TIRADENTES (01/08/08) - Avaliar as principais dificuldades do turismo regional e trabalhar para identificar e solucionar os problemas de forma integrada. Essa é a tarefa de 46 profissionais ligados ao setor turístico que se reuniram em Tiradentes, nesta quinta (31) e sexta- Feira (1), para o Seminário Técnico de apresentação do Estudo de Competitividade dos Destinos Nacionais Indutores do Turismo.

Os destinos indutores são municípios pólos, identificados pelo Ministério do Turismo por meio dos planos de marketing nacional (Cores do Brasil) e internacional (Aquarela) que, desenvolvendo o turismo, induzirão também o desenvolvimento da região em que estão inseridos. "O turista não viaja para conhecer somente um destino. É preciso trabalhar e enxergar o potencial do entorno, diversificando a oferta e possibilitando o aumento da permanência do visitante. Isso é o papel de um destino indutor", explicou a secretária de Estado de Turismo, Érica Drumond, que participa do seminário.

Perfil de Tiradentes

O município de Tiradentes, localizado no Circuito Turístico Trilha dos Inconfidentes, possui ações voltadas para as 13 dimensões avaliadas pelo estudo (acesso, infra-estrutura, capacidade empresarial, monitoramento, marketing, serviços e equipamentos turísticos, cooperação regional, atrativos turísticos, políticas públicas, economia local, aspectos culturais, ambientais e sociais). Mas há muito que fazer.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, responsável pela aplicação do estudo, é preciso entender que o levantamento demonstra a realidade do destino, sua capacidade de geração de negócios e desenvolvimento turístico sustentável, de maneira a proporcionar experiências positivas para o turista. "Cada variável precisa ser entendida de acordo com o perfil do município. Apontar que determinada dimensão possui nível 4 e está na média nacional não quer dizer que o destino é mais ou menos competitivo, porque cada item deve estar adequado aos propósitos da atividade turística da região", explica Flavia Frota, consultora da FGV.

Analisando, por exemplo, a dimensão cooperação regional, uma das variáveis é a presença de grupos nacionais e internacionais de prestação de serviços turísticos. Tiradentes não possui nenhuma rede hoteleira que sem encaixe nesse perfil e nem empresas do segmento que tenham mais de 1000 funcionários. "Isso não necessariamente precisa mudar. Pousadas e hotéis menores, mais aconchegantes, com serviços qualificados e diferenciados, podem ser a opção mais adequada de acordo o perfil do município", disse a consultora Flávia.

Entre os principais desafios estão os serviços e equipamentos turísticos. A cidade ainda não possui um Centro de Atendimento ao Turista, com atendentes bilíngües, apesar de haver previsão de instalação até 2009 na rodoviária de Tiradentes. Há também outros aspectos, como construção de espaço para eventos, capacidade dos meios de hospedagem do turismo receptivo e dos restaurantes, em que a cidade precisa melhorar. "Falta formalização de muitos empreendimentos, além de exigência e incentivo à capacitação profissional", aponta Maria do Carmo Vilhena, vice-presidente da Associação de Hotéis de Tiradentes, que possui 38 hotéis e pousadas associadas.

O estudo identificou ainda necessidade de investimentos em ações de marketing, como produção de material promocional dos atrativos municipais e participação do destino em feiras e eventos. Atualmente, o município participa de maneira indireta, por meio do Circuito Turístico Trilha dos Inconfidentes, da Setur-MG e do Ministério do Turismo, mas não possui ações contínuas em relação aos principais congressos, workshops, rodadas de negócios e eventos nacionais e internacionais.

Mobilização

Os dados do turismo no município servirão para direcionamento dos esforços conjuntos e desenvolvimento de projetos. "Esse check-up da atividade turística na cidade é um presente para nós, empresários, e também para o poder público. Estamos mobilizados para transformar o turismo de Tiradentes juntos", explicou a vice-presidente da Associação de Hotéis de Tiradentes.

A expectativa é que as ações desencadeadas pelo estudo aumentem o fluxo de visitantes e a permanência do turista. "A Maria Fumaça circula as sextas, sábados e domingos, levando 320 passageiros em cada uma das quatro viagens diárias. Se aumentar o número de visitantes, podemos também aumentar a circulação do trem turístico", disse Bruno Abner Lagoa, técnico de operação ferroviária da Ferrovia Centro Atlântica, que opera a Maria Fumaça.

"Estamos todos envolvidos, com grande expectativa. Vamos procurar o poder público e melhorar o turismo na cidade juntos", reforçou o charreteiro Reginaldo Francisco de Paiva, que representou a Associação dos Charreteiros de Tiradentes no seminário. Criada oficialmente há apenas um ano, a entidade atua há 15 anos e conta hoje com 30 associados. "Atendemos de oito a dez famílias por dia para fazer o city tour em Tiradentes. Nossa expectativa é grande", ressaltou Reginaldo.

Dinâmica do trabalho

Nesta sexta-feira (1º), os envolvidos no seminário se dividiram em grupos para analisar as identidades e prioridades relacionadas aos resultados do Estudo. Serão atribuídos conceitos de gravidade, urgência e tendência, para que possa ser criado um ranking das variáveis mais importantes e elaboradas propostas, visando estimular a evolução do nível de competitividade local, que serão levadas para o Ministério do Turismo. A idéia é que seja eleito entre os participantes um comitê gestor. "O objetivo do MTur é que os municípios se apoderem do Estudo", ressaltou Sáskia Lima, coordenadora de Regionalização do Turismo do Ministério do Turismo.

O Estudo de Competitividade é uma realização do Ministério do Turismo, Fundação Getúlio Vargas e Sebrae e tem como objetivo dotar os 65 destinos nacionais contemplados com padrão de qualidade internacional até 2010. Em Minas, cinco destinos foram identificados: Belo Horizonte, Tiradentes, São João del-Rei (referência no segmento turístico de estudos e intercâmbio), Diamantina e Ouro Preto.