Minas por Região
Agricultura

15h16min - 28 de Setembro de 2011 Atualizado em 17h58min - 30 de Junho de 2013

Cachaça da Zona da Mata ganha destaque com apenas dois anos de comercialização

São João Nepomuceno (28/09/11) - Há apenas dois anos no mercado, a cachaça Taruana, produzida na Zona da Mata, alcançou resultados expressivos e está classificada como a sétima melhor do Estado. Com o apoio do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o produtor Fernando de Castro Furtado conquistou o certificado 001 do IMA/Inmetro e recebeu uma homenagem pelo trabalho desenvolvido das mãos do vice-governador, Alberto Pinto Coelho. Em Minas, apenas outros quatro produtores receberam a homenagem.

A cachaça é produzida desde 2007, na Fazenda São Luiz, que tem 125 hectares e está localizada em Taruaçu, distrito de São João Nepomuceno. Mas só passou a ser comercializada quando o processo de legalização junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foi concluído, em 2009.

Nesse meio tempo, em 2008, Fernando passou a participar do projeto Certifica Minas Cachaça, do IMA, que tem por objetivo atestar a qualidade do produto mineiro. O fiscal agropecuário e chefe do Escritório Seccional do IMA  em Matias Barbosa, Jeferson Paes dos Santos, acompanha os trabalhos na Fazenda São Luiz desde então. “Ele é muito positivo, incorpora as tecnologias”, conta.

Em 2009, após adotar as metodologias indicadas pelo IMA, a Taruana foi certificada pela primeira vez. A avaliação de todo o processo de produção da cachaça, que permite apenas 30% de não conformidade, atestou sua qualidade.

A partir daí, Fernando buscou o aperfeiçoamento para alcançar 100% de conformidade, porcentagem necessária para a certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). “Foi feita uma auditoria. Eles levaram uma amostra da cachaça para um laboratório credenciado pelo Inmetro e certificado pela Norma ISO 17025. Como estava tudo 100%, recebi a certificação em 2010 e o direito de usar o selo na cachaça”, explica o produtor.

A auditoria realiza um diagnóstico desde a produção de cana até o engarrafamento final do produto, incluindo análise da água, controle de insetos e roedores. Verifica, ainda, se todos os funcionários são registrados, treinados e se utilizam equipamentos de segurança, entre outros itens. Após a aprovação do Inmetro, a utilização do selo fica garantida pelo período de um ano, quando uma nova auditoria vai indicar se o produto continua com 100% de conformidade.

Economia com qualidade

A Taruana é destilada em alambique de cobre e curtida em tonel de castanheira. Para produzir 300 litros de cachaça por dia, Fernando Furtado conta com o apoio de oito funcionários. Visando minimizar os custos, o produtor mantém carros de boi para carregar a cana e aproveita todo o resíduo gerado com a produção.

O vinhoto, uma pasta que sobra após a destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar, é utilizado como fertilizante para o solo. Já a “cabeça” e a “cauda” (o início e o final da destilação) são reaproveitadas como álcool combustível para uso próprio. “A comercialização deste álcool combustível é proibida, mas utilizo o produto em veículo próprio que roda as cidades para vender a Taruana”, relata Fernando.

Hoje, os principais clientes são bares, restaurantes e supermercados da região. No início de setembro, a Taruana foi exposta na ExpoCachaça 2011 Dose Dupla, em São Paulo. Fernando foi convidado e ganhou da organização um stand para o produto. “Percebemos o quanto a cachaça de Minas tem prestígio. Todas as garrafas foram vendidas e já realizei alguns negócios”, comenta.

Ele faz questão de destacar o papel dos funcionários para esse reconhecimento. “Todos vestiram a camisa da Taruana. Trabalham com carinho e fazem o serviço como precisa ser feito”, afirma. Sobre as orientações recebidas, ele completa: “O IMA ajudou muito, foi o que impulsionou nosso trabalho e a busca pelas certificações”.

Certificação

Toda cachaça artesanal de alambique produzida no Estado e registrada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento pode obter a certificação do IMA. Desde 2008, quando a certificação foi criada, foram certificadas 174 marcas de cachaças de 151 alambiques mineiros.

Para participar, o produtor deve fazer o requerimento em uma unidade do IMA. São solicitados, inicialmente, documentos como CPF ou CNPJ, registro do responsável técnico pelo estabelecimento e registro da marca e do estabelecimento no Mapa. Então o produtor assina um contrato que descreve suas obrigações e as do Instituto.

Concluído o processo administrativo (documentos e descrição do empreendimento), o IMA planeja uma auditoria inicial. Se o estabelecimento estiver dentro dos padrões exigidos, emite o Certificado, atestando o processo de produção como Cachaça Artesanal de Alambique. De posse do certificado, o produtor solicita ao Instituto a autorização para confecção e uso do selo de certificação que deve ser afixado no produto, em modelo próprio.

Para o diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, a certificação ajuda a impulsionar o mercado. “Além de valorizar o produto e ter garantia de boa procedência, o produtor qualificado expande seu mercado, fomentando o agronegócio mineiro”, afirma.

Fórum da Cachaça

A homenagem prestada a Fernando Furtado pelo Governo do Estado foi realizada durante a abertura da VI Agriminas - Feira da Agricultura Familiar de Minas Gerais, quando também foi lançado o Fórum da Cachaça de Minas. O objetivo da iniciativa é estreitar o relacionamento entre entidades governamentais e privadas do setor produtivo da bebida e contribuir para a elaboração de políticas público-privadas para o crescimento do setor.

Entre os trabalhos do fórum estão o estímulo à legalização dos produtores informais e à certificação de origem e qualidade do destilado, além da difusão de tecnologias de apoio à produção. Fernando avalia como positiva a iniciativa. “Acho muito importante a posição do Governo de Minas em procurar facilitar e promover a produção de cachaça. Para os interessados em produzir o destilado com qualidade, a certificação é o primeiro passo. A minha cachaça é um exemplo, não tive gasto financeiro para obter a certificação, apenas adaptei meu alambique para os padrões exigidos”, relata.

Participam do Fórum órgãos governamentais e entidades de classe representativas do setor da cachaça.

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