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Agricultura

06h00min - 05 de Maio de 2013 Atualizado em 14h38min - 01 de Julho de 2013

Produção de vinhos desponta em Minas Gerais com variedade e novos rótulos

Técnica de colheita inovadora da Epamig é um dos aspectos que favorecem a atividade; vinícolas já esperam competir com chilenos e argentinos

No segundo semestre deste ano, produtores mineiros vão lançar três novas marcas de vinhos finos, sendo um deles o primeiro espumante fabricado no estado. As novas marcas vão se juntar ao rótulo Primeira Estrada, lançado em 2011 em caráter pioneiro em Minas, adotando a tecnologia de dupla poda de videiras desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig). Nos próximos dois anos, a produção anual de vinhos finos no estado deverá chegar a 500 mil litros. A previsão é que, neste período, cinco empresas mineiras lancem novas marcas.

As previsões são da Epamig que, desde 2005, vem intensificando as pesquisas para o incremento da produção de uvas de qualidade superior. Criado pelo Governo de Minas, o objetivo do Núcleo Tecnológico Uva e Vinho da instituição é se transformar em um centro de referência no desenvolvimento tecnológico e capacitação de mão-de-obra especializada para atender a demanda da vitivinicultura, tanto em Minas Gerais como em outros estados do Sudeste com aptidão para a fabricação de vinhos finos.

Atualmente, estão em fase de validação três marcas de espumantes fabricados em Andradas, Caldas e Dinolândia (SP) - Villa Mosconi, Casa Verrone e Primeira Estrada Brut, respectivamente – que, brevemente, estarão disponíveis para comercialização. As marcas estão em processo de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Outras duas marcas de vinhos finos, produzidos em Cordislândia, no Sul do Estado e no município de Espírito Santo do Pinhal (SP), também estão no processo por parte de empresas privadas. A tramitação para validação dos rótulos leva, em média, oito meses.

A enóloga da Epamig, Maritê Carlin Dal´Ostu atesta que Minas Gerais tem um grande potencial vinícola a ser explorado e, a partir do próximo ano, deverá observar um aumento considerável de lançamentos de novas marcas de vinhos finos, entre eles espumantes. “As perspectivas levam em conta os bons resultados que vem sendo alcançados por pesquisas implementadas pela Epamig em parceria com produtores rurais e empresários”, atesta a enóloga.

Segundo Maritê, os municípios mineiros de Baependi, Andradas, Varginha, Três Corações, Santo Antônio do Amparo, Três Pontas e São Sebastião do Paraíso são os que já apresentam resultados promissores na exploração da vitivinicultura.

Safra outono/inverno é diferencial

O empresário Rodrigo Carrara Peixoto, de Santo Antônio do Amparo, no Sul de Minas, se prepara para lançar, este ano, o “Insólito”, vinho tinto seco produzido a partir do cultivo de uvas da variedade Syrah. O processo de registro no Ministério da Agricultura já está em andamento.

“Temos condições de fabricar um produto sem similar no mundo, originário de safra de outono/inverno o que garante uma qualidade superior”, confirma o empresário. “O trabalho executado pela Epamig com o desenvolvimento de tecnologia que possibilita ao produtor rural colher uva no período outono/inverno foi de fundamental importância para dar um diferencial fantástico de qualidade à produção de vinhos finos no estado”, complementa Rodrigo Peixoto.

Ele revela que a produção inicial de 4 mil garrafas será comercializada em estabelecimentos de Belo Horizonte, levando-se em conta as potencialidades do mercado consumidor da região.

A tecnologia da Epamig a que Rodrigo se refere, que vem animando produtores rurais e empresários do ramo, é a dupla poda de videiras nos meses de janeiro e agosto. Tal procedimento, desenvolvido de forma pioneira pelo pesquisador e coordenador do Núcleo Tecnológico Uva e Vinho, Murillo de Albuquerque Regina, implica a inversão do ciclo produtivo da videira, alterando para o inverno o período de colheita, ao contrário do que tradicionalmente é feito.

“A videira Syrah mostrou-se mais produtiva neste sistema em função das temperaturas mais baixas e da menor disponibilidade hídrica. Todos os fatores foram superiores, mostrando maior concentração de açúcares, menor acidez, maior teor de antocianimas e de polifenóis, aspectos preponderantes para a obtenção de vinho fino de qualidade”, atesta o agrônomo.

Segundo Murillo, é possível explorar uma ampla gama de potencialidades enológicas dentro de Minas Gerais, incluindo, ainda a produção de uvas próprias para vinhos de mesa, vinhos brancos e espumantes. Nas regiões Sul e Sudoeste do estado, os trabalhos contemplam os municípios de Três Corações, Cordislândia e Caldas. Na região Noroeste, o município de João Pinheiro já possui ações nesta área. Já no Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, Pirapora e Diamantina começam a desenvolver a atividade.

Além disso, atualmente, na região da Serra da Mantiqueira, 20 produtores rurais estão desenvolvendo projetos similares. Eles cultivam videiras das variedades Syrah, para vinhos tintos, e Sauvignon Blanc, para vinhos brancos. Também estão sendo cultivadas as variedades Chardonnay e Pinot Noir para produção de espumantes.

O próprio Núcleo Tecnológico Uva e Vinho, da Epamig, conta com uma vinícola onde, em caráter experimental, vêm sendo processadas uvas produzidas nos municípios de Caldas, Andradas e Divinolândia (SP).

Concorrência à altura

Segundo o agrônomo Murillo Albuquerque, apesar de ainda estar numa fase inicial de produção, os vinhos finos mineiros já têm condições de disputar, em termos de qualidade, com produtos importados especialmente da Argentina e do Chile. “O próprio Primeira Estrada, por exemplo, já está sendo comercializado no Rio de Janeiro e São Paulo e em cidades turísticas do interior mineiro como Poços de Caldas, Tiradentes e Três Corações”, destaca.

O Primeira Estrada, fabricado pela vinícola Estrada Real, de Três Corações, já pode ser encontrado em restaurantes de renome da capital mineira, como o Taste Vin, Vechio Sogno, Pizzaria Olegário e Hermengarda, bem como em alguns supermercados. O produto, feito a partir de uva da variedade Syrah, vem nas versões tinto e rosé .

O pesquisador da Epamig observa, entretanto, que o incremento da produção mineira de vinhos finos vai depender da demanda e da aceitação do produto por parte da população. Ainda segundo Murillo Albuquerque, financeiramente, a atividade compensa, visto que o preço do litro dos novos vinhos deverá girar entre R$ 40,00 e R$ 70,00.

“O mercado de vinhos finos está em expansão, mas quem mais aproveita do aumento do consumo ainda são os vinhos importados, pois os nacionais enfrentam dificuldades devido à alta carga tributária e à concorrência com vinhos do Mercosul. Por isso, investir em qualidade é o caminho para superarmos a concorrência”, conclui o pesquisador.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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