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Agricultura

15h32min - 05 de Fevereiro de 2013 Atualizado em 09h13min - 30 de Junho de 2013

Pesquisas estimulam a criação de polo nacional de vitivinicultura

Novas tecnologias de produção sugeridas pela Epamig podem dar novo impulso à produtividade de uva, vinhos finos e espumantes

Erasmo Reis/Epamig
Produtor de uva orgânica Nildo Martins Cardoso: “Aqui, o próprio capim faz a adubação”
Produtor de uva orgânica Nildo Martins Cardoso: “Aqui, o próprio capim faz a adubação”

Parceria entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e produtores de uva de municípios mineiros e paulistas tem permitido a produção de vinhos finos e espumantes de qualidade.

“Está sendo formado um novo polo da viticultura nacional. A Epamig disponibiliza mudas de qualidade, tecnologias de manejo, suporte técnico capacitado e infraestrutura da única vinícola experimental da região sudeste do país para o processamento das uvas e a produção de vinhos”, informa o coordenador da Epamig, Murillo Albuquerque.

Localizada em Caldas, no Sul de Minas, a Fazenda Experimental Viticultura e Enologia foi criada em 1936 pelo Ministério da Agricultura, com apoio dos viticultores da região. Na década de 1970, sua gestão foi repassada para a Epamig, que deu sequência às pesquisas com uva e vinho.

“Hoje, o núcleo da Epamig em Caldas é referência nacional na produção de mudas. Até 2.000, o Brasil importava cerca de cinco mil mudas de parreira ao ano. Agora, tem tecnologia para ser autossuficiente na produção das variedades Niágara Branca, Niágara Rosada e Bordô”, afirma Murillo.

Dentre as ações propostas pela Epamig para aumentar a qualidade das uvas produzidas em cerca de 20 municípios, a principal é a produção de mudas pelo sistema de enxertia de mesa, que utiliza tecnologia francesa para implantar, em laboratório, enxertos de variedades mais sujeitas a doenças e pragas em outras mais resistentes, que ficam em contato com o solo

Outra importante ação adotada é a dupla poda, que implica na inversão do ciclo produtivo da videira, alterando para o inverno o período de colheita das uvas destinadas à produção de vinhos, com realização de podas nos meses de janeiro – como já é tradicional – e agosto, após a colheita.

Essas novas tecnologias podem dar um novo impulso à produtividade na região. “Hoje, em Caldas, temos 150 hectares plantados com uvas de mesa e viníferas. Sendo que quase a totalidade são das variedades Bordô, Níágara Branca e Niágara Rosada”, afirma o engenheiro agrônomo da Emater de Caldas, Deny Alvarenga.

“A produção de uvas no município já foi maior, mas com o tempo foi substituída por outras atividades, como a pecuária de leite, o cultivo de milho e feijão e a olericultura. Porém produtores que estão utilizando as novas tecnologias já começam a ter bons resultados”, completa Deny.

Do plantio à produção

O Núcleo Tecnológico Epamig Uva e Vinho oferece aos produtores serviços de consultoria que vão da escolha das mudas e do preparo da área para plantio até tratos pós-colheita, processamento e envase do produto final.

O viticultor Nildo Mendes Cardoso cultiva, há oito anos, em Caldas, um parreiral com as variedades Bordô (conhecida na região como Folha de Figo), Niágara Branca e Rosada fornecidas pela Epamig. “Tudo o que tenho aqui, tem a tecnologia e colaboração da equipe da Epamig, que sempre me deu suporte e consultoria”, diz o produtor, que recentemente foi premiado na Festa da Uva de Caldas nas categorias uva Niágara Rosada e Folha de Figo.

“Um dos grandes diferenciais do parreiral do senhor Nildo é o fato de ele ser totalmente orgânico. Utilizamos aqui o mesmo sistema de condução da Fazenda Experimental, mas sem nenhum tipo de defensivo”, revela o funcionário de apoio técnico da Epamig em Caldas, Daniel Rodrigues. “Aqui o próprio capim faz a adubação”, completa o produtor.

Em 2010 foi obtido no Núcleo Tecnológico Epamig Uva e Vinho o primeiro espumante de Minas Gerais, produzido por um vinhedo de Andradas, no Sul de MInas, utilizando uvas Chardonnay e tecnologias da Epamig. “Recentemente, produzimos aqui um espumante com uvas do município de Divinolândia (SP). Nossos trabalhos junto a parceiros têm demonstrado ser possível produzirmos um espumante de qualidade na Serra Mantiqueira (Minas Gerais e São Paulo)”, afirma Murillo Albuquerque.

A enóloga do Núcleo Tecnológico Epamig Uva e Vinho, Marite Dal'Osto, revela que a variedade Pinot Noir também está sendo testada para a produção de base espumante. “Temos experimentos com uvas Chardonnay e Pinot Noir que deverão ser colhidas na safra de verão no final de 2014. Creio que em 2016, deveremos ter o primeiro espumante produzido pela Fazenda Experimental de Caldas”, diz Marite.

Segundo a pesquisadora, atualmente, na vinícola da Epamig, estão sendo processados e envelhecidos em tonéis de madeira vinhos das safras de verão (Folha de Figo e base de espumante) e de inverno (Syrah e Cabernet Sauvignon) de produtores dos municípios de Caldas, Andradas e Divinolândia. “Cerca de 90% da capacidade de nossa vinícola está voltada para o atendimento a produtores que utilizam as tecnologias e a consultoria da Epamig”, afirma.

A Fazenda Experimental da Epamig está fazendo a seleção de clones para a produção de sucos de uva. “Ainda é um trabalho de campo, com a utilização de equipamentos artesanais, mas é possível que em breve a Epamig disponibilize também tecnologias para a produção de sucos de uva”, informa Murillo Albuquerque.

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