BELO HORIZONTE (24/07/08) - Nesta sexta-feira (25), a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) comemora com 300 produtores de Bonfinópolis de Minas a colheita de 50 toneladas de frutos secos de fava d’anta. Essa é a primeira safra de 2008 e resulta de projeto desenvolvido na região pela fundação. A fava d’anta é uma planta medicinal da qual se extrai a rutina, componente que dá origem a medicamentos eficientes no tratamento de doenças circulatórias.

O trabalho do Cetec em Bonfinópolis de Minas se iniciou em março deste ano, com a bioprospecção da fava d’anta no município. Depois foi feito um diagnóstico ambiental, para verificar se, no Cerrado da cidade, haveria plantas em quantidade interessante para serem exploradas de maneira ecologicamente correta. De acordo com o pesquisador do Cetec, Fernando Antonio Madeira, a partir do diagnóstico foi feito um plano de manejo, que organizou a forma da coleta seletiva do fruto.

Os resultados desse trabalho foram, além da safra 2008, a capacitação de 66 moradores da região, que, a partir de agora, estão aptos a explorar a fava d’anta de maneira lucrativa e ecológica. Também há a previsão de produção e plantio de 10 mil mudas de fava d’anta a partir do ano que vem, que vão compor um viveiro e serão distribuídas às famílias envolvidas no projeto.

A companhia farmacêutica Merck compra a fava d’anta dos habitantes de Bonfinópolis de Minas para extração da rutina e a usa para fabricação de medicamentos. Com intermediação do Cetec, a empresa assinou um contrato com as 15 comunidades rurais da cidade para comprar o fruto por um preço justo e sem atravessadores. Para Madeira, isso contribui para que os habitantes sejam mais bem remunerados e danifiquem menos o meio-ambiente. “A região tinha como sua principal fonte de renda o trabalho com o carvão, o que causava a derrubada de muitas árvores e rendia muito pouco financeiramente para eles”, completa.

Antes da intervenção do Cetec no trabalho com a fava d’anta, o ganho dos trabalhadores do município girava em torno de R$ 160. Mas a partir desta safra, cada um dos envolvidos com a colheita e tratamento do fruto conseguiu subir sua renda para R$ 450. E as perspectivas para o futuro são ainda mais animadoras. “Em outros municípios do Norte e Nordeste de Minas onde já desenvolvemos esse trabalho tivemos um progresso impressionante. Em São Francisco tínhamos, antes de 2002, uma produção de 24 toneladas por ano e hoje temos 450 toneladas. O valor de venda por fruto subiu de R$ 0,20 para R$ 1,29”, exemplifica Madeira.

A comemoração será realizada nesta sexta (25), a partir das 9h, no Rotary Clube de Bonfinópolis. Representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF), do Sindicato dos Produtores Rurais de Bonfinópolis, da Merck e do Cetec estarão presentes à solenidade. Haverá uma apresentação dos resultados do projeto e a entrega de certificados do curso de capacitação aos trabalhadores, além de apresentações culturais locais e a doação de donativos arrecadados pelo Cetec e pela Merck aos habitantes da cidade.