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08h00min - 05 de Outubro de 2013 Atualizado em 17h45min - 07 de Outubro de 2013

Engenheiro registra marcos da construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais

Reinaldo Alves Costa Neto lançou dois livros sobre os desafios de construir o empreendimento; projeto de Oscar Niemeyer figura entre as maiores obras públicas do país

Reinaldo Alves Costa Neto foi o responsável por dar vida a um dos últimos grandes projetos arquitetônicos de Oscar Niemeyer: a Cidade Administrativa de Minas Gerais. Da terraplanagem até os últimos acabamentos dos prédios, o engenheiro civil conduziu, na posição de gerente de obras, a construção da nova sede do Governo de Minas durante 28 meses ininterruptos – de outubro de 2007 a março de 2010 – diretamente do canteiro de obras montado no antigo Jóquei Clube de Minas Gerais, no bairro Serra Verde, em Belo Horizonte.

A missão de Reinaldo Alves foi nada fácil. Além de ter que executar e entregar com fidedignidade uma obra pensada por um dos mais renomados arquitetos do mundo, o engenheiro foi o responsável por construir prédios volumosos com características únicas, com destaque para o vão livre de 150 metros do Palácio Tiradentes, o maior do mundo.

Para erguer todo o conjunto arquitetônico, com 270 mil metros quadrados de área construída, maior que o projeto original de Brasília, foram mobilizados 200 mil metros cúbicos de concreto, 13 milhões de quilos de ferragens e mais de 100 mil metros quadrados de vidro. “Teve um período em que todo cimbramento e andaimes disponíveis em Minas estavam alocados aqui”, lembra o engenheiro.

Além dos volumes envolvidos, o tempo foi mais um desafio imposto ao engenheiro, vencido com planejamento. “Quando começamos a execução, sabíamos exatamente que íamos fazer, de ponta a ponta. O planejamento começou três anos antes de iniciar a obra. Por isso, conseguimos cumprir o prazo”, conta Reinaldo Alves.

A maneira como cada etapa da obra foi superada foi registrada por Reinaldo Alves em dois volumes, intitulados Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves. Um contém textos do engenheiro e o outro possui fotos do comunicólogo Tiago Maurizi, assessor de Reinaldo Alves durante as obras. Os livros que registram a história do projeto foram lançados na presença do governador Antonio Anastasia em setembro deste ano.

“A Cidade Administrativa é uma referência, não só sob o ponto de vista da arquitetura, da técnica, do traço de Niemeyer, mas também da sua forma de construção. Ao seu tempo, era a maior obra civil em execução no Brasil. Hoje, tem um uso excepcional como sede administrativa do governo, com todas as secretarias de Estado. Essa verdadeira epopeia de sua construção foi registrada, com muito esmero e cuidado, pelo engenheiro Reinaldo Alves durante o período da execução”, disse o governador durante o lançamento dos volumes.

Em entrevista à Agência Minas, Reinaldo Alves fala sobre a convivência com Oscar Niemeyer, os desafios da obra e de como surgiu a ideia de escrever o livro.

Oscar Niemeyer na execução participou da execução do projeto?

O projeto foi liderado por ele do início ao fim. Reuníamos-mos periodicamente com ele sua equipe. Niemeyer era chamado como árbitro para tomar algumas decisões. Esse projeto é, efetivamente, fruto das ideias de Niemeyer. Para ele, o grande apelo era a obra estar virada para a artéria de maior fluxo de pessoas, para que todos tivessem a exata dimensão de que isto é um monumento. Foi a intervenção de um gênio que permitiu este impacto volumoso e visual impressionantes.

O Palácio Tiradentes é o ícone deste conjunto arquitetônico?

É um monumento e marco da engenharia.  Primeiro pelo desenho notável. Segundo porque todo esse edifício tem um vão livre de 150 metros de extensão apoiado somente em quatro pilares de modo indireto, num projeto escultural magnífico. É um recorde mundial. As duas ligações só impedem que ele não balance.

Já tinha trabalhado em alguma obra semelhante a esta?

Não, porque obra com essas características não existe, é inédita no mundo. O palácio é o mais importante porque este dispositivo nunca foi feito no mundo.

Qual foi o momento mais crítico da obra?

Quando tivemos que tirar os 30 pilares debaixo do Palácio Tiradentes, ficamos com uma angústia muito grande. Testamos se os pilares estavam sofrendo esforço e já tínhamos provado que não. Mesmo assim ficamos inseguros de tirá-los. Esse, efetivamente, era o momento mais desafiador. Cada um dos 30 pilares foi retirado com muito cuidado e segurança. Era uma expectativa total, uma ansiedade muito grande. Quando chegamos ao final, e o ex-governador Aécio Neves retirou o último, pensei: agora chegamos ao final, ninguém nos segura. Fizemos uma grande festa.

A construção dos prédios guarda alguma curiosidade?

A montagem do heliponto, que possui formato não uniforme, foi ensaiada várias vezes no chão, para depois montar lá em cima. Na cobertura do auditório, fizemos uma intervenção notável, um trabalho manual de acabamento, quase artesanal, de heroicos pedreiros que trabalharam com esmero. O próprio Palácio Tiradentes foi construído como um prédio convencional, com pilares e lajes, para depois ficar suspenso e ganhar o formato que possui hoje.

Como surgiu a ideia de escrever o livro?

Vendo a notabilidade deste projeto, liderado pelos governadores Aécio Neves e Antonio Anastasia, as dimensões envolvidas e a oportunidade de trabalhar com Niemeyer, tudo isso me instigou a registrar isso em um diário. Todos esses fatores me mostraram que é era um momento histórico que eu, como engenheiro, tinha a oportunidade de vivenciar. Ao final do dia, quando ia para a minha casa, anotava no meu diário pessoal o que de mais notável e interessante pude observar na obra. Daí surgiu o embrião do memorial que eu tive oportunidade de escrever.

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