ANDRADAS (18/11/08) - Os agricultores familiares do município de Andradas, no Sul de Minas, desenvolveram uma fonte de renda alternativa que vem melhorando as condições de vida das famílias locais. Reunidas na Cooperativa de Artesanato Tramas da Terra (Coarte), 45 famílias do bairro do Óleo, na zona rural do município, garantem a complementação da renda familiar com a produção e venda de artesanato produzido a partir de fibra de taboa, abundante na região.

A oportunidade para os agricultores surgiu há oito anos, quando a Comissão Municipal de Emprego e Renda de Andradas ofereceu cursos de qualificação para os produtores na área de artesanato. Começou então a produção de cestaria, mesas, cadeiras, bolsas e chapéus, entre outras peças. Dessa forma, eles poderiam aproveitar os períodos ociosos do ano para obter mais uma fonte de renda. Até então, ao fim da época de cultivo de tradicionais produtos agropecuários da região, como o café, a batata, a batata doce e a banana, os agricultores ficavam sem ocupação.

A chance de incrementar a comercialização para os artesãos surgiu quando uma turista que estava em Andradas visitou uma feira de artesanato local e se encantou pelo trabalho dos moradores. Ela era representante de uma empresa francesa de cosméticos e encomendou 50 peças, que foram parar nas vitrines de diversas lojas da marca, em shoppings elegantes do país.

A parceria alavancou a confecção das peças e foi consolidada com a orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). A equipe de extensionistas em Andradas ficou responsável por manter a qualidade da produção e garantir pontualidade nas entregas, além de buscar outros parceiros que pudessem viabilizar o projeto.

Segundo a engenheira agrônoma e extensionista da Emater-MG, Maria Neusa de Carvalho, "no início tudo foi difícil para todos. Nós conseguimos uma transportadora para levar a carga de graça até São Paulo, porque não havia dinheiro em caixa nem para o transporte."

Todo o esforço valeu a pena. Em 2004, o grupo foi selecionado para receber incentivo do Programa Petrobras Fome Zero e passou a receber apoio financeiro para ampliação e legalização do negócio. Em 2005, foi criada a Coarte e no ano seguinte o grupo abriu uma loja na sede municipal para a comercialização do artesanato. Com o crescimento, os artesãos agora têm mais autonomia e podem produzir de acordo com a criatividade, indo além dos modelos padronizados. A proposta é sempre diversificar, disponibilizando além do artesanato em fibras de taboa, itens em fibras de bananeira, utensílios de cerâmica e móveis. O artesanato ainda é vendido em diversos shopping centers de Belo Horizonte e do país.