviços públicos de qualidade. “A história desta nação passa sempre por Minas. A atual distribuição de recursos não atende a estados e municípios. Precisamos de um novo pacto federativo para construirmos uma verdadeira nação, como sonharam os inconfidentes”, disse.

Mobilização histórica

A solenidade deste ano, que homenageia a luta de Tiradentes em defesa da liberdade, celebrou ainda os 30 anos do movimento Diretas Já. “Hoje, tantos anos depois, Minas chora, solidária, com os que ficaram pelo caminho, atingidos pela vilania do autoritarismo. É com este sentimento que reverenciamos cada um dos brasileiros que lutaram pela reconstrução da nossa democracia”, disse o governador de Minas.

O protagonismo do povo brasileiro também foi destacado pelo senador Aécio Neves, que participou, ao lado do avô, o ex-presidente Tancredo Neves, do movimento pelas Diretas Já, a maior mobilização popular da história do Brasil, que uniu sociedade e correntes políticas divergentes em defesa da retomada do voto direto para eleger o presidente da República.

“De todos os personagens daquele emblemático trecho da história, nenhum superou a grandeza e a força do povo brasileiro”, disse Aécio Neves ao relembrar também lideranças do movimento, como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela e Fernando Henrique Cardoso, entre outros.

Em seu pronunciamento, Aécio Neves lamentou que, apesar da conquista da democracia, muitos dos avanços pensados na época não foram alcançados e defendeu um país governado com ética e avanços sociais.

Ao defender o mesmo ideal, Alberto Pinto Coelho pediu a união do Brasil “em torno de um programa de restauração econômica, de desenvolvimento justo e sustentável, de rigorosa transparência nas relações políticas e de respeito absoluto pelos direitos da cidadania, sob o império da lei e das instituições. É nossa grandiosa tarefa deixar para as futuras gerações um país melhor, mais desenvolvido, justo e igual para todos os brasileiros. Este é o país dos sonhos dos inconfidentes e pelo qual o Alferes Tiradentes dedicou a sua vida”, concluiu o governador.