BELO HORIZONTE (17/04/08) - Para comemorar a semana da cultura indígena, a Escola Estadual Professor Leon Renault, na Gameleira, recebeu, nesta quarta-feira (16), o índio Paulino Tereno para dar uma palestra para os alunos de 1ª à 8ª séries. Paulino, também conhecido por Tucumurã, faz parte de uma das maiores nações indígenas do Brasil, a Terena, e veio da aldeia Moreira, próxima ao município de Miranda, no Mato Grosso do Sul. Na escola, Paulino conversou sobre a cultura de seu povo, sobre como os índios educam seus filhos e como lidam com temas polêmicos, como sexo e drogas.

O enorme cocar de penas na cabeça e a cara pintada de vermelho e preto não passaram despercebidos. Os alunos logo se deram conta que estavam diante um índio de verdade e, curiosos, se aproximaram, observaram, pediram para ver de perto o seu colar de sementes. O índio Paulino, brincalhão, deu atenção a todos. Quando a palestra estava prestes a começar, a diretora se esforçava para fazer todas as quase 200 crianças sentarem no pátio e fazerem silêncio. Paulino então pegou o microfone e mostrou que também é bravo quando precisa ser. Abriu a palestra dizendo para os alunos que tanto ele quanto as crianças de sua aldeia sabem respeitar uma pessoa mais velha.

Apesar da bronca, as crianças adoraram escutar as histórias do índio. Com desenvoltura, ele falou sobre como os índios respeitam seus pais, como percebeu que assistir televisão em excesso pode ser prejudicial e como os índios valorizam uma boa alimentação. “Os alunos estão adorando a experiência de conversar com um índio. Ele é muito simpático, mas também muito rigoroso”, relata Andréa Juanez, supervisora da escola.

Paulino também contou para as crianças como foi sua infância na aldeia, quando ainda não tinha tido contato com o homem branco. “Meus pais me ensinavam a ser educado, me ensinavam a usar a lança para caçar e arco e flecha para pescar. Brincava o tempo inteiro e às vezes saía para caçar paca, anta e tatu”, conta o índio, explicando que hoje em dia as crianças da aldeia preferem jogar futebol. “O que eu acho mais importante é conversar sobre drogas e sexo. Para isso, eu dou o exemplo de como os índios valorizam a fidelidade e o respeito com o próprio corpo, valores que são passados de pai para filho“, explica Paulino, orgulhoso.