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Agricultura

16h57min - 05 de Abril de 2013 Atualizado em 04h34min - 01 de Julho de 2013

Emater-MG desenvolve parceria na produção agroecológica em assentamento de Betim

Produtos atraem consumidores e parcerias. Emater-MG ainda incentiva a cooperação e a melhoria da alimentação entre os assentados

Situado a 15 quilômetros do Centro de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Assentamento Dois de Julho conta com o apoio da Empresa de Assistência Técnica em Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), por meio de convênio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para o cultivo de produtos agroecológicos. Além disso, a Emater-MG ainda incentiva a cooperação entre os assentados e a melhoria da alimentação, por meio do cultivo de horta e variedades de frutas.

No local, vivem 53 famílias que não tinham terra para plantar e que tornaram a área da fazenda produtiva, plantando feijão, milho, mandioca, hortas e árvores frutíferas. Os assentados são assistidos por uma equipe formada por dois engenheiros da Emater-MG, José Tobelem e Shelen de Souza, e pela nutricionista Ângela Pinho Tavares.

 

A Emater-MG atua na área desde a orientação da coleta de amostra para análise do solo e, aliando técnica e prática, os técnicos ministraram os cursos: “Produção de Grãos”, direcionados para o milho e o feijão; “Caldas Alternativas e Biofertilizantes”; e “Introdução à Conservação Ambiental”.

 

Segundo Ângela Tavares, as plantações anuais são de milho, feijão, mandioca e hortaliças. “Elas geram maior renda e as sementes são doação do Programa Brasil sem Miséria. Em menor escala, os assentados cultivam hortifruti, como chuchu, quiabo e jiló”. Ainda de acordo com a nutricionista, a produção trouxe parcerias com estabelecimentos comerciais da região de Betim e Juatuba, e com o Banco de Alimentos de Betim, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O assentamento ainda possui uma parceria com a Frigobet, que doou o composto orgânico utilizado no plantio das mudas frutíferas.

 

Ângela Tavares acrescenta que a ausência de defensivos agrícolas na produção e o fácil acesso ao assentamento fazem com que pessoas se desloquem até lá para comprar tudo fresquinho.

 

Para chegar ao momento de produção, o assentamento passou por grandes desafios. No início, havia mais de 100 famílias, hoje há 53, como informa o assentado Jorge Borges da Cruz. “Entramos aqui em 103 famílias em dois de julho de 1999 em busca de um pedaço de terra para produzir”. Aqueles  assentados que ficaram, além de plantar, aprenderam a viver coletivamente.

 

Antônio Jacinto de Oliveira faz parte desse grupo. “Aqui eu aprendi a conviver e respeitar as pessoas, a ser mais companheiro. Eu era uma pessoa que no meio da sociedade só pensava em mim e na minha família. Hoje, penso nos outros, nas pessoas que também precisam de um cantinho para viver”.

 

Cooperativismo

 

O trabalho da Emater-MG com os assentados do Dois de Julho vai além da importância das técnicas e manejos de plantio. Lá, a Empresa vem incentivando o cooperativismo. Nesse sentido, há um trabalho específico na área coletiva das mulheres; elas plantam em conjunto hortas e árvores frutíferas para melhorar a alimentação das famílias.

 

De acordo com a nutricionista da Emater-MG, esta área é a única que já foi delimitada no assentamento. “É de uso comunitário administrada pelo Grupo de Mulheres, que, por meio de negociações internas e orientação técnica da Emater-MG, decidem o que plantar, como manejar os plantios e como será a distribuição dos alimentos na época de colheita”, informa.

 

Outro objetivo da Emater-MG é realizar um trabalho direcionado para a melhoria da alimentação das famílias assentadas. “Eles se preocupam em alimentar as pessoas, mas esquecem da própria alimentação”, conta a nutricionista. Para agregar frutas na alimentação dos assentados e fazer bom uso da doação de mudas frutíferas da Cáritas, a Emater-MG ministrou para as mulheres o curso “Capacitação em Implantação e Condução de Pomar Doméstico”. De acordo com Ângela Tavares, a questão coletiva gera outros trabalhos e desafios a partir da exploração da herança da fazenda.

 

Alguns assentados estão descobrindo outras culturas que podem ser manejadas através de aproveitamento de espaços e da própria natureza. Há, por exemplo, uma produtora que cultiva plantas ornamentais, com ênfase em orquídeas. Outro produtor está apostando no plantio em pequenos espaços, utilizando pneus usados. O tripé de bambu também é usado para plantar condimentos, tais como salsinha, cebolinha e alecrim. Há, ainda, dois produtores de mel e própolis que, aproveitando a natureza, utilizam a florada nativa da Mata Atlântica para geração de renda.

 

Fazenda Ponte Nova

 

Explorando a herança da antiga Fazenda Ponte Nova, que ocupou a área do assentamento nos séculos XVIII e XIX, os assentados estão empenhados no desafio de transformar o núcleo histórico em ponto turístico.

 

O patrimônio imóvel congrega elementos arquitetônicos e urbanísticos importantes para a história do país. O edifício da sede da fazenda, a antiga casa de arreios, o antigo paiol, o curral, o quaro de arreios, a antiga escola, as ruínas do cemitério, a estação Fazenda Ponte Nova e a capela São José, tombados pelo patrimônio histórico, estão sendo restaurados com a ajuda dos assentados, incluindo as mulheres.

 

“Eu aprendi a trabalhar com o barro e estamos juntos fazendo essa construção”, declara Teodora Maria de Jesus Morais, que em coro com os assentados quer buscar outras alternativas de renda, aproveitando a herança da fazenda, o que gera perspectivas que vão além do manejo da terra.

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