O Governo de Minas — por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) — desenvolve, desde 2009, nas unidades dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), atividades de educação e cidadania para jovens e adultos do Sul do Estado.

“O Sul de Minas é a região que mais oferta cursos de capacitação. Em quatro anos, 1.828 cursos foram ministrados com cerca de 25 mil pessoas atendidas com aulas presencias e a distância”, ressalta o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues.

Narcio ainda destacou a importância de novos cursos para a capacitação dos cidadãos mineiros. “São ofertados no portal da Sectes 19 cursos por ensino a distância e, até o final deste ano, a previsão é que serão ofertados mais 70. Cada CVT capacita, em média, dois mil alunos ao ano nos cursos de ensino a distância”, afirma o secretário.

As cidades atendidas são: Alfenas, Andradas, Boa Esperança, Campestre, Carmo do Rio Claro, Itajubá, Itamonte, Itanhandu, Lavras, Machado, Monte Santo de Minas, Ouro Fino, Passos, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, São Sebastião do Paraíso, Três Corações e Três Pontas.

O coordenador do CVT de Santa Rita do Sapucaí, Gilberto Miranda, afirma que são ofertados 48 cursos a distância nas áreas de informática, empreendedorismo, meio ambiente, agricultura e pecuária, por meio do site www.inclusaodigital.mg.gov.br. Também foram oferecidas aulas presenciais de flauta e capoeira no CVT do município, que é gerido pela Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa (ETE-FMC).

A unidade promoveu, no último semestre, quatro capacitações voltadas para a área do meio ambiente e ajudou a divulgar o conceito de sustentabilidade na cidade. Garrafas Pets foram recolhidas e utilizadas para a produção de puffs.

“O curso foi um sucesso. As turmas demonstraram grande interesse e entusiasmo. O resultado uniu o útil ao agradável e sustentável, promovendo a reciclagem associada à utilidade”, destacou Gilberto. O projeto terá continuidade com o apoio dos próprios alunos que estão comprometidos a repassar o conhecimento adquirido para os moradores.

Os resultados do programa são confirmados por Ademir da Silva, que trabalha com artesanato em madeira, mas sempre teve dificuldade em desenvolver seu próprio negócio. "Trabalhava informalmente por falta de conhecimento das ferramentas de gestão. No final de 2011, comecei a fazer aulas de Gestão Empreendedora no CVT de Andradas e aprendi a me organizar melhor,” conta o artesão.

A necessidade de transformar seu ateliê de artesanato em madeira em uma empresa surgiu logo após a conclusão do curso. “O Núcleo de Apoio ao Empreendedor do CVT me deu total apoio. Agora estou dentro da lei do Micro Empreendedor Individual e me tornei um pequeno empresário”, disse.

Além dos cursos de ensino a distância, CVTs oferecem cursos presenciais de acordo com a demanda da população e a vocação regional. Uma das áreas demandadas no CVT de Itajubá é a de eletroeletrônicos.

Antonio Barbosa foi aluno do curso presencial de Eletricista Residencial realizado neste ano. "O curso me proporcionou a capacitação que almejava e, com o tempo, devido ao grande número de trabalhos como eletricista residencial, me senti motivado a me tornar um empresário", conta Antonio, que abriu uma empresa de serviços de manutenção elétrica.

Com 571 unidades interligadas em banda larga, a Rede Mineira é representada por 84 CVTs e 487 Telecentros, e possui 4,5 mil microcomputadores conectados, colocando Minas Gerais como um dos estados que possui um dos maiores programas de inclusão digital e social do país. O projeto alcança mais de 360 municípios e soma mais de 700 mil cidadãos certificados em cursos presenciais e a distância, além de 1 milhão de pessoas beneficiadas com o acesso à internet.

Programa Jovem Aprendiz

Em parceria com a organização de Ensino Social Profissionalizante (Espro), o CVT de Pouso Alegre atua no programa Jovem Aprendiz. No projeto, jovens e adolescentes que almejam o desenvolvimento e crescimento profissional, dentro de uma área de atuação específica, tem a oportunidade de se inserirem no mercado de trabalho.

“Atualmente, o CVT trabalha com duas turmas: uma delas qualifica os alunos que atendem as necessidades de instituições empresas financeiras e outra turma é voltada para os laboratórios farmacêuticos,” conta o coordenador do CVT, Wellington de Toledo.

Outro caso de sucesso é a parceria do CVT com o Instituto Federal do Paraná e com a Secretaria Municipal de Educação. “Atendemos a cinco áreas diferentes: Gestão Pública, Administração, Gestão de Eventos, Habilitação de Dependentes Químicos e Secretariado. Os cursos têm duração de, aproximadamente, dois anos e certificam os alunos com o diploma de curso técnico,” esclarece Wellington.

Até o final do ano, serão oferecidos cursos de fabricação de chocotones, panetones, roscas, salgados, biscoitos para festas, derivados do café, maçã do amor e produção de geléias.

Projeto Café na Escola

O CVT de Três Pontas criou, em 2007, o projeto Café na Escola, com o intuito de profissionalizar e qualificar os alunos do ensino médio e jovens das organizações rurais e urbanas. Ao todo, são 40 cursos, entre eles o de classificação e degustação de café, com 400 alunos certificados.

"A cafeicultura no Sul de Minas Gerais é composta, em grande parte, de mini e pequenos produtores. O programa visa a atender jovens estudantes do ensino médio que queiram ingressar na área, fornecendo informações para o desenvolvimento e capacitação", explica o coordenador do CVT, Paulo José da Silva.

Os cursos propostos abrangem desde a classificação e degustação de café, até o manejo, colheita, pós-colheita, administração rural, meio ambiente, cidadania e perspectivas de crescimento. “Muitos alunos que passaram por nossas salas de aula seguiram os estudos na área da cafeicultura, em cursos de agronomia, engenharia agrícola, cafeicultura empresarial, tecnólogo em cafeicultura, entre outros”, conclui o coordenador.

"Ao participar do projeto pude desenvolver melhor o meu conhecimento sobre cafeicultura, entendi a lógica envolvida no processo de plantio, seleção e classificação dos grãos, produção e colheita", conta ex-aluno do curso, Wellington Marques. Depois de participar do curso, Wellington começou a trabalhar em uma empresa local na área de classificação do café.

Reviravolta na vida

Desde abril de 2008, a aluna Deize Reis frequenta o CVT Itamonte. Deficiente física, Deize teve uma reviravolta na vida. “Sofria de depressão, não tinha convívio social e vontade de sair de casa. Minha história começou a mudar quando fui aprender informática. Passei a ter assunto para conversar com as pessoas e a ter estímulo para voltar a estudar. Hoje, pretendo fazer uma faculdade, pois meu sonho é cursar Psicologia”, conta.

A aluna já fez 10 cursos no CVT, entre eles o básico de informática, contabilidade básica e operador de telemarketing. A coordenadora Christiane Carvalho ressalta a importância do trabalho. “Fico muito emocionada com a história da Deize. Ela conseguiu superar as dificuldades e seguir em frente”, destaca.

Perspectivas para o futuro

A partir de 2012, a Rede CVT avança para a convergência digital, com novos conteúdos aplicados em web 2.0, atraindo um público que quer se qualificar para o mercado de trabalho, mas que também quer se relacionar pelas redes sociais. Além disso, a rede terá mais 20 pontos, em 20 localidades diferentes, totalizando 100 municípios atendidos. Para 2014, a meta é que todas as cidades mineiras com mais de 20 mil habitantes estejam conectadas à Rede CVT.