Minas por Região
Governador

12h02min - 04 de Abril de 2014 Atualizado em 13h34min

ÁUDIO: Pronunciamento do governador Alberto Pinto Coelho durante a cerimônia de posse na Assembleia Legislativa

04 de abril de 2014 - Belo Horizonte - Minas Gerais

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Durante cerimônia de posse na Assembleia Legislativa, nesta sexta-feira (04/04), o novo governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, fez pronunciamento destacando o trabalho que pretende realizar à frente do Governo de Minas.

Confira abaixo a íntegra do pronunciamento e ao lado o áudio da fala do governador.

Senhoras e Senhores,

Peço licença para dirigir-me, inicialmente, a este parlamento, sem distinção partidária, assim como às servidoras e aos servidores desta casa, com os quais convivi tão estreitamente ao longo de quatro mandatos parlamentares - no exercício da liderança do governo e, por duas vezes, na honrosa incumbência de presidir o poder legislativo. Tenho certeza que todos podem dimensionar a emoção que me domina neste momento, ao aqui retornar para ser empossado governador do estado de minas gerais.

O inesquecível presidente e estadista Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que dá nome a este augusto plenário, agradeceu a Deus por ter-lhe poupado “o sentimento do medo”. Seguindo, modestamente, seu alto e inexcedível exemplo, devo agradecer a Deus por ter livrado minha alma da vã e ilusória vaidade. Acredito que o exercício do poder político, em qualquer instância, do município ao estado, do estado à união, exige como valor cardeal o cultivo da humildade.

Senhor presidente; senhoras e senhores deputados; caros convidados; povo de minas gerais

Permitam-me evocar, neste momento tão singular da minha vida, o sangue político e parlamentar que corre em minhas veias de cidadão e homem público. Faço aqui uma emocionada homenagem ao meu pai, Alberto Pinto Coelho, com quem aprendi as mais preciosas e definitivas lições sobre decência, honestidade e responsabilidade – valores que me acompanham por toda a vida. Mineiro de Manhuaçu, advogado formado pela UFMG, ele seguiu o mesmo destino de tantos conterrâneos de sua geração, enveredando-se pelas trilhas da velha estrada real de Goiás. 

Quiseram as circunstâncias que sua vocação pública o levasse a presidir a Assembleia Constituinte daquele estado em 1947, tocada pelos ventos da redemocratização do brasil então em curso naquela época. Desde o berço, portanto, tive o privilégio de conviver com um homem que entendia o exercício político como causa e, por isso mesmo, concentrava todas as suas melhores esperanças e energias em benefício do bem comum. Um homem que não tergiversava sobre princípios e jamais sublimava as razões que o levaram à vida pública.

Esta inflexão absolutamente rigorosa, no entanto, nunca limitou um olhar mais amplo sobre a política, que tantas vezes precisa superar diferenças para permitir o avanço. Herdei de sua têmpera o gosto pelo diálogo e a busca pelo entendimento, a serviço do mais alto interesse público. Por isso, senhoras e senhores parlamentares, em que pese o grande desgaste da atividade política neste trecho da história do nosso brasil. Apesar das suspeições, dos desvios de conduta, escândalos em série e da corrupção endêmica que se instalou no país. Apesar de tudo isso, eu acredito na política. Na boa política de Milton Campos, que nos ensinava que sempre haverá um palmo de chão limpo onde podem se encontrar os homens de bem. A própria história nos ensina que a política é instrumento insubstituível da civilização humana. Por isso, neste trecho da nossa história, mais que nunca devemos estar atentos à intolerância e ao viés autoritário que tantas vezes se incrustam a sombra dos radicais e dos inconformados.

Não há outro caminho senão a democracia política para promover a conciliação entre diferenças e conflitos latentes, dialeticamente presentes na sociedade humana. Dda mesma forma que não pode haver vida sem o oxigênio, a democracia só pode respirar e viver com liberdade!

Senhoras; Senhores; Mineiras e Mineiros;

 Sou, por vocação, municipalista e federalista. Ou seja, compreendo e sinto que o mais autêntico exercício político, como serviço público, precisa ter como origem e destino os municípios, onde vive o Brasil de verdade. Por isso, defendo a federação. Uma federação diferente da que hoje existe no Brasil, onde, perpassando diferentes governos, floresce e se agrava uma grave e insidiosa concentração de poderes e recursos.

Este fenômeno é o pano de fundo para as nossas mais graves mazelas e crises, em especial em dois campos fundamentais à vida dos cidadãos – saúde e segurança. Contamos, no último levantamento sobre violência no Brasil, 50 mil mortos e mais de 50 mil estupros. Nossos presídios estão abarrotados e funcionam como autênticas universidades do crime. Falta-nos uma política nacional de segurança pública e uma instância federal coordenadora dos esforços dos entes federados.

Na saúde não é diferente. Assistimos, perplexos, a flagrante precariedade do atendimento aos que mais precisam. Se nos permitirmos um diagnóstico mais ampliado, descobriremos que falta o sentido da federação também nas demais áreas. Não há justificativa razoável para que os preciosos recursos da segurança continuem sistematicamente contingenciados, reservados para formar superávit primário, enquanto a violência explode em todo o país.

Ou que estes recursos permaneçam praticamente intocados, como acontece todos os anos com as verbas da saúde, formando uma verdadeira montanha de restos a pagar, grande parte irrealizada. Tem nos faltado solidariedade política e responsabilidade administrativa, para convergirmos em torno das grandes causas nacionais, acima dos projetos de grupos, partidos ou interesses eleitorais.

A federação que defendo e que haverá de surgir em nosso país precisa estar sempre acima das circunstâncias e da conveniência, assentada na justa repartição de recursos e no natural compartilhamento de poder e decisões. Uuma federação, afinal, republicana e democrática. Desta causa jamais abrirei mão!

Trago nas veias, conforme disse, o sangue parlamentar, na vivência diária do que este termo encerra: o dever de dialogar e de promover, pelo entendimento comum, entre contrários conflitantes, o consenso mínimo necessário à missão de governar a diversidade - dentro da unidade possível.

Esta missão, no estado democrático de direito, não é privativa do poder executivo. Subordina-se à tríplice repartição dos poderes e suas responsabilidades legais – entre legislativo, executivo e judiciário, em suas múltiplas instâncias. Junto a esses poderes públicos, se inscreve o quarto poder representado pela imprensa livre,  porta-voz da sociedade democrática, cujos representantes saúdo nesta hora.

Senhor presidente; nobres colegas deputados, como sempre haverei de chamar-lhes; senhoras; senhores;

 Gostaria de lembrar-lhes que celebramos, este ano, os 25 anos da constituição mineira. Ela nasceu não somente da profícua atividade dos constituintes, mas também de uma mobilização e uma participação extraordinárias da nossa sociedade civil.

Este momento ímpar da nossa história encheu as salas e comissões, ocupou este plenário, percorreu todos os corredores desta casa, trazendo aspirações, proposições e sonhos. Foi, em tudo, um momento singular, quando consagramos os princípios de uma sociedade republicana, democrática e cidadã, regida, em plano ampliado, pela carta magna brasileira de 1988.

Ao assumir o comando do Palácio Tiradentes, busco inspiração naquele momento de forte interlocução com os mineiros, como base para o  pleno exercício de governança. Quero governar exatamente assim. Mantendo abertas as portas do poder executivo. Ouvindo. Debatendo. Criando amplos espaços para a formação de novas e necessárias convergências que representem avanços e superação de problemas e desafios.

Assumo, pois, minhas novas responsabilidades, sem temer um só instante este novo momento que vivemos no país e em minas, no que diz respeito à fundamental  ampliação da participação cidadã nos assuntos de estado. Vejo com grande otimismo os novos mecanismos de mobilização social e política, como a internet e as redes sociais. Atribuo a elas grande relevância, ao desafiarem as instituições a se renovarem.

Como governador de Minas, estarei especialmente atento e em sintonia com esse novo tempo, compreendendo-o como evolução do processo histórico, que não comporta retrocesso de qualquer ordem. Assim, portanto, nunca esperem deste governador decisões arbitrárias ou submersas em obscurantismo. Nunca esperem deste governador subserviência ou  conivência com o erro, o malfeito, a corrupção.

Em um governo inovador e exemplar como o nosso, não haverá nenhum espaço para o improviso, a leniência,  ou para o insidioso aparelhamento que tanto mal faz ao país. Nunca esperem deste governador a mão pesada do autoritarismo e da intolerância. Ao mesmo tempo, jamais abdicaremos do império da lei e da ordem pública, pilares fundamentais do estado de direito e dos direitos inalienáveis dos cidadãos.

Mineiras e mineiros; senhoras e senhores;

Com estes sentimentos – e com a elevada honra de ser o primeiro deputado estadual, na condição de ex-presidente desta casa, a ocupar o mandato efetivo de governador de Minas Gerais – assumo minhas responsabilidades constitucionais imantadas ao juramento feito neste dia perante o poder legislativo de nosso estado.

Assumo a função de governador com a clara consciência de que herdo e devo levar avante um grande legado – o da modernização da gestão pública em nosso estado, referência em todo o país e reconhecida por organismos internacionais pela qualidade de gestão e como exemplo a ser seguido e aprimorado. Este legado foi construído ao longo dos últimos 11 anos, nos mandatos governamentais do hoje senador Aécio Neves e do governador Antonio Augusto Anastasia.

Ao pronunciar aqui os nomes desses dois homens públicos notáveis, que serão inspiração para meu breve período de governo, quero ressaltar que honra a vida pública de minas e do brasil contar com quadros de tal valor para servir ao estado e ao país em nobres e relevantes missões. Agradeço a eles pela irrestrita confiança em mim depositada.

Não poderia deixar de registrar o apoio incomparável que recebi da minha família, minha esposa Célia, meus filhos Alberto, Alexandre, Daniel e Paula, que me sustentaram ao longo desta longa jornada por mim até aqui cumprida.

Ao deputado Dinis Pinheiro, amigo leal e meu sucessor na presidência desta casa – que soube erguer ainda mais alto a bandeira de valorização do poder legislativo – quero garantir que praticarei, como busquei praticar na Vice-Governadoria, nas missões a mim delegadas pelo governador Anastasia, as lições aqui aprendidas.

Aqui, nesta verdadeira escola política que é a Assembleia de Minas, aprendi principalmente a alquimia de tornar o impossível, factível; e o inatingível, conquistável. A esta instituição, pois, renovo, o meu respeito e a minha gratidão. Meu agradecimento ao parlamento de minas gerais significa agradecer, em primeiro lugar, ao povo mineiro, que esta casa encarna e representa, sendo de fato, esta assembleia, poder e voz do cidadão!

Que possamos, nesses próximos meses à frente, cumprir juntos o nosso dever. E estar à altura das esperanças e dos sonhos de cada um dos mineiros.  Muito obrigado!

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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