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Meio Ambiente

17h47min - 20 de Novembro de 2010 Atualizado em 06h20min - 01 de Julho de 2013

Desfile abre 1ª Semana Mineira de Redução de Resíduos

BELO HORIZONTE (20/11/10) - Na manhã deste sábado (20), o desfile de abertura da 1ª Semana Mineira de Redução de Resíduos, chegou à Praça da Estação, no hipercentro de Belo Horizonte. No abre alas, atores com pernas de pau e índios pataxós anunciaram o trio elétrico, comandado pelo compositor Mandruvá, autor do samba-enredo “Prevenção e Redução de Resíduos - é a História de Minas”, produzido especialmente para a ocasião.

Nem o forte sol tirou a energia dos quase dois mil participantes do desfile. Com alegria, catadores de recicláveis dançavam pelas ruas com figurinos de espetáculos do Palácio das Artes. Eram índios e europeus apresentando a história da colonização e demonstrando que a união das diferenças pode tornar nosso planeta sustentável. Representando o presente, moradores de vilas e favelas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), músicos, capoeiristas, integrantes de projetos sociais estavam nas ruas levando a mensagem à população para diminuir a geração de resíduos.

Elke Maravilha, carinhosamente conhecida como “madrinha dos excluídos”, ao lado de Mandruvá animava os participantes e o público pelas ruas da cidade. Ela elogiou a iniciativa, mandou beijos especiais aos pataxós e encorajou a todos a deixarem “a cidade mais limpa, o mundo mais limpo”.

O presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), organizadora do evento, José Cláudio Junqueira, que participou do desfile do alto do trio elétrico, demonstrou todo contentamento. “Nós estamos satisfeitos porque estamos passando a mensagem da valorização do resíduo para Belo Horizonte e principalmente para aquela população que trabalha com recicláveis, pois todos estão percebendo cada vez mais a importância do trabalho dos catadores para a sustentabilidade”.

O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, aguardou a chegada do desfile na Praça da Estação e falou sobre os trabalhos da Semana Mineira de Redução de Resíduos. “É uma semana muito rica, baseada em ações concretas já realizadas pelo Governo de Minas. Não estamos fazendo mobilização em cima de teoria, mas para dar continuidade a um trabalho inovador que começou com o ex-governador Aécio Neves e prossegue com o governador Antonio Anastasia”.

O evento contou também com o lançamento de selos personalizados e o carimbo alusivos a 1ª Semana Mineira de Redução de Resíduos, que trazem detalhes da história, personagens, realizações e instituições que atuam no estímulo a redução e destinação adequada de resíduos. O primeiro selo mescla as imagens da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, do município do Serro, na região Central do Estado, da bandeira e das montanhas de Minas Gerais. O segundo traz a imagem da Semana sobreposta a bandeira de Minas Gerais. Os selos podem ser encontrados nas Agências dos Correios de todo o Estado.

Vamos bater lata

E mais uma vez o samba-enredo foi cantado na Praça da Estação, com direito a coreografia encenada por 150 jovens e crianças do Instituto Sagrada Família de Belo Horizonte. No palco montado para receber todas as atrações previstas para este sábado (20), o coordenador de mobilização do Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), e um dos organizadores, José Aparecido Gonçalves, destacou a presença dos catadores do interior no desfile. “É BH dando uma lição ao país, é o resultado de mobilização do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis”, concluiu.

Presente à grande festa na praça, o presidente do Movimento, Luiz Henrique da Silva, entende que a mobilização é importante para alcançar um objetivo maior. “O que a gente quer é que a gestão de resíduos seja vista por outra ótica, não só a reciclagem, mas trabalharmos pela redução de resíduos. A regulamentação sobre embalagens tem que mudar, só assim vai mudar o modelo de consumo, queremos uma embalagem que tenha viabilidade ambiental e não só econômica, já que algumas nem são recicláveis”, defendeu.

Compartilhar experiências

Representantes de associações de catadores de todo o Estado estiveram na Praça da Estação. Cerca de 700 pessoas de quase 70 municípios compartilharam experiências pessoais no trabalho de separação do lixo e trajetória na história da formação das Associações.

Maria Ramos Brás dos Santos é uma das fundadoras da Associação dos Catadores do Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte (Asmare) e uma das principais lideranças entre os catadores em todo o Estado. Ela começou o trabalho com resíduos em 1978 e logo iniciou uma mobilização que culminou com a fundação da Asmare em 1990. “Sou principalmente catadora, mas também sou cozinheira, doméstica e artista”, afirma com orgulho incontido.

Natural de Ouro Preto, na região Central do Estado, Maria Ramos mudou-se com a família para Belo Horizonte em 1935. Na abertura da Semana Mineira de Redução de Resíduos, ela coordenou o desfile de carros de catadores decorados com motivos natalinos, da reciclagem e da natureza. Num dos carros, aparelhos de som, videocassetes, TVs e caixas de ferramentas simbolizavam a variedades de coisas que são descartadas. “Tenho em minha casa até hoje um aparelho de videocassete que foi jogado fora em perfeito estado de funcionamento”, afirma.

Já para Antônio Carlos Florêncio, a atividade permitiu um retorno ao convívio de seus familiares. Aos 55 anos, ele trabalha há cinco junto à Associação de Catadores de Juiz de Fora (Ascaju), na Zona da Mata. “Durante a maior parte da minha vida, fui agricultor no município de Mercês e sempre quis voltar a morar próximo da minha família”, afirma. “Quando me disseram que era possível me sustentar com dignidade como catador, tive a coragem para mudar de cidade”, completa.

O convite de familiares também foi a forma que possibilitou o início do trabalho de Marli de Oliveira como catadora. Com 45 anos de idade, a moradora de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, trabalha a quatro anos na Associação dos Catadores de Papel de Betim (Ascapel). “Eu era doméstica e minha cunhada, que já participava da Associação me convidou para conhecer o trabalho e foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido”, lembra.

Concentrações

As concentrações de moradores de vilas e favelas, músicos e capoeiristas na Praça Tiradentes e de catadores e índios na praça da Rodoviária foram um show à parte. Mauro Júnior e Vitor Macedo Ferreira do Projeto Casa do Sol sabiam exatamente o que estavam fazendo. “Temos que diminuir o lixo nas ruas”, falaram quase ao mesmo tempo. Além de participarem do desfile, os dois garotos também se apresentam no palco com instrumentos de percussão produzidos com materiais recicláveis.

Enquanto desciam pela avenida Afonso Pena, para encontrar o outro grupo em frente à Igreja São José, rodas de capoeira eram formadas e atraíram a atenção de quem passava. O samba-enredo recebeu elogios do turista carioca Jorge Alexandre Rodrigues. “Trouxeram o samba do Rio de Janeiro para Minas Gerais”, disse e saiu atrás do trio elétrico. Para a diretora da ong Cão Viva, de Contagem, na RMBH, a iniciativa foi espetacular. “Isto é educação ambiental” aplaudiu.

Da Praça da Rodoviária, partiram os quase 700 catadores provenientes de todo o Estado que se misturaram ao grupo de percussionistas, índios, atores e populares. Liderando o cortejo, o trio elétrico que trazia o compositor Mandruvá, autor do samba enredo tema da Semana, e a mestre de cerimônias oficial, a atriz Elke Maravilha.

E o evento não deixou resíduos, alguns catadores foram escalados para recolher os copos de água servidos para os participantes.

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