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15h50min - 04 de Julho de 2013 Atualizado em 15h50min

ÁUDIO: Crescem a escolaridade e a participação das mulheres no mercado de trabalho em Minas

Entretanto, segundo a Pesquisa por Amostra de Domicílios (PAD-MG), discrepâncias entre os gêneros ainda são marcantes

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A dinâmica do mercado de trabalho não é a mesma para homens e mulheres. O sexo feminino apresenta mais desvantagens na forma de inserção no mercado, na segregação ocupacional e nos rendimentos médios. No entanto, o grau de escolaridade delas, que passam em média 7,1 anos na escola, é maior do que o deles (6,7 anos de estudo).  Estas são algumas das constatações do Boletim PAD-MG 2011 - Mercado de trabalho e gênero, preparado a partir dos dados da edição de 2011 da Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD-MG), lançado nesta quinta-feira (04), pelo Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP).

Apesar do crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho em Minas Gerais, os dados da PAD-MG de 2011 indicam que a taxa de atividade feminina ainda está abaixo da masculina. Enquanto 64,6% dos homens acima de dez anos de idade estavam inseridos no mercado de trabalho, o percentual de mulheres era de 39,9%. A taxa de atividade é a razão entre a população economicamente Ativa (PEA) e a população em Idade Ativa (PIA).

“As diferenças entre os sexos nas atividades produtivas podem ser explicadas por questões, principalmente, culturais, relacionadas à responsabilidade das mulheres no cuidado com a casa e os filhos”, explicou a pesquisadora do Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro, Juliana Riani. 

A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e o Alto Paranaíba apresentavam as maiores taxas de participação feminina, 44,5% e 43,1% respectivamente. Os menores índices foram registrados nas regiões do Jequitinhonha/Mucuri (29,7%), Rio Doce (31,1%) e Norte (34,3%). A taxa de atividade masculina foi maior no Triângulo (69,4%) e no Alto Paranaíba (68,7%) e menor também no Jequitinhonha/Mucuri (57,4%) e Rio Doce (57,3%).

Anos de estudo

A escolaridade é uma condição importante para a obtenção de empregos e, principalmente, para a conquista de vagas com melhores salários. No entanto, seu impacto é diferenciado entre os sexos. O grau de escolaridade das mulheres, em 2011, era maior que o dos homens, 7,1 contra 6,7 anos de estudo, mas a taxa de atividade feminina continuou menor em todos os níveis de instrução. 

Segundo Riani, a diferença entre homens e mulheres é maior nos níveis mais baixos de instrução. “Apenas 12,5% das mulheres sem instrução estavam trabalhando, enquanto para os homens a taxa foi de 44,3%. Ao todo, 75% das mulheres com curso superior completo estavam no mercado de trabalho. No caso dos homens, esse percentual era de 84%”, exemplificou.

Ocupação e gênero

De acordo com a pesquisa de 2011, em Minas Gerais, do total da População Economicamente Ativa masculina, a taxa de desocupação era de 3,5%. No caso das mulheres, a taxa de desocupação era de 6,1%.

A distribuição por sexo em cada grupo de ocupação mostra que os homens eram maioria em praticamente todas as categorias. A participação masculina era mais significativa no grupo dos empregadores (72,1%), que trabalham no próprio empreendimento, com pelo menos um empregado, e no grupo trabalhador por conta própria (70,4%), que explora o próprio empreendimento, sozinho ou com sócio, sem ter empregado. Já para as mulheres, a participação foi maior nas categorias do emprego doméstico, com 96,8%, e do serviço público ou estatutário, com 62,3%.

Para Karina Marinho, pesquisadora do CEI/FJP, a escolaridade protege os trabalhadores contra as situações precárias de emprego, mas a proteção ainda é menor para as mulheres. “Apesar de possuírem melhor nível educacional, elas tinham rendimento menor que o dos homens: em média, as trabalhadoras recebiam 27% a menos. Essa diferença em favor dos homens foi observada em todas as categorias ocupacionais, exceto no grupo do emprego doméstico. As mulheres sem instrução recebiam, em média, 32,2% a menos que os homens em situação idêntica. Já as trabalhadoras com curso superior completo ganhavam 39,5% a menos que os homens desse mesmo grupo”, explicou.

Trabalho Informal

A pesquisa também apontou que, em 2011, 40,6% dos trabalhadores pesquisados ocupavam o mercado informal. Entre homens, este percentual era de 40,3% e entre mulheres, 41,1%. “A informalidade está relacionada aos custos do processo de formalização das vinculações de trabalho e aos mecanismos de inserção de jovens e idosos nas atividades produtivas, que englobam tanto a capacitação profissional, quanto a dificuldade de entrar no mercado, dependendo da faixa etária”, afirmou Marinho.

Os índices de trabalho informal são superiores nas regiões Norte (63,7% dos homens e 67,5% das mulheres) e Jequitinhonha/Mucuri (66,7% dos trabalhadores contra 65,9% das trabalhadoras). A RMBH apresentou as menores proporções de trabalhadores informais do Estado, com 28,3% entre os homens e 31,4% entre as mulheres. “Os índices comprovam que a informalidade é superior nas regiões de planejamento com menor dinamismo econômico”, completou Marinho.

Empregadas domésticas

Dada a relevância do trabalho doméstico e de suas especificidades foi realizada análise apenas para o sexo feminino, uma vez que as mulheres representavam 96,8% desses trabalhadores, enquanto os homens 3,2%. Em 2011, 7% da população feminina ocupada era doméstica, a maioria dessas trabalhadoras tinha entre 40 e 59 anos (49,3%), possuía ensino fundamental incompleto (62,2%) e era parda (55,8%).  Grande parte das domésticas estava na RMBH, independente do tipo de vínculo (mensalista com carteira, sem carteira, ou diarista). A região abrigava 25,5% da população feminina acima de dez anos do Estado e 28,4% do total das domésticas.

As domésticas mensalistas sem carteira assinada representaram mais da metade das trabalhadoras desta categoria no Norte e Jequitinhonha/Mucuri (58,3% e 55,6% respectivamente), enquanto para o conjunto de Minas Gerais este índice chegava a 29%. De acordo com a pesquisadora do CEI/FJP, Mirela Camargos, a grande proporção de empregadas domésticas sem carteira assinada nas regiões Norte de Minas e Jequitinhonha/Mucuri é relevante. “Este é um número elevado, principalmente, se compararmos com o restante do Estado. A carteira assinada já era um direito das trabalhadoras em 2011. Em 2013, está em implementação a nova lei, que amplia os direitos das empregadas domésticas. Os dados da PAD-MG 2013 poderão ajudar a entender essas mudanças”, observou.

As trabalhadoras domésticas passaram, em média, 20,4 horas semanais desempenhando os afazeres domésticos em suas casas e 34,2 horas no seu local trabalho, totalizando carga total de 54,6 horas de atividades. Segundo Camargos, para as domésticas a jornada representa esforço físico duplo na mesma função. “Aquelas com carteira assinada, por exemplo, gastam 60 horas semanais com os afazeres domésticos, ou seja, um esforço prolongado na mesma tarefa”, afirmou.

Desocupação

Os dados da PAD-MG mostram que quase 400 mil pessoas estavam desocupadas em Minas Gerais no ano de 2011. Desse total, 53,3% eram mulheres e 46,7% homens. Em sua maioria, as mulheres desocupadas tinham entre 18 e 39 anos, estavam situadas no extrato mais pobre da renda domiciliar per capita e eram solteiras. Em relação à localização, a RMBH abrigava 37,9% das mulheres desocupadas e 25,8% de homens sem trabalho.

Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD-MG)

Desenvolvida pelo Governo de Minas, por meio da Fundação João Pinheiro e do Escritório de Prioridades Estratégicas, e com apoio do Banco Mundial e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a pesquisa é realizada a cada dois anos, com o objetivo de conhecer em profundidade as características socioeconômicas, demográficas e culturais da população mineira.

A PAD-MG tem representatividade para as 12 mesorregiões do Estado, para as dez regiões de planejamento e também para as regiões urbanas e rurais de Minas Gerais e do Grande Norte (conjunto das regiões de planejamento Norte, Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce). Na edição de 2011, a amostra foi composta por 18 mil domicílios, distribuídos por 428 municípios.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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