Minas por Região

18h22min - 18 de Dezembro de 2006 Atualizado em 16h14min - 29 de Junho de 2013

Fundação divulga IDH da Região Metropolitana de Belo Horizonte

BELO HORIZONTE (18/12/06) – O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) cresceu 7,11% em nove anos, passando de 0,759 para 0,813. Porém, o aumento não foi suficiente para reduzir as desigualdades na região metropolitana. Pelo contrário: dois indicadores revelam aumento. O primeiro trata da renda média dos 10% mais ricos sobre a dos 40% mais pobres, que cresceu de 25,5 vezes para 27,23. O outro é uma taxa internacional, chamada Índice de Gini, que subiu de 0,61 para 0,62. Ela oscila de zero a um e quanto mais alta, maior a diferença entre cidades de uma mesma região. Já o IDH leva em conta a combinação de resultados na educação, renda e estimativa de vida ao nascer dos moradores.

Os números foram elaborados pela Fundação João Pinheiro (FJP) como parte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que inclui o IDH e outros 200 indicadores que permitem mostrar a realidade sócioeconômica da população. Os dados serão divulgados, amanhã, com referência ao período de 1991 a 2000.

Em Belo Horizonte, a média de renda dos 10% mais ricos sobre a dos 40% mais pobres passou de 24,83 vezes para 27,22. Em Nova Lima o crescimento foi muito maior: de 16,99 para 26,27. A taxa também cresceu em Contagem (11,43 para 13,46), Confins (7,75 para 8,96), Ibirité (9,18 para 10,18) e outros municípios. O aumento da desigualdade – tanto de renda quanto social – fica mais evidente quando são comparadas as diferenças entre os bairros e vilas da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Isso foi possível porque a FJP dividiu a região metropolitana em 287 áreas, batizadas de unidades de desenvolvimento humano (UDHs). Para cada uma delas foi calculada o seu IDH. “Essas unidades podem ser formadas por apenas um bairro – ou mais de um –, uma vila – ou mais de uma – e até um município. A média do IDH das 287 unidades melhorou de 0,759 para 0,813, mas deixa muito a desejar quando levado em conta as desigualdades social e de renda. A maior parte da riqueza ficou concentrada nas mãos de poucos. É importante mostrar os indicadores por bairros e vilas, pois fica mais claro a disparidade existente dentro de uma mesma cidade”, reforça o economista e pesquisador Olinto Nogueira, coordenador do estudo.

Ele acrescenta que o IDH das cidades, quando não detalha os indicadores de bairros e vilas, camufla a realidade de vários municípios. Um exemplo é o índice da capital, que foi de 0,839, o maior da região metropolitana. Mas o percentual esconde a disparidade entre muitas unidades de desenvolvimento humano da cidade. A principal delas, formada por dois bairros da região Sul, Carmo e Sion, teve o melhor IDH (0,973) da Grande BH. O resultado é maior do que o da Noruega (0,942), país com o melhor IDH do mundo. Por outro lado, a UDH formada pela Vila Nossa Senhora do Rosário (Leste de BH) teve nota 0,685, correspondente ao índice da Bolívia, o mais baixo da América do Sul.

“Mesmo que o nível do Índice de Desenvolvimento Humano da cidade seja alto, esta média esconde uma coisa muito perversa, que é a disparidade social”, reitera Nogueira. Situação semelhante à de BH ocorre nas outras 33 cidades da região metropolitana. Na vizinha Contagem, onde o IDH municipal foi de 0,789, há grandes diferenças. A UDH do bairro Nova Contagem, por exemplo, teve o menor percentual da cidade: 0,712. Já a unidade formada pelos bairros Inconfidentes e Amazonas recebeu a maior nota, 0,851.

Em nenhum dos 34 municípios da Grande BH houve queda na renda per capita, sendo que 27 deles tiveram aumento acima da média. Por outro lado, quando a análise é feita sob as 287 UDHs, a FJP constatou que houve perda para os moradores de 7% (20 unidades) delas. “Além disso, em 40% (115) o crescimento foi inferior à média da região metropolitana. Destaca-se, por outro lado, que das 30 UDHs de maior renda per capita, 26 apresentaram crescimento superior à média da área analisada. Isso indica um aumento dos graus de disparidade e de desigualdade entre as unidades de desenvolvimento”, concluiu o estudo.

A demógrafa Cláudia Horta, que também participou da pesquisa, lamenta outro dado. “Apenas 44 unidades (15% do total) atingiram a meta do milênio proposta pela ONU para a mortalidade infantil, a de que nenhum lugar pode ter, até 2015, uma taxa acima de 17 mortes por grupo de mil nascimentos.”

Depois de Belo Horizonte, Nova Lima (0,821) e Pedro Leopoldo (0,807) apresentaram os melhores IDHs municipais. Essas três estão dentro do grupo considerado de alto desenvolvimento humano, aquele em que o indicador é superior a 0,8%. O índice das outras 31 cidades está na faixa intermediária (de 0,5% a 0,8%), de médio desenvolvimento. Os principais resultados deste segundo grupo foram apurados por Florestal (0,794), Caeté e Contagem, ambas com 0,789. Na última posição da lista está Nova União, com percentual 0,7, pouco abaixo dos índices registrados por São Joaquim de Bicas (0,707), Rio Manso (0,708), Mário Campos (0,711) e Itatiaiuçu (0,727).

Bairros de Belo Horizonte têm altos IDHs

Ao contrário de Nova União, Belo Horizonte domina a lista de municípios da região metropolitana com maior número de unidades de desenvolvimento humano (UDHs). São 37 bairros, sendo que 18 deles têm IDH melhor do que a cidade de São Caetano do Sul (0,919), na Grande São Paulo, campeã nacional do indicador. Desses, 13 têm percentual maior do que a Noruega (0,942), líder do ranking mundial. Uma dessas UDHs, com índice 0,950, é formada pelo hipercentro e o entorno das praças Afonso Arinos e Liberdade, cartão-postal da capital.

Por outro lado, Belo Horizonte também domina a parte final da lista. As 14 UDHs mais baixas são vilas e favelas da capital. Quatro têm IDH 0,685 e nove, 0,688. “A distância entre o índice mais baixo e o mais alto é de 0,288. Essa diferença é superior à distância (0,273) entre o maior IDH do Estado, de Poços de Caldas, (0,841), no Sul de Minas, e o menor, de Setubinha (0,568), no Vale do Jequitinhonha. Os bairros com índices mais baixos levarão, em média, 48 anos para alcançar o desenvolvimento humano da UDH formada pelo Carmo-Sion, região Sul de BH, caso seja mantida a velocidade média de crescimento do IDH da Grande Belo Horizonte”, alerta o economista Olinto Nogueira, coordenador do estudo da FJP.

Ele acrescenta que as UDHs mais baixas também levariam cerca de 20 anos para “ultrapassar a barreira da faixa do desenvolvimento humano”. Essa faixa é formada pelas cidades ou bairros com IDH acima de 0,8%. Segundo os dados da FJP, 38 das 287 UDHs pertencem a esse grupo, o que corresponde a 35% do total. Por outro lado, na faixa considerada crítica, com nota até 0,5%, não há nenhum bairro ou vila da Grande BH. A maioria (189) está no grupo intermediário, chamado de médio desenvolvimento, cujo percentual é de 0,5% a 0,8%.

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