O Governo do Estado de Minas Gerais esteve, na terça-feira (15/9), reunido com a Missão Diplomática do Reino Unido em Belo Horizonte, a prefeitura municipal da capital, a UFMG e o Minas Tênis Clube. O objetivo do encontro, realizado na sede do clube, na região da Savassi, foi a discussão sobre o esporte paralímpico no estado.

O evento contou, ainda, com a presença de autoridades das instituições envolvidas na ação e da Associação Paralímpica Britânica (British Paralympic Association – BPA). O objetivo da palestra foi mostrar a importância do esporte como instrumento de superação e melhora na qualidade de vida de atletas paralímpicos.

A discussão fez parte de uma série de atividades, realizadas desde o dia 12, envolvendo os paratletas do Reino Unido. Na última semana, a BPA trouxe a Belo Horizonte delegações de seis modalidades que realizaram treinamentos no Minas Tênis Clube e no Cruzeiro Esporte Clube: tiro esportivo, tiro com arco, esgrima em cadeira de rodas, halterofilismo, futebol de 7 e judô.

A diretora pré-jogos da BPA, Liz Mendl, destacou a paixão dos britânicos pelo Brasil e a fácil adaptação a Minas Gerais. “Nossos atletas estão encantados com o país, com os centros à disposição para nossos treinamentos, o que gera uma grande motivação para a disputa dos Jogos Paralímpicos Rio 2016”.

Liz deu ênfase à disponibilidade dos entes envolvidos na parceria para auxiliar os britânicos na solução de problemas encontrados na viagem. “Viemos para Minas com uma equipe de tiro esportivo que, logicamente, trouxe armas. A intervenção da Secretaria de Estado de Esportes junto à Polícia Federal possibilitou que chegássemos a Belo Horizonte com nosso material", afirmou.

Ela destacou ainda a estrutura oferecida aos atletas do Reino Unido na capital mineira. “Nossa equipe de halterofilismo treinou em uma academia nova, com equipamentos que ainda não tinham sido usados, preparada especialmente para nosso treinamento. Isso é fantástico!”, ressaltou à respeito da infraestrutura do Centro de Treinamento Esportivo da Universidade Federal de Minas Gerais (CTE-UFMG).

O secretário de Estado de Esportes, Carlos Henrique, falou sobre o trabalho do governo estadual para apoiar os atletas com deficiência. “Todos os nossos programas contemplam paratletas: Jogos de Minas Gerais, Jogos Escolares, Bolsa Atleta, Incentivo ao Esporte. Temos trabalhado para oferecer as melhores condições para que essas pessoas tenham como e onde praticar esportes”, ressaltou.

O embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, também participou da mesa redonda. Em sua fala, ele comparou a situação da Inglaterra com o Brasil no ano anterior aos Jogos Olímpicos e afirmou que o otimismo deve prevalecer para que a competição seja executada com sucesso. Ellis lembrou que três palavras devem nortear a preparação do país para as Olimpíadas. “A primeira é excelência, trabalhar da melhor maneira neste período de treinamentos. A segunda palavra é inclusão: ela é essencial para a cultura, para o coração das pessoas. E, para terminar, o legado. Muito se fala a respeito disso. Legado esportivo, legado de instalações, mas não podemos esquecer que devemos ter orgulho do país. E eu tenho orgulho do meu país”, comentou.

Além do secretário Carlos Henrique, do embaixador Alex Ellis e da diretora Liz Mendl, participaram da discussão o secretário de Estado Adjunto de Esportes, Ricardo Sapi; Luiz Gustavo Lage, do presidente do Minas Tênis Clube; o Cônsul Geral do Reino Unido, Jonathan Dunn, o cônsul do Reino Unido em Belo Horizonte, Thomas Nemes; Eduardo Bernis, secretário Municipal de Desenvolvimento; Patrick Drumond, secretário Municipal de Esporte e Lazer; Délio Malheiros, vice-prefeito de Belo Horizonte; a diretora da parceria MTC/BPA, Flávia Rohlfs; o diretor da parceria MTC/BPA, Carlos Antônio da Rocha Azevedo; os judocas da Belo Dente/Minas Luciano Corrêa e Ketleyn Quadros; Andressa da Silva Mello, fisioterapeuta da delegação brasileira no Jogos Pan-americanos de 2015; Leonardo Flávio de Oliveira (Léo Butija), técnico da seleção brasileira de tênis de cadeira de rodas; e os paratletas Rafael Medeiros, Daniel Rodrigues e Carlo de Franco Michel (Carluxo).

Superação

Durante a mesa redonda, paratletas mineiros do tênis em cadeira de rodas puderam relatar as dificuldades encontradas em suas trajetórias e os benefícios da prática esportiva para deficientes.

Rafael Medeiros há 10 anos pratica a modalidade. Apesar dos desafios encontrados, ele chegou aos Jogos Olímpicos em 2012 e considera que o paradesporto mudou a sua vida. “Foi competindo que conheci 15 países diferentes, conheci pessoas de vários lugares. Se não fosse atleta, isso não teria acontecido”, contou.

Já Daniel Rodrigues, medalhista nos Jogos Parapan Americanos, em Toronto, afirmou viver o melhor momento da carreira – ele é o 1º colocado no ranking mundial da modalidade – e falou que se sente realizado por ser motivo de orgulho para a família. Rodrigues relatou a opção de amputar uma das pernas para poder melhorar seu desempenho. “Eu tinha um problema na perna e precisava de duas muletas para andar. Competindo pude ver pessoas ao redor do mundo utilizando próteses e tendo mobilidade. O esporte me deu coragem para fazer a amputação que era necessária e hoje utilizo uma prótese. Muita gente me vê andando nas ruas e nem percebe que não tenho uma perna”. Nas competições o atleta usa a cadeira de rodas.

O judoca Luciano Corrêa, do Minas Tênis Clube, esteve presente na mesa redonda, também falou de sua carreira e elogiou os paratletas Rafael Medeiros e Daniel Rodrigues, que, para ele, são fontes de inspiração. “Eu já passei por dificuldades e momentos de superação, mas podem ter certeza que vocês são fontes de inspiração para mim, tanto pelo o que vocês precisam fazer para treinar e competir quanto pelos desafios que vocês superam todos os dias”, disse.