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Cultura

12h53min - 29 de Outubro de 2010 Atualizado em 10h54min - 30 de Junho de 2013

Iepha/MG finaliza inventário do Cemitério do Bonfim

BELO HORIZONTE (29/10/10) - Após dois anos de minucioso trabalho, os técnicos da Diretoria de Proteção e Memória do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) concluíram o levantamento de dados do inventário do Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte. O trabalho, iniciado em março de 2008, levantou aspectos preciosos já que grande parte dos túmulos tem ricas obras de arte aplicada ou representa algum tipo de memória histórica da capital mineira. Vale lembrar que a sede do necrotério localizada no centro do cemitério, já tem valor reconhecido pelo Estado desde 1977, quando foi tombada.

Um relatório final com 700 fichas de aproximadamente 500 túmulos - com fotos, histórico, designação, localização, descrição das obras de arte e dados dos artistas e das marmorarias - está sendo finalizado e, até o mês que vem, será cadastrado em um banco de dados eletrônico - o Inventário de Proteção ao Acervo Cultural de Minas Gerais (Ipac/MG), e ficará disponível para consulta pública no site www.ipac.iepha.mg.gov.br.

De acordo com o historiador do Iepha/MG e gerente de Patrimônio Imaterial, Luis Gustavo Molinari, o inventário torna perenes informações que poderiam se perder com o tempo. “Esses túmulos são particulares e, apesar de pouco provável, os proprietários podem modificá-los ou retirá-los quando e como quiserem. Além disso, há sempre a possibilidade de deterioração das peças pelo tempo, por intempéries naturais ou por ações de vandalismo ou roubo. Além de fonte perene para pesquisa, o inventário é um registro que pode servir também como diretriz para intervenções futuras”, explica.

Relação direta com a cidade

A história do Bonfim, primeiro e mais tradicional cemitério de Belo Horizonte, se confunde com a história da própria cidade, sendo que sua inauguração precede a da capital por alguns meses de diferença, no ano de 1897. Projetado e construído sob supervisão técnica da Comissão Construtora da Nova Capital (com plantas de Hermano Zickler, José de Magalhães e Edgard Nascentes Coelho), o cemitério tem traçado arquitetônico bastante semelhante ao da cidade.

O estilo monumental dos primeiros túmulos - característica, em BH, exclusiva do Bonfim - demandou trabalhos complexos encomendados no Rio, São Paulo e em dezenas de artistas e ateliês locais (como os irmãos Natali, os Lunardi e a Marmoraria São José), todos paralelamente envolvidos na construção de prédios públicos e residências ilustres na recém-inaugurada capital.

Entre tantos escultores e marmoristas cujas obras se destacam nos túmulos do Bonfim - e também em pontos diversos de Belo Horizonte - exemplo é João Amadeu Mucchiut. Autor de dezenas de esculturas de destaque no cemitério (incluindo as de seu próprio mausoléu), o austríaco assina ainda a fachada da Igreja de Lourdes e da Academia Mineira de Letras, assim como o altar-mor e a lateral da Igreja São José. Outros artistas a quem se atribui a maior parte do acervo são os irmãos Natali, João Scuotto, Carlo Bianchi, Gino Ceroni, Nicola Dantolli, Antônio Folini, Lunardi, Alfeu Martini e José Scarlatelli.

Estilos diversos

As peças refletem claramente duas fases marcantes na história do Bonfim. A primeira, da inauguração até as décadas de 30 e 40, tem túmulos e elementos artísticos predominantemente em mármore. A maior parte das obras posteriores a este período é em bronze ou granito preto. A ocupação do cemitério em quadras progressivas também demonstra muito da evolução de estilos ao longo das décadas. Ao redor do necrotério estão os primeiros túmulos e, afastando-se o perímetro, caminha-se em direção a obras posteriores e, portanto, marcadas por características diferenciadas.

Outra forma de diferenciação é a ocupação “temática” de determinadas quadras do cemitério. Existem quadras com túmulos só de crianças, outras predominantemente ocupadas por personalidades da política mineira. Para se ter uma ideia, no Bonfim estão enterrados, dentre outros, os ex-governadores mineiros Silviano Brandão, Benedito Valadares, Raul Soares e Olegário Maciel, o ex-senador Bernardo Monteiro e o ex-prefeito Cristiano Machado; além de outros personagens importantes da história de Minas Gerais.

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