Minas por Região

Pronunciamento

13h19min - 26 de Outubro de 2012 Atualizado em 11h27m

Pronunciamento do procurador geral de Justiça, Alceu José Torres Marques, durante entrega da Medalha Santos Dumont

26 de outubro de 2012 – Fazenda Cabangu – Minas Gerais

Senhoras e senhores, muito bom dia!

Senhor Governador do Estado de Minas Gerais, Antonio Augusto Anastasia, permita-nos, desde já, registrar nossos sinceros agradecimentos pela honraria que nos é concedida neste importante momento cívico, confiando-nos a palavra para traduzir, ou pelo menos tentar traduzir, a emoção que a todos nos envolve, quando aqui Minas se reúne para render nossas homenagens a tantas personalidades da vida de nosso País, fazendo-o através da avocação da memória do imortal Santos Dumont, um gênio do século XX, nascido neste bucólico cenário da Fazenda Cabangu, cuja inventividade transcendeu seu tempo e conquistou o respeito e a admiração de todo o mundo, ele que se transformou no pai da aviação, ao fazer voar, pela primeira vez, um objeto mais pesado que o ar pela força de seus motores: o seu lendário 14 Bis, influenciando então, definitivamente, nos rumos da história da humanidade.

É fácil inferir que a formação do homem moderno, tal como conhecemos, que não se intimida diante dos obstáculos do tempo e do espaço, somente foi possível pela contribuição visionário de Santos Dumont. É impossível conceber a globalização ou a integração nacional sem o transporte aeronáutico, iniciado e desenvolvido por este mineiro no início do século passado. Poucos se lembram, mas o relógio de pulso, que faz parte do feérico cotidiano dos homens, somente se popularizou quando o mineiro de Palmira concebeu um relógio com pulseira de couro, atada a uma das mãos, para lhe dar melhor agilidade no manuseio dos balões.

E nesses tempos de enaltecimentos dos inventores de equipamentos cibernéticos, é dever de cada um de nós, principalmente e, sobretudo, nós mineiros, enaltecermos a conquista deste homem que, com as mais intransponíveis dificuldades da técnica industrial de seu tempo, impactou nossa cultura de tal modo que tornou-se par inconteste de um Graham Bell, de um Edson e de Henry Ford, no panteão dos gênios e da inventividade.

Mas precisamos ir além. Santos Dumont não é figura isolada como se, entre incultos e indolentes, emergisse de Minas um gênio da raça, uma excepcionalidade que confirmasse uma envergonhada regra geral. Não!!! Santos Dumont é fruto de Minas, esse enigma maior de todos quantos tentam estudar a alma do brasileiro, sua cultura e pensamento mais profundos.

Se Minas são muitas, muitas também são as concepções de Minas, mas talvez a que melhor identifique este especial momento é a feliz comparação de Tristão de Athaíde: “Vejo, como tantos outros, em Minas Gerais, a Suíça brasileira. Não apenas em sua paisagem, em sua constituição corográfica, ou em sua vida econômica, mas ainda em sua psicologia, em sua cultura e em sua missão social. Uma Suíça, aliás, esvaziada do seu calvinismo genebrino. (...) O amor da liberdade, que faz da Suíça, apesar de sua fraqueza, um baluarte tão importante no jogo das forças políticas em cena, é também o que poderá fazer, um dia, Minas Gerais o baluarte da nova democracia brasileira (...).”

Não é, contudo, a profecia política, que se iniciou com Tancredo, e ainda está por se completar, que nos encanta. Ou o paralelo geográfico, que lembra Nelson de Sena, que afirma que a natureza fez da terra mineira, pela sua situação física, o verdadeiro “coração do Brasil”, o núcleo poderoso onde se conserva com mais vigor o sentimento da nacionalidade.

É a equiparação ao país helvético, no que ele tem de inventivo, criativo, minucioso e engenhoso. É a lembrança de que, ao lado da tradição rústica do campo, existe a técnica, a invenção, o desenho e a arte do mineiro, como que a agregar, ao mais bruto material, o traço firme e marcante da inteligência de um povo.

Não é, pois, pela graça da natureza que Minas ostenta invejáveis índices de crescimento, muito superiores à média nacional. Não é por obra do acaso que o nosso nível de desemprego é um dos menores do país. Não é porque Deus nos deu o berço esplêndido da província mineral mais diversificada da orbe, que nossa economia se desenvolve. É pela genialidade de um sem-número de mineiros, Santos Dumonts anônimos da prudência, do trabalho duro e da criatividade, que Minas Gerais, com orgulho, desfralda a bandeira do crescimento sustentável, com justiça social e bem-estar para todos.

Senhoras e senhores,

Já é tempo de nossa geração abandonar o discurso vazio do sonho de construiu um País livre, justo, de possibilidades e capaz de abrigar e proteger seus filhos – sonho que, na maioria das vezes, se apresenta como nuvem que se dissipa ou se dispersa com a menor das intempéries.

É preciso lembrar, com orgulho e otimismo, que nosso País convive hoje com o maior período de estabilidade democrática de sua história. Melhor ainda, vimos atravessando momento de grande produção e aquisição de riquezas. Nossa sociedade e nossos poderes constituídos, uníssonos, se insurgem em face dos desmandos e desvios que, ao longo dos anos, esvaziaram os cofres públicos.

O Brasil, país do futuro, sabe que o futuro chegou. O momento é agora. Mas sabemos também que a tarefa que se nos apresenta como desafio não é obra daquelas que se pode concluir de forma solitária. É de todos nós. Sabemos que precisamos estar alinhados – sociedade de poder público – para desempenhar esta árdua tarefa. Precisamos de todos: líderes e cidadãos.

Constatamos, para nosso júbilo, que não é à toa que, na linguagem dos símbolos, como convém à mineiridade, o Governo do Estado sutilmente prestigia e homenageia as instituições constitucionais, como que concitando todos os poderes a se irmanarem pelo cumprimento do destino manifesto de Minas Gerais – de ser o representante, no concerto nacional, do equilíbrio moral e principal do equilíbrio político, como mais perfeito amálgama das almas do Sul e do Norte do país, revelador de uma brasilidade que preza as tradições, mas, tal qual Santos Dumont, também ama o novo e renega o atraso, quer o progresso disseminado em benefício do homem, mas repele a técnica fria, que apenas produz infelicidade ou tragédias.

Especificamente quanto ao MPMG, embora jovem entre as centenárias instituições políticas do Brasil e de Minas, reconhecemos e acatamos plenamente o papel nessa dinâmica social que clama por desenvolvimento, por crescimento econômico, mas que exige também a preservação de nossos tesouros naturais e culturais; que precisa, para florescer, de trabalho árduo, de criatividade, de técnica e apuro, mas também precisa de ordem, de segurança, de regras claras de convivência, de princípios éticos e de gestão proba e eficiente, tanto do Estado quanto dos empreendimentos privados.

É nesse contexto, pautado pela ética e pela perseverança, que o Ministério Público, dentro do seu perfil delineado pelo Constituinte de 1988, em harmonia com as demais instituições republicanas, abraça a tarefa de ser, tal como Minas, um penhor de equilíbrio entre as forças econômicas e sociais, bem como um garantidor da ordem, para que o progresso, tal como estampado no dístico de nossa flâmula, se tornasse uma verdade inconteste. Tudo, dentro de uma visão de mundo que se espelha na própria concepção mineira de vida, na qual imperam a frugalidade e a sobriedade, onde os valores morais têm primazia sobre os interesses materiais e onde a personalidade humana tem importância central na vida coletiva.

Por isso, meus caros, senhoras e senhores, nossa geração que aprendeu a conhecer o Brasil como um país do futuro, da esperança e das oportunidades, deve atentar para o fato de que o futuro chegou. A hora é agora. É possível transformar em realidade o que outros sonharam ao longo dos anos.

Voltemos então nossos olhos, portanto, para Alberto Santos Dumont, que provou para o mundo que, com os artifícios da mineiridade mais autêntica, é possível superar nossos antepassados e criar um surpreendente mundo novo, não apenas na técnica, mas também e, principalmente, na ética das relações humanas.

Muito obrigado por sua valiosa atenção.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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