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Copa do Mundo

08h00min - 29 de Março de 2014 Atualizado em 10h39min - 04 de Abril de 2014

Laços entre Minas Gerais e Uruguai se destacam às vésperas de Copa do Mundo

Estado, que será casa da seleção celeste no Mundial, também é um dos principais parceiros comerciais do país e destino de seus cidadãos no Brasil

O Uruguai, assim como o Chile e a Argentina, escolheu as terras mineiras para se hospedar durante a Copa do Mundo de 2014. A delegação utilizará as dependências da Arena do Jacaré e de um resort, na cidade de Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A Celeste Olímpica estreia na Copa em Fortaleza (CE) contra a Costa Rica no dia 14 de junho. Em seguida (19/06), a partida será com os ingleses no Rio de Janeiro. O terceiro jogo acontece em Natal (RN) contra os italianos em 24/06. Assim como o Brasil, o país vizinho tem grande tradição no futebol. É bicampeão mundial (1930 e 1950, no Maracanã, quando venceu a seleção Canarinho) e olímpico (1925 e 1928). Dos times locais, dois se destacam e são conhecidos internacionalmente: Peñarol e o Nacional.

Mas a proximidade entre as duas nações não fica apenas nas quatro linhas e se estreita também quando o assunto é economia.  Um levantamento de 2012 divulgado pela The World Factbook, referência estatística disponibilizada na internet pelo Governo dos Estados Unidos, aponta que o Brasil é o principal parceiro em relações comerciais daquele país, representando 18,5 % dos índices de exportação uruguaios. Nesse porcentual, o petróleo e derivados (26%) dividem o primeiro lugar, seguido de itens alimentícios (19%).

Nesse contexto, a relação com Minas Gerais também é favorável. As exportações mineiras para aquele país somaram, em 2013, US$ 98,14 milhões com os materiais de transporte, representando participação de 42,43% nos principais produtos enviados para o Uruguai. De acordo com Paulo Március Silva Campos, do Núcleo de Estratégia e Atendimento ao Exportador da Central Exportaminas, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Minas Gerais conta com quatro empresas de capital uruguaio, que atuam nos seguintes ramos: motores e acessórios de veículo, localizada em Betim; derivados de madeira, em Ponte Nova; produtos químicos, em Belo Horizonte; e produtos plásticos, nas cidades de Itamonte e Uberlândia.

Dos produtos importados das terras uruguaias, um em especial ganhou fama por aqui: as carnes, suculentas e macias, para serem assadas à moda do país sul-americano conhecida pelo uso das “parrillas” (grelhas de churrasco). Dados levantados pela Central ExportaMinas, de 2011 a 2013, revelam que Minas Gerais importou US$ 2,8 milhões de carnes de ovinos, caprinos e bovinos.

Em Belo Horizonte, um bom corte pode ser degustado no Mercado do Cruzeiro, seguindo as tradições uruguaias. O dono do local é o uruguaio Francisco Tomás Mesquita, que há 41 anos vive em Minas. Inicialmente, ele atuava numa empresa de cigarros, mas, em 1998, surgiu a oportunidade de abrir o próprio negócio na região Centro-Sul da capital mineira. “Como sempre fazia churrasco para a família e amigos, resolvi atuar nesse ramo”, justifica.

O sucesso foi tanto, lembra o empresário, que a casa, aberta em janeiro, precisou ser ampliada meses depois. O segredo, segundo ele, está na qualidade da carne, vinda do Uruguai e feita na tradicional parrilla, no tempero mineiro e no bom atendimento. “Juntamos qualidades dos dois países e o resultado é o restaurante sempre cheio e com vários prêmios de revistas do segmento gastronômico”, orgulha-se. Para acompanhar o churrasco, ele recomenda, no entanto, o arroz mineiro. “O arroz daqui é único. Meus conterrâneos ficam fascinados com o sabor”, esclarece.

Outro uruguaio que fincou raízes em Belo Horizonte é Fernando Domingues Areco, também conhecido como Motta. O primeiro contato com Minas Gerais aconteceu em 1973, quando, a convite do Grupo de Dança Corpo, Fernando produziu um espetáculo em Ouro Preto, o primeiro de vários até 1981, quando Motta decidiu mudar de ramo. Oriundo de uma família de proprietários de restaurantes, Motta também ingressou no segmento gastronômico e, atualmente, também é sócio de uma das casas onde se serve carne uruguaia em Belo Horizonte, dentre outros cinco estabelecimentos que abriu na capital.  “O cardápio traz cortes nobres como a costeleta de cordeiro, bife ancho e bisteca de vitelo”, explica.

Da culinária mineira, Motta aprecia pratos como frango com quiabo ou ao molho pardo e canjiquinha com costelinha. “Nunca me aventurei a prepará-los e nem preciso, pois há bons restaurantes de comida mineira por aqui e amigos que cozinham muito bem”, relata. Das riquezas da terra brasileira, o uruguaio se diz encantado com os sabores da couve, da jabuticaba e da manga.

Cidades históricas e hospitalidade encantam estrangeiros

Quando o assunto são as paisagens mineiras, a professora uruguaia Iris M. Machado Zawadzki, que vive na capital mineira desde 1981, sugere as cidades históricas marcadas pela arte barroca como Ouro Preto e Mariana. “Esses locais têm um encanto característico e um diferencial artístico impressionante, como as obras do pintor e escultor Aleijadinho”, declara.

Iris é dá aulas de línguas e o que mais gosta de fazer é estar com os amigos mineiros que fez aos longos dos anos e a filha, que também é daqui. “Nós, uruguaios, assim como os mineiros, gostamos de comer churrasco e nos reunimos com  amigos e familiares. Somos igualmente comunicativos, solidários, receptivos e gentis”, compara.

O legado histórico e cultural mineiro foi um fator decisivo para escolha do estudante Lucas Martinez Arocena para fazer intercâmbio em Belo Horizonte. “Das possibilidades, tinha o Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Mas, uma grande motivação pra vir para o Brasil era conhecer melhor a imensa cultura daqui, então pensei que quanto mais ao norte e afastado do meu país ia ser melhor. Mais misturado, mais diferente do Uruguai e, portanto, mais interessante. Com isso minha escolha foi vir pra cá”, comenta.

O estudante do curso de química está há dois meses em Belo Horizonte, onde faz intercâmbio na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mesmo há pouco tempo no estado, ele já teve a oportunidade de conhecer a maior festa da cultura brasileira: o Carnaval. Participou dos blocos de rua na capital e aprovou a festa de Ouro Preto. “Foi muito bom, a gastronomia é excelente, a música também. Mas o melhor são os mineiros, que achei muito receptivos, simpáticos e atenciosos”, conclui.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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