CAMANDUCAIA (15/01/09) - Cuidar da saúde do agricultor familiar também faz parte das ações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Exemplo disso está no trabalho que a empresa pública mineira desenvolve no município de Camanducaia, no Sul do Estado, para amenizar o impacto do uso de defensivos agrícolas na saúde de produtores de batatas. Na próxima sexta-feira (16), será realizado no município o 3º Dia de Saúde no Campo, a partir das 13h30, na Escola Araucária, bairro Campo Verde. O objetivo é conscientizar o trabalhador rural sobre os cuidados no manuseio de defensivos agrícolas, tanto para proteger a própria saúde e a do consumidor, quanto para preservar o meio ambiente, onde vive e trabalha.

A iniciativa é uma parceria da Emater-MG com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o apoio do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) e a Secretaria Municipal de Saúde de Camanducaia. A mobilização para preencher as 60 vagas oferecidas acontece por meio de visitas e aplicação de questionários epidemiológicos junto às associações e lideranças comunitárias. A expectativa é de que compareça um público maior que o número de vagas, o que vai garantir o cadastramento de trabalhadores rurais para a realização de outro Dia de Saúde no Campo.

Durante o evento, os trabalhadores serão orientados sobre o uso correto do Equipamento de Proteção Individual (EPI) nas atividades em que se utiliza defensivos agrícolas. Segundo a enfermeira de toxicologia da Unicamp, Carina Missaglia Dias, a contaminação com agrotóxicos se dá em 90% dos casos por meio da exposição da pele. "Muitas vezes o agricultor usa máscara, mas se esquece de proteger o resto do corpo", explica Missaglia.

Na ocasião, será feito o exame que detecta alguns tipos de veneno no sangue, chamado de colinesterase. Uma equipe composta por médicos e enfermeiros da Unicamp irá coletar uma gota de sangue do dedo indicador (semelhante à dosagem de glicose para detectar diabetes) de cada trabalhador rural. Aqueles cujos testes indicarem contaminação serão encaminhados para outros exames ou para tratamento, oferecidos gratuitamente e realizados na própria universidade, com transporte cedido pela prefeitura do município, de acordo a enfermeira da Unicamp.

Cuidados

Cultivos que utilizam quantidades significativas de agrotóxicos, como morango, brócolis e couve-flor, estão presentes em Camanducaia, mas a preocupação maior está no plantio de batata, cultura predominante na cidade e que demanda uma maior utilização de defensivos agrícolas. Existem no município cerca de 400 produtores cadastrados no escritório local da Emater-MG e a produção anual da batata está em torno de 17 mil toneladas, segundo dados apurados pela unidade da empresa.

Além de ações pontuais, a Emater-MG trabalha rotineiramente para a educação e conscientização dos agricultores sobre o correto descarte das embalagens de defensivos agrícolas, pois o lixo pode causar danos ao ambiente e à saúde humana e animal, se jogado nos campos ou rios. Em novembro de 2008, foi realizado no município um mutirão que recolheu dois caminhões com embalagens de agrotóxicos contaminadas. O material coletado foi enviado para o posto de recolhimento de embalagens de agrotóxicos da cidade de Pouso Alegre, sede de regional da Emater-MG que abrange o município de Camanducaia.

De acordo com o extensionista rural da Emater-MG de Camanducaia, Hélio João Farias Neto, já é possível notar um resultado positivo com as etapas feitas em 2008. "Percebemos que antes da realização dessas ações, os agricultores da região não tinham tantos cuidados como uso de agrotóxicos. Agora notamos que eles estão usando mais equipamentos de segurança no manuseio", afirma o técnico. Nas etapas anteriores do projeto, 123 trabalhadores rurais foram examinados e atualmente 40 estão recebendo acompanhamento na Unicamp.