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Segurança / Defesa Social

14h04min - 30 de Setembro de 2015 Atualizado em 14h11min

Parceria inédita garante trabalho com carteira assinada a jovens em conflito com a lei

Além de garantir emprego, internos continuarão estudando, agora no período noturno, na escola do próprio centro socioeducativo

Omar Freire/Imprensa MG
jornada de trabalho é integral, para um salário de R$ 866 mensais, sem prejuízo da educação
jornada de trabalho é integral, para um salário de R$ 866 mensais, sem prejuízo da educação

Uma iniciativa pioneira do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), vai dar emprego em regime de CLT para rapazes com 18 anos ou mais de idade em cumprimento de medida de internação. Para isso, uma fábrica de blocos foi instalada dentro do Centro Socioeducativo de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e vai empregar inicialmente sete jovens como auxiliares de construção civil.

A jornada de trabalho é integral, para um salário de R$ 866 mensais, sem prejuízo da educação. Os jovens continuarão estudando, agora no período noturno, na escola do próprio centro.

O subsecretário de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase), Armando dos Anjos, diz que a parceria, firmada com a empresa Inovacon Comercial, é um passo adiante na política de Minas Gerais de preparar os adolescentes em cumprimento de medida para a busca de emprego. Agora, se trata da própria inserção no mercado de trabalho, observa.

“Essa iniciativa é um começo de muitas outras que virão, nós precisamos investir na profissionalização desses jovens e são projetos como este que devem ser alcançados e difundidos”, destaca Armando. “Nós temos a responsabilidade de dar um norte, uma condição para que quando esses adolescentes saiam do sistema tenham vaga no mercado de trabalho. Queremos devolvê-los para a sociedade com alguma coisa positiva e um aprendizado que os ajude”.

Seleção

Para ingressar na fábrica, o adolescente passa por avaliação da equipe técnica e de segurança do centro socioeducativo e por uma entrevista com o coordenador local da fábrica, Divino Francisco de Oliveira. Superadas essas etapas, o jovem selecionado é testado por três dias na produção. Se aprovado, assina o contrato de trabalho.

A Inovacon Comercial é uma empresa de serviços de contabilidade. O proprietário, Adilson Marcos Pereira, também atua na construção civil, mas é a primeira vez que faz uma incursão na produção de blocos de cimento. Diz ter decidido instalar a fábrica no centro socioeducativo por acreditar na capacidade de recuperação e crescimento dos jovens que estão em cumprimento de medida.

Foram quatro meses de testes para selecionar os primeiros cinco jovens, que já estão trabalhando. Foram investidos R$ 130 mil nas instalações e equipamentos. Cerca de seis mil blocos já saíram da linha de produção.

A meta da empresa, segundo Pereira, é produzir 10 mil blocos por semana. “Nossa intenção é expandir o negócio e produzir também lajes e bloquetes, mas dependemos do mercado para isso” afirma o empresário. Adilson Pereira também planeja a construção de uma fábrica fora dos muros do centro socioeducativo, onde pretende empregar os rapazes quando ganharem a liberdade. Ele já tem experiência nisso. Empregou egressos do socioeducativo em obras executadas por sua construtora.

Otimismo

A juíza titular da 2° Vara da Infância e Juventude, Lívia Lúcia Oliveira Borba, destaca a importância do trabalho e estudo para os jovens em cumprimento de medida socioeducativa e elogia a iniciativa da Inovacom.

“Isso vai ajudar muito, porque é uma chance que eles não teriam com tanta facilidade fora do centro. Eles vão poder sair daqui com uma qualificação profissional, além de refletirem sobre o cumprimento da medida. Eu acredito que esse é o caminho para evitar a reincidência desses menores”, diz a magistrada.

Para Gustavo Cruz*, um dos primeiros contratados na fábrica, o emprego trouxe uma nova perspectiva de vida. “Nunca tinha trabalhado antes. Já aprendi muito desde que comecei, principalmente a ser mais responsável. Ganhei uma oportunidade de ter uma profissão, ajudar minha mãe e cuidar do meu filho”, afirma o jovem.

Thiago Rodrigues*, de 18 anos, tomou a iniciativa de procurar a direção do centro socioeducativo para obter vaga na fábrica assim que teve notícia do empreendimento. Antes de ser sentenciado, ele trabalhou como serralheiro e ajudante de pedreiro. “Tem duas semanas que eu estou aqui, e já aprendi muito, é um serviço muito bacana. Aqui as pessoas incentivam essa mudança na gente, e eu espero quando sair, conseguir um emprego, continuar trabalhando e mudar de vida”.

*nomes fictícios

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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