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O plantio e a distribuição de sementes e mudas das chamadas hortaliças não convencionais continuará sendo incentivado, em 2013, em Minas Gerais. A certeza vem o resultado favorável de várias experiências no Estado e do bom desenvolvimento das dez espécies de hortaliças que estão sendo cultivadas, desde outubro do ano passado, no Centro de Referência e Assistência Social, de Liberdade.  A atividade é uma iniciativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), em parceria com a prefeitura da cidade. O município de Liberdade fica na Zona da Mata mineira, na área de atuação da regional Emater-MG de Juiz de Fora.

Segundo o coordenador técnico regional de Horticultura da empresa, Noel de Aquino Campos, a distribuição do material já está sendo programada para ocorrer a partir de maio, durante a realização de dois eventos para agricultores familiares e lideranças locais. “Estamos planejando fazer uma oficina para mostrar o preparo de receitas com essas hortaliças e também um dia de campo, onde mostraremos como cultivá-las”, revela.

Para o coordenador, o objetivo é fazer o cadastro das famílias interessadas no plantio e a respectiva distribuição de mudas e sementes para que sejam plantadas nos quintais das propriedades destas pessoas. A ação irá priorizar as famílias mais carentes. “O projeto visa retornar com o consumo dessas espécies altamente nutricionais, que fazem falta na mesa da população, ainda mais nas famílias pobres. Isso é uma questão de segurança alimentar”, argumenta. De acordo com o extensionistas, além de nutritivas, as hortaliças não convencionais são “cultivares mais resistentes a pragas e doenças, e menos exigentes na adubação”.

Diferente das hortaliças mais comuns, do tipo alface, couve, repolho e brócolis, as não convencionais são espécies ligadas à cultura e tradição de várias comunidades. Também denominadas “tradicionais” por algumas vertentes técnicas, elas têm um consumo mais restrito e ainda não estão organizadas em cadeia produtiva.  Como nunca foram cultivadas em escala comercial, acabaram sumindo do cardápio do brasileiro e correm risco de extinção, uma vez que a população não sabe mais como prepará-las. 

A lista delas pode chegar a 26 tipos. São exemplos de hortaliças não convencionais: taioba, araruta, e ora pro nobis, entre outras. Esta última é bastante utilizada na culinária de Sabará, município da região Central de Minas, sendo a estrela de um festival anual. No município de Liberdade, além destas espécies são cultivadas: jacatupé, taro, peixinho, inhame ou cará do ar, cará roxo, mangarito e azedinha.

Projeto

Projeto de Resgate das Hortaliças Não Convencionais começou os trabalhos em 2008 e hoje está presente em vários municípios mineiros. Juiz de Fora foi o pioneiro deles, com a implantação do Banco de Material Propagativo (sementes e mudas), em novembro de 2009, no Centro Educacional Dom Geraldo Maria de Moraes Penido (antiga Febem), hoje pertencente à Prefeitura Municipal. Até o momento, segundo a regional, 47 famílias do município foram beneficiadas. Além do próprio consumo, três destas famílias comercializam o excedente na Feira da Agricultura Familiar e no Empório Rural de Juiz de Fora. O banco já forneceu material também para o Mosteiro Santa Cruz, Casa da Cidadania, Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac) e Casa do Pequeno Jardineiro. Todas instituições da cidade de Juiz de Fora.

Além das parcerias municipais, o projeto de resgate destas plantas é realizado em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa Hortaliças e Epamig, além de instituições de longa permanência de idosos, como é o caso do município de Bom Jardim de Minas, também na área da Regional Emater-MG de Juiz de Fora. Lá, a parceria com o Lar Divino Espírito Santo garante a produção de mudas e sementes para 40 famílias do município e ainda contribui com a alimentação de até 25 idosos internados na instituição.

De acordo o coordenador da Regional Juiz de Fora, os interessados no cultivo destas hortaliças podem procurar os escritórios da Emater-MG, nos municípios onde têm os bancos, para se inscreverem e manifestar interesse. Mas é bom ficar atento, pois os agricultores serão atendidos conforme a disponibilidade do material (mudas e sementes). “Nossos planos incluem implantar um banco em cada município da regional, nos municípios que forem se interessando, pois o que a gente preconiza é que o próprio produtor seja o multiplicador do projeto”, explica Noel.