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Copa do Mundo

08h00min - 03 de Maio de 2014 Atualizado em 17h36min - 02 de Maio de 2014

Seleção da Inglaterra volta a Minas, seis décadas após a histórica derrota para os EUA na Copa de 1950

Ligação entre o futebol mineiro e o inglês vai além desse famoso jogo. Britânicos são os fundadores do Vila Nova, segundo time mais antigo de Minas

A relação entre ingleses e mineiros no futebol vai além do histórico calendário da Copa do Mundo de 1950. Antes daquele Mundial, a exploração mineradora pelos ingleses em Nova Lima, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, possibilitou o surgimento de um time de futebol, o Villa Nova Atlético Clube, formado por trabalhadores das minas. Além disso, um dos principais jogadores brasileiros da história da Liga Inglesa (Premier League), um dos torneios mais disputados do mundo, é o mineiro de Lagoa da Prata, Gilberto Silva, que defendeu por seis anos o Arsenal, famoso time de Londres. Ele é um dos 10 embaixadores de Belo Horizonte para grandes eventos, título concedido pela prefeitura de Belo Horizonte.

No dia 24 de junho deste ano, a Seleção da Inglaterra entra em campo em Belo Horizonte, no Mineirão, para o confronto com a Costa Rica pela Copa do Mundo. Sessenta e quatro anos depois, os britânicos retornam à cidade onde realizaram um dos jogos mais comentados da história do referido Mundial. Em 1950, o time inglês foi derrotado pelos Estados Unidos por 1 a 0, resultado considerado talvez a maior zebra da Copa do Mundo, no estádio Independência.

O mineiro Gilberto Silva carrega a importância do futebol brasileiro na história da Premier League. Campeão mundial pelo Brasil em 2002, o volante foi contratado pelo Arsenal no dia 7 de agosto de 2002 eganhou o respeito da torcida dos Gunners, como é conhecida a torciada do Arsenal, por recusar a camisa número 6 que pertenceu ao eterno ídolo dos torcedores, Tony Adam. Gilberto Silva defendeu o Arsenal durante seis anos, período que conquistou quatro títulos.

Para o volante, a relação entre ingleses e brasileiros é de muito respeito. “Fui muito bem recebido quando morei na Inglaterra. É claro que, no início, tinha uma dificuldade com relação à língua, mas todos foram sempre muito solidários. O britânico parece ser mais distante, mas na verdade eles também são muito receptivos. E, o melhor, eles adoram o carisma, a disposição e a amizade dos brasileiros”, destacou o mineiro.

Quem endossa esse coro é o londrino Anthony Phillip Redmond. Há 30 anos no Brasil, o morador de Belo Horizonte também enaltece o bom relacionamento entre ingleses e brasileiros. "Aqui em BH as pessoas se cumprimentam, conversam, dão bom dia. Isso é muito parecido com a Inglaterra. Lá tem fama de ser um país frio, mas não é. As pessoas conversam e se olham”, explicou.

Jogadores de destaques da Premier League devem ser a base da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo. Philippe Coutinho, do Liverpool, Fernandinho, do Manchester City, Paulinho, do Tottenham, Oscar, Ramirez e Willian, os três do Chelsea, são alguns dos vários brasileiros que disputam a liga atualmente.

Minas Gerais e os ingleses

Apesar do jogo da Inglaterra na Copa de 1950 em Belo Horizonte, ter entrado para a história, as relações com dos mineiros com os britânicos começaram bem antes. Em 28 de junho de 1908, um grupo de operários da Saint John Del Rey Mining Company Limited fundou o Villa, o segundo clube mais antigo do Estado em atividade, superado pelo Atlético, fundado em 25 de março do mesmo ano. Na ocasião, Nova Lima ainda se chamava Villa Nova de Lima. Daí a origem do nome do time. Para simbolizar o clube, nascido sob o signo anglo-saxão, foram escolhidas as cores vermelha e branca, as mesmas que compõem a bandeira da Inglaterra. Como mascote, o Leão, símbolo da monarquia britânica.

A Saint John Del Rey Mining Company Limited era responsável pelo emprego dos atletas do Villa em sua mina. A empresa mantinha uma norma que foi fundamental para a estruturação do clube: todo funcionário da empresa contribuía de modo compulsório para a agremiação alvirrubra e tornava-se sócio. Isso gerava uma fonte segura de receita mensal e garantia a manutenção de um time forte e competitivo. Em contrapartida, os contribuintes podiam entrar gratuitamente no Estádio Castor Cifuentes, hábito que era comum também entre outros clubes na época.

O jornalista Wagner Augusto Álvares de Freitas, torcedor e historiador do Villa Nova, conta que a influência inglesa nos anos iniciais do time era bastante forte. “Não se tratava apenas de um estímulo corporativo com vistas a proporcionar uma boa opção de lazer aos trabalhadores da mineração, para que se mantivessem motivados no ambiente insalubre das lavras. A Saint John Del Rey Mining Company Limitedpassou a administrar o clube alguns anos após a fundação, como se o mesmo fosse um apêndice da empresa”, comenta. “Essa dedicação ao Villa Nova fez com que a agremiação fosse a pioneira em Minas Gerais na adoção do profissionalismo. No entanto, a partir da década de 1920, os ingleses foram se afastando dos cargos diretivos, que passaram a ser monopólio dos brasileiros. Atualmente, não há nenhum sócio inglês nos quadros da agremiação” afirma Freitas.

Apesar da ausência de representantes da Inglaterra no clube nos dias de hoje, os britânicos deixaram seu legado para o Villa. “Uma das heranças deixadas pelos ingleses é o terreno no bairro Bonfim, onde hoje está construído o Estádio Municipal Castor Cifuentes, que pertencia à mineradora na época da fundação do clube”.

Lazer

A vida noturna de Belo Horizonte também tem pontos em comum com a noite de Londres. A moda mais recente na capital mineira são os pubs, bares fechados típicos nas Ilhas Britânicas, perfeitos para fugir do frio. Desde 2010, pelo menos nove casas do gênero foram abertas na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Apaixonado por futebol, o londrino Anthony, torcedor do Queens Park Rangers e do Atlético Mineiro, destaca a semelhança dos pubs, mas prefere enaltecer os botecos mineiros. “Tem boteco perto da minha casa (região da Pampulha) que é muito pequeno, mas lá vão coronéis, arquitetos, empresários, professores, enfim, todo tipo de pessoa. O bar nivela todo mundo, ninguém é melhor que ninguém e isso é muito legal", comentou.

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