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Cultura

11h45min - 04 de Janeiro de 2012 Atualizado em 22h34min - 30 de Junho de 2013

Iepha valoriza tradicionais festejos da Folia de Reis em Minas Gerais

BELO HORIZONTE (04/01/12) - Passadas as festividades de fim de ano, diversos grupos folclóricos já se preparam para outra grande festa em Minas Gerais: a Folia de Reis, comemorada no dia 6 de janeiro. O festejo é uma forma de veneração dos três reis, originários de regiões próximas ao Oriente Médio, que, segundo a crença cristã, se deslocaram ao local de nascimento de Jesus Cristo, guiados por uma estrela, com a intenção de conhecer e homenagear aquele que acreditavam ser o messias.

Melquior, Baltazar e Gaspar presentearam o menino com ouro, incenso e mirra – símbolos de riqueza, respeito e imortalidade. Estudos apontam que o culto aos Reis Magos nasceu na Europa Medieval, em meados do século VI, e foi imortalizado dentro da cultura folclórica não só no velho mundo, mas também na América após as expedições do século XV.

No Brasil, o culto aos reis foi adquirindo características específicas e se transformou na conhecida Folia de Reis. Ao longo do tempo, a confluência dos valores culturais europeus com os costumes locais tornou as folias bastante populares, em função da união de cores e canções, e de características sagradas aliadas a profanas ou pagãs.

Em Minas Gerais, a tradição está fortemente presente em todas as regiões. Levantamentos feitos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) mostram que as Folias de Reis são realizadas em centenas de municípios mineiros, sendo que oito cidades – Alterosa, Belmiro Braga, Betim, Casa Grande, João Pinheiro, Matias Barbosa, Nova Resende e Patos de Minas – já registraram a manifestação, reconhecendo suas Folias de Reis como Patrimônio Cultural Imaterial dos municípios. Muitas outras cidades também já realizaram o inventário da manifestação.

Vinculado ao Sistema Estadual de Cultura, o Iepha-MG realiza a pesquisa de base histórica e o monitoramento contínuo de inúmeras expressões culturais em todo o Estado. Segundo o gerente de Patrimônio Imaterial, Luis Gustavo Molinari Mundim, o órgão tem planos, inclusive, de realizar futuramente um grande estudo, inventariando as folias mineiras para que toda esta tradição cultural possa ser conhecida mais a fundo. “As Folias de Reis são um traço característico da cultura mineira. Na verdade, este tipo de manifestação está presente em todo o Brasil, mas em Minas a ligação identitária é muito forte. Então, reconhecer, valorizar e salvaguardar essas expressões é uma importante forma de buscarmos manter uma das faces da identidade cultural do nosso Estado”, explica Molinari.

Um indicativo de que as folias são símbolo de identidade e tradição para diversas comunidades: em Betim – uma das cidades em que a manifestação já é patrimônio registrado –, a Folia de Reis Santo Afonso se reúne há mais de 100 anos. Tem à frente Osmar Gonçalves Dinis, 71 anos, que desde muito pequeno participa da festa. “Meu bisavô foi um dos fundadores do grupo e pra mim é muito importante manter essa tradição de devoção aos reis. Toda a minha família tem muita fé e, por isso, não deixamos que a folia se acabe”, revela.

O festejo

A festa começa com a chegada da corte (rei, rainha, pajem, alferes, mordomos, palhaços, fidalgos e capitão), com o menino Jesus nos braços. O grupo vai de casa em casa tocando tambores, violas e pandeiros, e entoando canções tradicionais. Adereços, como o estandarte, com a imagem do Divino Espírito Santo, representado por uma pomba, fitas coloridas e uma coroa também fazem parte da festa e são conduzidos pelo pajem do grupo. A Folia de Reis se desloca visitando as casas e cabe à dona da residência oferecer alimentos e bebidas aos foliões e aos que os seguem.

É função do palhaço arrecadar donativos para distribuição a comunidades carentes. O mascarado, dentro de casa ou mesmo no terreiro, dança a mazurca, o samba, a valsa ou a chula e faz versos para a plateia e para os donos da casa. Nos versos, que na maioria das vezes são improvisados, o palhaço pode contar sua história, sua função na folia, falar sobre futebol, notícias de jornal, ecologia, entre outras coisas. Esses versos são utilizados como uma brincadeira para recolher o dinheiro oferecido pelo público.

Exemplos claros dessa tradição em terras mineiras são Raimundo José da Costa, 79 anos, de Itaúna, que participa da Folia de Reis Padre Eustáquio desde os 7 anos, e Ailton José Furtado, 65 anos, de Ibiá, que é capitão e fundador da Folia Três Reis e participa da festa há 23 anos. “É uma emoção muito grande participar da folia, primeiro porque eu gosto muito de toda a festa e, segundo, porque é muito importante manter a tradição dos reis magos”, afirma Raimundo que, atualmente, é responsável pelos versos e trovas que garantem as doações.

Em Ibiá, a folia é tão importante que foi criada a Nova Associação de Folias de Reis de Ibiá. “Nós nos reunimos em uma grande festa, sempre no primeiro domingo de agosto, junto com outros grupos da cidade e da região. Só em 2011 foram 22 folias participantes”, relata Ailton.

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