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Saúde

18h45min - 27 de Setembro de 2011 Atualizado em 13h55min - 29 de Junho de 2013

Fundação Ezequiel Dias comemora nascimento em cativeiro de filhotes de cobra coral verdadeira

BELO HORIZONTE (27/09/11) - Conhecida pela beleza exibida nos anéis em preto, branco e vermelho e pela potencialidade do seu veneno, a cobra coral verdadeira (Micrurus Frontalis) também desperta muita curiosidade por ser raramente encontrada na região de Minas Gerais. Pela raridade do seu aparecimento, dificuldade de reprodução em cativeiro e pela importância do seu veneno para a produção de dois tipos de soro antipeçonhentos, o nascimento de quatro filhotes de uma coral verdadeira tem sido motivo de muita comemoração no Serviço de Animais Peçonhentos da Fundação Ezequiel Dias (Funed).

No mês de maio, a Funed recebeu um espécime adulto fêmea com cinco ovos fecundados, vindo da região de Nova Lima. Dentre os ovos fecundados, quatro eclodiram nos meses de agosto e setembro. Ainda sob cuidados especiais, os filhotes permanecem sob observação, em um local com umidade controlada. “Caso haja variação na temperatura da câmara em que estão armazenados, os filhotes correm o risco de morrer. O controle da temperatura é essencial para a saúde e sobrevivência da cobra coral verdadeira”, explica a bióloga do Serviço de Animais Peçonhentos, Thais Saraiva.

De acordo com o responsável pelo Serviço de Animais Peçonhentos, Rômulo Antônio Righi de Toledo, por exigir condições específicas para sobrevivência e reprodução, é raro que uma cobra dessa espécie resista à permanência em cativeiro e, ainda mais difícil conseguir com que ela reproduza. Daí a importância dos cuidados com esses animais. 

Atualmente, a Funed conta com uma cobra adulta e os quatro novos filhotes. O veneno extraído dela é utilizado na produção de dois tipos de soros. O antielapídico – antídoto para a picada da própria espécie – e o antibrotópico, soro feito a partir da mistura do veneno da coral com o da jararaca, utilizado no tratamento de acidentes ocasionados por serpentes do gênero Bothrops (jararaca, jararacussu, urutu, cotiara e outras).

Em Minas Gerais, as regiões de Itabira, Itabirito, Brumadinho e Nova Lima são as localidades em que cobras do gênero coral verdadeira são mais comumente encontradas.

Porém, muitas vezes, a coral verdadeira é confundida com a falsa coral, que, além de não ser venenosa, apresenta variação da disposição dos anéis – os pretos e vermelhos ficam mais próximos, ao contrário da coral verdadeira. Uma das características da coral verdadeira é que seus olhos são pretos e muito pequenos, quase imperceptíveis. Além disso, ela apresenta cauda curta, que se enrola quando o animal se sente ameaçado.

Conscientização

A Funed, por meio do Serviço de Animais Peçonhentos, tem realizado ações de conscientização junto à sociedade sobre a importância da destinação correta dos espécimes encontrados em regiões rurais e domiciliares. Uma das formas encontradas para manter a regularidade de venenos desses animais, menos comuns na região, foi a elaboração e implantação do “Projeto Micrurus: ampliação de plantel e manejo em cativeiro”.

Segundo uma das autoras do projeto, a biológa Giselle Cotta, além de garantir a quantidade adequada de veneno, o objetivo é conhecer mais sobre a biologia do animal e, dessa forma, melhorar as técnicas de manejo em cativeiro. “As corais verdadeiras (micrurus) possuem hábitos que dificultam sua captura – têm atividade maior à noite e ficam sempre escondidas, preferencialmente embaixo de folhas, enterradas no solo ou sob galhos de árvores. O projeto nos permite pesquisar, produzir e criar em cativeiro esses animais”, afirma.

O Serviço de Animais Peçonhentos da Funed realiza um cadastro de todas as cobras, aranhas e escorpiões recebidos. E foi por meio dessas informações que a equipe do serpentário identificou a área de aparecimento mais frequente das corais verdadeiras, em locais próximos aos municípios de Nova Lima, Brumadinho, Itabirito e Santa Luzia.

Depois da coleta e análise de dados, foram estabelecidos contatos com condomínios situados nessa região com o objetivo de apresentar o projeto à comunidade local. A equipe da Funed fez visitas ao local e realizou palestras e treinamentos sobre hábitos e captura de serpentes com moradores e funcionários. Durante as visitas, foram fornecidas, também, caixas para guardar os exemplares recolhidos e um gancho para realizar a captura de maneira segura. Os colaboradores ainda foram orientados sobre como identificar a verdadeira cobra coral, que com frequência é confundida com outras espécies.

“Precisamos contar com a parceria da sociedade, porque o fornecimento dos animais peçonhentos (cobras, aranhas e escorpião) depende totalmente de doações e da reprodução em cativeiro. E o veneno extraído deles é essencial para a produção de soros antipeçonhentos e antitóxicos”, explica Rômulo Antônio Righi de Toledo.

A Fundação Ezequiel Dias é uma das três instituições brasileiras responsáveis pela produção de soros antiofídicos e antiescorpiônicos no Brasil – que são distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde – e desenvolve uma série de projetos e parcerias para manter sempre regular o estoque de venenos, transformando essa tarefa numa atividade de educação socioambiental e cooperação institucional.

Serviço

Em caso de acidentes com animais peçonhentos, as vítimas devem ser encaminhadas para um hospital mais próximo para recebimento do soro e tratamento adequado. Em Belo Horizonte, o hospital referência é o João XXIII.

Em caso de interesse no envio de espécimes encontrados, basta entrar em contato com o Serviço de Animais Peçonhentos da Funed, pelo telefone (31) 3314-4760.

A fundação também oferece visitação pública ao Serviço de Animais Peçonhentos. A solicitação de visita deve ser feita em um formulário disponibilizado no site da Funed.

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