Minas por Região
Saúde

16h56min - 09 de Abril de 2015 Atualizado em 17h06min

Exposição destaca os benefícios do parto humanizado para a gestante e o bebê

A mostra Sentidos do Nascer usa o lúdico e o sensorial para levar à população informações sobre o parto normal. A entrada é gratuita

Idealizado e realizado por uma equipe multiprofissional das áreas de saúde e educação, a exposição Sentidos do Nascer usa o lúdico e o sensorial para levar à população informações sobre os benefícios do parto humanizado e desmitificar os mitos relacionados ao nascimento e ao parto. A exposição que ficará no Parque Municipal, no centro da capital, até 26 de abril, pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h às 19h. De 4 a 31 de maio a exposição será montada no Boulevard Shopping. Nos dois espaços, a entrada é gratuita.

A emoção estampada no rosto da enfermeira obstétrica, Adriana Caldeira, ao chegar ao fim do circuito da mostra, demonstra a nobreza do projeto que tem o objetivo de resgatar a importância do parto normal para as vidas das mães, bebês e seus familiares. “Foi maravilhoso. Faz a gente relembrar como é estar grávida, o que o neném passa. É muito bom poder viver isso de novo, saber que as pessoas têm a oportunidade de vivenciar isso”, relatou Caldeira.

Entrando no oitavo mês da gestação, Bruna do Nascimento Bittencourt reflete sobre a importância do acolhimento às gestantes e seus familiares e do acesso à informação para dar mais segurança à mulher. “O parto normal é a minha decisão. Claro, dependendo da posição que a minha a filha estiver. Mas eu li muito sobre isso, me empoderei demais sobre o parto. Tive ajuda da doula que também está aqui. Com informações sobre o parto normal eu optei por ele, quero tê-lo e vou fazer o possível para que na hora do parto minha decisão seja respeitada”, explicou.

Com o pequeno Bernardo, de apenas um mês e meio nos braços, o pai de primeira viagem, Raphael Cury, é um exemplo da importância do acompanhante para um parto mais tranquilo para a mulher, além do fortalecimento dos laços familiares. “O parto normal, além de ser a forma natural, tem uma série de vantagens para a mulher. A mulher se recupera mais rápido, é melhor para a criança. E é bem mais legal mesmo. Foi maravilhoso o nascimento dele. Eu vi tudo, desde o trabalho de parto da minha esposa até a hora que ele nasceu”, contou.

Outro pai que engrossa o coro dos homens que acompanharam suas esposas no parto e no lançamento da exposição é Mário Alves de Oliveira Júnior. Com um olhar expressivo e cheio de orgulho, ele fala sobre o nascimento do filho. “Sou pai do Luigi, de 28 dias. Foi um parto natural, com o mínimo possível de intervenções feito no Sofia Feldman, com uma equipe muito carinhosa de um lado e muito preparada de outro. A Dani, minha esposa, não teve que tomar nenhuma anestesia e depois do parto não precisou de nenhum tipo de ponto. Essa exposição é um bom instrumento de conscientização porque alerta e traz o conhecimento através de uma linguagem divertida, dinâmica, lúdica”, disse.

Redução das cesarianas

A exposição reforça um movimento de ações que visam reduzir os índices de cesarianas no país, tanto na rede pública, quanto na rede privada. A pesquisa Nascer no Brasil, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelou que 55% dos partos na rede pública são por meio de cesariana. Na rede privada, esse índice pode chegar a 88%. O dado é alarmante quando comparado à recomendação da Organização Mundial de Saúde de que apenas 15% das gestantes necessitam de uma cesariana.

Em Minas Gerais, no ano de 2013, dos 172.908 partos realizados no SUS, 77.564 foram cesarianas. Dados parciais de 2014, também apontam um número alto de partos por cesariana registrados na rede pública. Dos 146.756 partos realizados, 66.817 foram cesarianas. “A exposição é uma pequena contribuição que a gente está fazendo nessa mudança de paradigma do nascimento no Brasil, de nascimento por cesariana. É uma cirurgia muito importante e muito bem quista quando bem indicada, mas que não pode se resumir na forma de nascer dos brasileiros. A gente pretende com essa abordagem mais lúdica, divertida e emocionante tocar o coração das pessoas e tentar reavaliar e ressignificar o nascimento para a nossa sociedade”, avaliou a coordenadora da exposição, Sônia Lansky.

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) selecionaram 28 hospitais da rede pública e privada para participarem de um projeto piloto de incentivo ao parto normal e redução dos índices de cesarianas desnecessárias. Sete hospitais são de Minas: Hospital Mater Dei em Belo Horizonte; Hospital Vila da Serra em Nova Lima;  Hospital e Maternidade Santa Paula, em Pouso Alegre; Hospital das Clínicas de Uberlândia; Santa Casa de Misericórdia de Barbacena; Hospital Márcio Cunha de Ipatinga; e Hospital Nossa Senhora das Dores de Ponte Nova.

A humanização do parto é bandeira levantada também por ONGs que apoiam as gestantes, como a Bem Nascer e o Espaço de Apoio a Gestante Ishtar. “Já atendemos mais de mil mulheres nesse movimento de valorização do parto normal e de profilaxia contra a cesárea desnecessária. Estou muito feliz de ver os avanços nessa questão e ver nessa exposição que tudo o que discutimos e sonhamos chegou. Eu acredito que vai fazer uma grande diferença na conscientização da nossa sociedade”, afirmou a ativista Cleise Soares, da ONG Bem Nascer.

Desmistificando o parto

Humanizar e redescobrir a naturalidade do parto garantindo à gestante toda a informação necessária para que ela tenha o parto mais adequado e seguro para si e para o seu bebê é o compromisso que o SUS vem fazendo na tentativa de evitar experiências negativas como a relatada por Ana Rita Trajano, da Política de Humanização do Ministério da Saúde. “Eu entrei aqui como mulher porque eu tenho três filhos e vivi uma espécie de violência no parto, porque eu queria e me preparei para ter parto normal. No primeiro filho meu obstetra era primo e ficou nervoso, e achou que não podia porque não tinha dilatação. Depois, no segundo e terceiro filhos, o meu sogro e a minha cunhada eram obstetras. No segundo também não consegui ter dilatação e meu sogro me pressionou", contou.

"O terceiro foi minha cunhada e ela queria marcar a data. Eu não queria e ela disse que eu corria risco porque já tinha feito duas cesáreas. Não sei risco de que. Hoje eu vejo todo esse movimento coletivo do parto normal como o direito da mulher, todo um clima favorável à mulher, me deixa muito feliz. E acho que as mulheres hoje vão ser mais felizes que a minha geração, que não teve esse apoio todo para ter o parto normal”, completou Ana Rita.

O acesso a mais informação e assistência qualificada poderá dar a mais mulheres experiências inspiradoras do parto e do nascimento de seus filhos, como o relatado por Daniela Vivoli. “Meu parto foi excelente. Foi super rápido, a gente chegou às 4h10 no hospital e às 8h ele já tinha nascido. Eu tive um pensamento super positivo, em momento algum pensei que algo pudesse dar errado. Teve bastante dor, mas nenhum sofrimento emocional. Foi maravilhoso. Quanto mais iniciativas como essas tiverem  melhor para conscientizar mesmo as pessoas sobre as questões do parto cesárea ou do parto normal cheio de intervenções”, contou.

Mais informações sobre a agenda e o projeto estão disponíveis no site www.sentidosdonascer.org.

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