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Segurança / Defesa Social

14h39min - 14 de Outubro de 2015 Atualizado em 14h47min

Investimento da Secretaria de Defesa Social dá casa nova para a Apac de Alfenas

Com previsão de entrega ainda este ano, o CRS é um investimento de R$ 3,8 milhões da Seds e terá capacidade para 120 recuperandos

Marcelo Sant’Anna/Imprensa MG
Cerca de 30 operários dão os toques finais na alvenaria do Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac)
Cerca de 30 operários dão os toques finais na alvenaria do Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac)

Na mesma estrada que dá acesso ao Presídio de Alfenas, no Sul de Minas, cerca de 30 operários dão os toques finais na alvenaria do Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac). Com previsão de entrega ainda este ano, o CRS é um investimento de R$ 3,8 milhões da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e terá capacidade para 120 recuperandos. Porém, muito antes desse empreendimento num terreno doado pela Prefeitura, outra edificação, bem mais demorada e difícil, teve de ser feita.

Numa chácara alugada no perímetro do Distrito Industrial de Alfenas nasceu há mais de uma década a Apac local. A pintura azul nos muros é o único sinal de que ali funciona um CRS. Não há letreiro nem placa na entrada.

As instalações foram sendo ampliadas aos poucos, predominantemente com o emprego de materiais descartados em demolições e reformas de imóveis da cidade. Mas, como o mundo dá voltas, saíram das mãos dos recuperandos todos os blocos de cimento, novinhos em folha, da obra do futuro CRS de Alfenas.

Missão

Eduardo Padilha Malatesta, condenado a 25 anos de reclusão, teve um papel central nessa história. Depois de cumprir nove anos de pena no CRS da Apac de Itaúna e ganhar a progressão para o regime aberto, ele foi encarregado pela Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac) de evitar o fechamento da Apac de Alfenas. A instituição passava por uma crise, com problemas disciplinares e desorganização. A ponto de ter perdido a confiança do Judiciário e de apoiadores da sociedade local.

“A primeira coisa que fiz quando cheguei, há cinco anos, foi pedir uma audiência com o juiz. É claro que ele ficou muito desconfiado num primeiro momento. Não esperava que um condenado a uma pena tão alta pudesse levantar a Apac de Alfenas”, conta Eduardo, que tem dez anos de livramento condicional a cumprir.

Hoje, o CRS de Alfenas emprega três ex-recuperandos no quadro de funcionários, abriga 71 detentos, distribuídos nos três regimes de pena, cada um em instalações separadas. Todos os nove condenados do regime aberto estão empregados na cidade. A limpeza dos pátios, corredores e celas impressiona. Há escola e também trabalho para todos.

Criatividade

Com muita criatividade no aproveitamento do espaço, os recuperandos cultivam uma horta, criam porcos, galinhas, fabricam vassouras com garrafas PET e ladrilhos coloridos de cimento para revestimento de calçadas. É nessa última frente de trabalho que está Pedro Aparecido Jacinto, de 27 anos de idade, os últimos três na Apac.

Para esse lavrador criado na zona rural de Monte Belo, a 120 quilômetros de Alfenas, o manuseio da máquina, da massa e dos pigmentos traz o signo da mudança de vida. Pelo Método Apac, ele tem de cumprir a pena com disciplina, demonstrar arrependimento e propósito de não reincidir no crime. Para isso, conta com um ambiente digno e de respeito. “Aqui aprendi a trabalhar com muitas coisas e sou valorizado como ser humano”, diz Pedro.

Assim como os funcionários e demais recuperandos, Pedro conta os dias para se mudar para o novo CRS. Mas, se depender da vontade de todos eles, o cenário do nascimento da Apac de Alfenas não será abandonado. Sonham com a instalação de um CRS feminino no local, suprindo a carência de vagas para condenadas na região.

Repasses

As Apac’s são geridas pela sociedade civil e filiadas à Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac), com apoio institucional do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) repassa recursos para construção e manutenção dos Centros de Reintegração Social (CRS’s) das Apac’s. Em 2015, foram R$ 18,1 milhões para manutenção de 33 Apac’s em funcionamento no Estado. Desse montante, o atual CRS de Alfenas recebeu aproximadamente R$ 542 mil.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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