Minas por Região

Pronunciamento

20h24min - 22 de Maio de 2015 Atualizado em 18h24m

Pronunciamento do governador Fernando Pimentel no Dia da Indústria, na Fiemg

Dia da Indústria - Sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte/MG - 22/5/2015

Quando eu vinha para cá, me encontrei por acaso com um vizinho. Eu o cumprimentei e ele disse: “Você está saindo a esta hora?”. Eu falei: “Tem uma festa para comemorar o Dia da Indústria”. E ele disse: “Festa? Mas a indústria vai fazer festa?”.

Eu saí com aquilo na cabeça. Que coisa, não é? Por quê esse pessimismo, essa coisa tão pesada, esse clima que vai contaminando a gente, todos nós, inclusive nós que estamos no governo?

As pessoas saem para trabalhar de manhã desanimadas. E eu fico pensando assim: o Brasil é o terceiro ou quarto maior mercado de consumo do mundo para todos os produtos. Em telefone celular, é o terceiro. Automóveis, é o quarto. Caminhões, é o segundo. Cosméticos, é o segundo. Medicamentos, é o terceiro. Tudo aqui é grande. Nós perdemos para os Estados Unidos e para a China. Ocasionalmente, empatamos com a Europa ou com o Japão. Mas, normalmente, nós estamos ali, em quarto, terceiro, às vezes quinto lugar.

Além disso, que outro país do mundo tem recursos naturais tão abundantes e equilibrados para esse território e tamanho da população? Você conta nos dedos de uma mão. São meia dúzia de países, e nós estamos entre eles.

Que países no século passado construíram uma capacidade tecnológica tão avançada quanto nós, partindo de onde partimos? Porque, na verdade, estamos falando de uma indústria que começou nos anos 30 do século passado. Não tem 100 anos ainda. E tem nichos tecnológicos de ponta, como a Embraer, a terceira maior indústria aeronáutica do mundo. Que sociedade no mundo hoje tem as características democráticas, republicanas, modernas e arejadas que tem a sociedade brasileira, além dos Estados Unidos da América?

A Europa está padecendo com problemas históricos recorrentes. Quando se acha que está tudo resolvido, explode uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. E conflitos éticos e religiosos que você julgava extintos pelo tempo voltam na Europa. Que país tem, eu não vou falar de paz social, porque não temos na qualidade que gostaríamos, mas que país tem esse arejamento das instituições que permite que a gente assista nos noticiários os inquéritos policiais? Aí não cabe comentar se está certo ou errado. O fato é que funciona.

Então, isso tudo somado, dá um país que tem futuro. Pode estar com dificuldades no presente, claro que está, é evidente que está e nós sabemos quais são. O Olavo (Machado, presidente da Fiemg) mencionou aqui uma parte delas. E aqui, como é o Dia da Indústria, nós devemos falar do desafio que o Brasil tem no campo econômico. É um desafio grande, não é pequeno. Mas é um desafio, não é um obstáculo intransponível.

O que nós estamos fazendo agora é um ajustamento. O país está fazendo um ajustamento das contas públicas. Esse é um pedaço da história. Eu diria até que é o menos importante. E você faz de um ano para o outro. Você ajusta o orçamento, resolve o problema. O orçamento está sendo discutido. O seu tamanho, as medidas que devem ser tomadas estão sendo analisadas. Temos um Parlamento que funciona. Pode não funcionar do jeito que gostaríamos, mas funciona.

A questão de fundo é outra. O que está acontecendo é que o Brasil tem de ajustar a sua economia a um novo patamar. Terminou a era das commodities valorizadas, aquele boom das commodities do qual nós nos beneficiamos nos últimos 10, 12 anos. E fizemos bem. Foi nesses 10 anos que o Brasil virou o terceiro ou quarto maior mercado de consumo do mundo para tudo. Porque houve um vigoroso processo de distribuição de renda e de acesso das classes menos favorecidas ao mercado de consumo. E isso é ótimo, poderosíssimo para nós. Mas acabou. Agora, todas as economias emergentes estão se ajustando, porque o preço das commodities caiu e não vai voltar aos patamares de antes.

O câmbio mudou de patamar. O real está desvalorizado. Que bom que ele está desvalorizado, porque nós precisamos disso. Quantas vezes nós não nos reunimos com a indústria e nos queixamos de que o dólar excessivamente desvalorizado e o real excessivamente valorizado atrapalhavam o nosso desenvolvimento industrial e, de fato, atrapalhou. Agora ajustou. Não vai ser tão bom para a gente fazer compras no exterior, mas para a indústria recuperar o seu fôlego e ser capaz de exportar, é bom. Mas é um ajustamento doloroso.

Esses ajustamentos econômicos, no fundo, é que de fato são os importantes. Porque os outros nós vamos resolver. A legislação resolve. O Parlamento resolve, a política resolve, o Judiciário resolve. Instituições existem e funcionam no Brasil para resolver essas questões. Mas a questão econômica depende de todos nós. Não depende só do governo. Quem dera fosse só do governo. Depende de todo mundo.

E aí é o esforço das empresas, dos trabalhadores, da sociedade civil, dos governantes, dos parlamentares, dos juízes, dos promotores, tudo somado, que vai dar a transformação que queremos.

Eu acho que, para além das questões de ponta que estão aí, temos de cuidar vigorosamente desse dever de casa. Dessa tarefa, eu diria, de preparar nossa estrutura econômica, nossa capacidade de trabalho para esse enorme desafio que está posto para todos os países do mundo.

Porque a economia mudou. Não é somente a questão dos preços relativos das commodities. O arranjo das cadeias da geração de valor mudou muito. Hoje, por exemplo, é comum e desejado que os países se preparem para importar muito e exportar muito. As economias tendem a ser abertas. E, quanto mais abertas, melhor para elas na exportação. Normalmente, as cadeias de valor são para você fazer insumos, modificá-los, agregar valor, tecnologia e exportar de novo. É isso que está fazendo o sucesso das economias emergentes que estão a nossa frente, com destaque às economias asiáticas.

Então, qual é o nosso desafio? Vou falar de Minas Gerais. O nosso desafio é começar a resolver as questões que já podiam ter sido resolvidas e estariam nos ajudando agora a superar esse momento, a vencer esse patamar. Nós acabamos de assistir aqui a uma delas. Assinamos aqui um acordo, um protocolo, com a Federação das Indústrias e com o Sebrae para fazer um diagnóstico e começar um programa de modernização dos Distritos Industriais.

Minas Grais tem 53 Distritos Industriais. Se você perguntar nesse momento para a Codemig qual é a situação desses distritos, eles não saberão dizer. Ninguém fez esse levantamento, ninguém se preocupou em organizar isso. Quantas empresas existem lá, quais são as necessidades delas, que tipo de mão de obra está sendo usada, se tem oferta de mão de obra qualificada em quantidade e qualidade necessária. Nada disso está feito.

Como não estava feito, por exemplo, e ainda não está, nós estamos fazendo o diagnóstico das águas. Por isso a crise hídrica virou essa coisa terrível. Nós não sabemos quantos poços artesianos existem em Minas Gerais. Ninguém sabe, ninguém fez esse levantamento. Ninguém sabe o número de outorgas. Outorgas são pedaços de papel. O poço furado produzindo água ninguém sabe.

Nós temos aí um desafio enorme, e o Olavo falou: 2.600 processos de licenciamentos ambientais parados desde fevereiro do ano passado. Agora. retomamos o processo, acabamos com a greve na Secretaria de Meio Ambiente e vamos reorganizar para que a gente cumpra a legislação. Se nós não fizermos um acordo com o Ministério Público para contratar terceirizados para fazerem pareceres, nós não vamos destravar esses processos, que são milhões de reais em investimentos que estão parados.

Agora, ficar jogando pedra no passado não resolve. A gente gasta muita energia jogando pedra no passado. Gasta muita energia fazendo soar instrumentos de cozinha. Eu prefiro usar essa energia para construir para frente. É isso que nós temos que fazer e nós estamos fazendo.

Nós criamos a força-tarefa do Meio Ambiente, para a Água, criamos agora para o sistema prisional, que é outra crise gravíssima. Sessenta e tantos mil presos e quarenta e duas mil vagas. Mas esses presos não caíram do céu, eles não brotaram do chão. Eles foram se acumulando ao longo de anos, mandatos e mandatos sucessivos. Agora explodiu. Agora vamos resolver. Não vamos ficar olhando para trás. Vamos olhar para frente.

Vamos fazer um diagnóstico, registrar o momento que nós estamos. Transparência é isso. E aí tocar para a frente, resolver os problemas, sem olhar para trás. Por que se tiver algum problema judicial, a Justiça cuida deles. Nós não podemos cuidar disso. Nós temos que administrar o Estado. E estamos administrando o Estado.

Na semana passada, colocamos em funcionamento uma comissão de revisão e simplificação do sistema tributário, a exemplo do que fiz como prefeito. Já está funcionando e o meu objetivo é melhorar a legislação do ICMS. Com qual finalidade? Reduzir o impacto tributário. O Estado pode abrir mão de receita? Provavelmente não, mas pode simplificar muito, melhorar muito o tratamento do contribuinte.

Terça-feira nós colocamos o aviso de PMI para toda a rede rodoviária de Minas Gerais. São 28 mil quilômetros de rodovias. Colocamos para o mercado examinar e ofertar o que pode ser feito. Se é possível fazer concessão, se vamos fazer concessão pedagiada, se vamos fazer concessão administrada. Enfim, que tipo de procedimento nós vamos ter para resolver o problema logístico do Estado, que é muito grave. Nós poderíamos ficar sentados reclamando, mas já colocamos o edital na rua e vamos aguardar as manifestações de interesse e vamos produzir resultados.

Fizemos um acordo com os professores. Resolvemos um problema grave, que não é só do professor, é do ensino. O professor mal remunerado não vai dar aula bem. Temos que apagar essas questões.

Vamos criar agora os Fóruns Regionais, muito inspirado na estrutura da Fiemg, que é talvez a mais regionalizada do Estado das entidades de classe. Nós vamos criar os Fóruns Regionais. É você estar na região escutando as prioridades, definindo junto com a região as prioridades e trazendo para o centro do governo para executá-las de acordo com o interesse e o pedido das pessoas.

E esse programa de revitalização talvez seja o melhor exemplo disso, de como a gente pode ser parceiro e resolver os problemas que já poderiam ter sido resolvidos.

Vamos caminhar para frente, vamos construir o Brasil que nós queremos, a Minas que nós queremos e merecemos. Para isso nós estamos aqui. Para isso eu conto com a Fiemg, conto com todos os senhores e as senhoras. Não faltará trabalho e nem empenho para sair da situação que estamos e construir um futuro que nós e nossos filhos e netos merecemos.

Muito obrigado a todos!

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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