Linhas, penas, pedras, combinação de cores e habilidades artesanais. Tudo isso começa a fazer parte da rotina de 15 detentos do presídio de Viçosa, na Zona da Mata de Minas Gerais. Eles começaram um curso de produção de biojoias, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Os presos fazem parte dos mais de seis mil presos que serão capacitados este ano, a partir da parceria firmada entre Diretoria de Ensino e Profissionalização (DEP), da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), e o Ministério da Justiça.

As aulas acontecem no salão da escola da unidade prisional. Os participantes produzem brincos e cordões, que poderão ser entregues às famílias no final da capacitação. Mas até que isso aconteça, há muito trabalho e aprendizado pela frente: o curso tem duração de 45 dias e acontece de segunda a sexta-feira, nos turnos da manhã e da tarde. Além das aulas com uma artesã, que ensina a produção dos acessórios, os detentos contam com lições de empreendedorismo, para auxiliar na comercialização dos produtos e na instituição de uma nova forma de geração de renda quando saírem da prisão.

A turma é formada por 11 mulheres e quatro homens, que foram selecionados pela Comissão Técnica de Classificação (CTC) da unidade prisional, com base em critérios como comportamento, aptidão e segurança. De acordo com a pedagoga da unidade, Karla Silva Soares, foi dada preferência às mulheres, mas não houve impedimento para a participação dos homens interessados. “A turma está bem envolvida com o curso, gostando do que está fazendo, com vontade de mostrar os produtos. Eles estão realmente aprendendo. Os cursos são bons para nós e, principalmente, para eles”, avaliou a pedagoga.

Nas primeiras aulas, os participantes começaram a produzir brincos de filtro de sonho, conhecidas mandalas indígenas que são facilmente vistas em janelas, tatuagens, e, claro, brincos e cordões. “Vou sair com um curso profissional do Pronatec, em um mercado muito promissor”, afirma Milton Valentino, de 39 anos.

Milton está preso há mais de três anos e já realizou cursos de pizzaiolo, manutenção e formatação de computadores e instalação de programas no sistema prisional. Quando finalizar o curso de biojoias, já tem um destino para os produtos. “Quero presentear minha mãe e minha filha”, disse.

Marcélio Lopes Barba, de 43 anos, também está fazendo o curso e, como o colega, não pretende comercializar as peças. “Gostaria de entregar para os meus familiares e vou guardar como lembrança”, declarou.