Tamanho: 1,8 MB

O DataViva, nova ferramenta apresentada pelo Governo de Minas nesta quarta-feira (27), permite o aperfeiçoamento e a dinamização do controle de dados públicos, em especial sobre exportação e registros de ocupação de municípios brasileiros. A plataforma foi desenvolvida pelo Escritório de Prioridades Estratégicasem parceria com o professor César Hidalgo, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), e com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

O software livre permite a qualquer cidadão brasileiro visualizar dados públicos relacionados a temas estratégicos de uma maneira inédita no país. Com base nas informações disponibilizadas pelos ministérios do Trabalho e Emprego e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a primeira versão do DataViva oferece mais de 100 milhões de visualizações interativas, com informações específicas dos municípios brasileiros.

“O Data Viva estabelece conexões que, a princípio, não são imediatamente visíveis, por meio de oito aplicativos inteligentes”, frisa a vice-presidente do Escritório, Emília Paiva. “A plataforma traz um volume de informação e nível de detalhamento muito grande. A ferramenta transforma uma quantidade gigantesca de informação em dados facilmente acessíveis pela população”, acrescenta Emília.

De acordo com a gestora, a quantidade de dados é tão grande que é inviável administrá-los em computadores e aplicativos comuns. “O DataViva é uma ferramenta de big data, ou seja, uma plataforma especial desenhada para armazenar e cruzar um volume significativo de informações”, esclarece Emília. Além do fácil acesso, a gestora também destaca a transparência e a possibilidade de fundamentar decisões de planejamento, investimento e de educação profissional como vantagens do DataViva.

As próximas edições da plataforma vão contemplar novas bases de dados relacionados à economia do Estado com a intenção de oferecer mais informações para a tomada de decisões. “Estamos trabalhando para agregar dados de nota fiscal eletrônica, que vai permitir conhecer ainda mais a economia mineira, com dados de comércio interestadual e de serviços”, exemplifica Emília.

Diversificação da economia

O software também permite a análise de informações para o planejamento de novas ações, políticas e estudos, com vistas à diversificação da economia de Minas Gerais. Com base no Product Space, ferramenta de planejamento criada pelos pesquisadores Cesar Hidalgo e Ricardo Hausmann, foi possível mapear a economia mineira e a conexão dos atuais produtos e serviços com aqueles que têm potencial de serem desenvolvidos no futuro.

“Ao invés de atrair uma indústria totalmente diferente, porque não atrair uma próxima daquilo que produzo?”, questiona Emília. “Há um conhecimento tácito e mão de obra especializada que podem facilitar isso. Isso nos permite ter um maior valor agregado e trabalhar com a nova economia”, completa.

Ainda segundo a gestora do Escritório, Minas atravessa um momento que favorece a inovação e o DataViva vem para reforçar esse movimento. “Não é uma ação isolada de transparência, acessibilidade e de transformação da economia. As ações estão conectadas em um movimento de inovação que é muito poderoso e que nunca vivemos. São projetos com potencial transformadores que nos fazem acreditar que podemos criar um polo de inovação e empreendedorismo”, acredita.

Diferenciais

Em entrevista à Agência Minas, um dos protagonistas na criação do DataViva, o pesquisador César Hidalgo, fala sobre o ineditismo desse projeto e os diferenciais desta ação focada na utilização de dados abertos, por meio das novas tecnologias, para melhores estratégias no campo dos investimentos e gestão.

O "DataViva" surge como uma plataforma diferenciada para visualizar dados e informações estratégicas. Por que podemos dizer que é uma ferramenta inovadora?

DataViva é a primeira plataforma para abrir registros oficiais do Governo, através de centenas de milhões de visualizações interativas. Tentativas anteriores de abrir dados do governo se basearam em plataformas mal projetadas e incapazes de fornecer informações de forma digerível. A ferramenta representa uma nova maneira de abrir os registros públicos, por meio de um design interativo, que é intuitivo, visualmente atraente e versátil.

A plataforma é também uma novidade no Brasil?

A plataforma é uma novidade no mundo. Eu ficaria contente em aprender com outro Governo que tenha uma plataforma aberta de dados que se compare em capacidades com o DataViva. Até o momento, ainda não ouvi sobre algum projeto semelhante.

De que forma a experiência no MIT contribuiu para a construção desse instrumento focado na cultura de uso de dados para o desenvolvimento do país?

Em meu grupo no MIT, nos especializamos em desenvolver o que eu gosto de chamar de “Mecanismo de Visualização de Dados” (em tradução livre). DataViva é um exemplo de um Mecanismo de Visualização de Dados parecido, mas muito melhor e maior do que nós produzimos no passado. No laboratório de mídia do MIT, há também a cultura de projetos que envolvem proficiência em ciência, tecnologia, artes e design. Essa multidisciplinaridade tem sido essencial para desenvolver uma ferramenta tão complexa quanto o DataViva, que só pode ser alcançado através da construção de ferramentas da ciência, design, arte e tecnologia

O DataViva é uma plataforma democrática. É justamente esse o diferencial da ferramenta?

O DataViva ajuda a tornar disponíveis dados que são públicos por lei, mas invisíveis pela ausência de tecnologia. Ao abrir esses dados, DataViva está ajudando a aprimorar a transparência, mas, também, o fornecimento de fatos que criam um terreno comum para conversa.

Na sua opinião, o projeto fortalece a transparência e a gestão de informações?

Entre outras coisas. O projeto também lidera, por exemplo, ao mostrar como outros governos no mundo podem abrir dados, em vez de apenas falar sobre isso.