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Ciência e Tecnologia

12h36min - 16 de Julho de 2009 Atualizado em 08h37min - 29 de Junho de 2013

Curso do Cetec garante fonte de renda no Noroeste de Minas

O Cetec promoveu um curso de alimentos e artesanato com produtos do Cerrado em Bonfinópolis de Minas com o objetivo de ocupar a mão-de-obra não especializada dos trabalhos rurais, melhorando a qualidade da alimentação e contribuindo para o aumento da renda das famílias.

BONFINÓPOLIS DE MINAS (16/07/09) - Moradora da zona rural de Bonfinópolis de Minas, região Noroeste do Estado, Maria Lúcia Leite Bento, 38 anos, é casada e tem quatro filhos. Até o final do ano passado, levava uma vida sem muitas novidades, com um pouco de dificuldade. Hoje, sua vida começa a mudar. Depois de fazer um curso de alimentos e artesanato com produtos do Cerrado, promovido pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), a dona de casa transformou os frutos do Cerrado em fonte de renda. O curso faz parte de um projeto desenvolvido por pesquisadores do Cetec.

Por meio do projeto, o jatobá, o pequi, o araticum, a mangaba, a cagaita, o marmelo, o cajuzinho e outros produtos e subprodutos nativos, além de ingredientes como o açúcar mascavo e a mandioca, se transformam em quitutes e artesanato.

O curso durou três dias, abordando a reutilização do lixo, informações nutricionais e artesanato. A dona de casa Maria Lúcia conta que muitos residentes da zona rural do município fizeram o curso, inclusive seu marido. “Gostei muito de ter aprendido e sinto que todos que fizeram o curso também gostaram. Ele me deu uma forma diferente de olhar a natureza. Agora, sei que o lixo pode ser reutilizado e transformado em arte”, disse.

Receitas

São mais de 400 receitas de doces e salgados que podem ser feitas em qualquer cozinha convencional. Ao final da primeira etapa de capacitação de 200 “geraiseiros” eles se tornaram aptos a produzir bolos, tortas, pães, biscoitos, panetones, sorvetes, compotas, doces, geléias e outros quitutes, além de pratos salgados que normalmente são feitos com frutas, mas que incorporam como acompanhamento os frutos do Cerrado.

Com os cursos, Maria Lúcia e outros moradores de Bonfinópolis estão deixando de ter como fonte de renda os trabalhos que envolvem o desmatamento da região e passaram a valorizar os frutos nativos.

No artesanato, são desenvolvidos artigos de decoração, aproveitando resíduos do Cerrado, encontrados nas comunidades rurais dos municípios. O enfoque é na produção de embalagens ecológicas artísticas que valorizem os produtos alimentícios da região que estão envolvidos no projeto. São utilizadas folhas, frutos e galhos para a produção de caixas, guirlandas, bonecas e adornos.

O curso

Os pesquisadores do Cetec, a partir de um diagnóstico socioeconômico e ambiental, desenvolveram o projeto com o objetivo de ocupar a mão-de-obra não especializada dos trabalhos rurais, melhorando a qualidade da alimentação da comunidade local e contribuindo para que os “geraiseiros” parem de desmatar o Cerrado e usar a madeira para fabricação de carvão.

Quem optou para mudar de ofício na cidade de Bonfinópolis de Minas já conseguiu, inclusive, espaço para trabalhar, já que a prefeitura liberou um galpão onde estão máquinas para a produção dos alimentos e materiais de artesanato.

Segundo o prefeito de Bonfinópolis de Minas, padre Luiz Araújo Ferreira, o projeto vai proporcionar a redução de gastos na cidade, com a inclusão das receitas nos veículos públicos. “Os alimentos produzidos em maior escala serão incorporados à merenda escolar das escolas públicas a partir do segundo semestre de 2009. Isso acarreta, além da mudança de hábito alimentar, mais identificação da comunidade com a região”, enfatiza. Ele garante ainda que já foram capacitadas “cantineiras” para as escolas locais.

Benefícios

Segundo o pesquisador do Cetec responsável pelo projeto, Fernando Madeira, a produção de alimentos com os frutos do Cerrado, o plantio de sementes para produção de mudas e o uso de resíduos florestais para o artesanato tem promovido a valorização do Cerrado mineiro e dos “geraiseiros”. Para ele, a ocupação do trabalhador rural com o beneficiamento e processamento de frutos da região poderá gerar uma renda média de R$ 450 ao mês, ou seja, cerca de três vezes superior à média atual, que é da ordem de R$ 160.

“Com esse projeto, os trabalhadores estão sendo capacitados para usar o Cerrado de forma sustentável, preservando-os para as futuras gerações. Estamos participando de feiras para exposição e degustação dos produtos. Esse mecanismo tem sido muito útil para verificarmos a aceitação dos mesmos”, conta Madeira.

Desde 2001, nas regiões Norte e Noroeste de Minas Gerais, o Cetec trabalha o manejo e o desenvolvimento de tecnologias para beneficiamento e processamento da fava d´anta, planta medicinal da qual é extraída a rutina, utilizada no tratamento de doenças circulatórias. Esse projeto já envolveu mais de mil famílias de “geraiseiros” do Cerrado.

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