As chamadas energias limpas ganharam espaço com o painel “Diálogos sobre Energia Renovável para uma Sociedade Sustentável”, nesta quinta-feira (27), durante o fórum Diálogos da Terra no Planeta Água, em Belo Horizonte. Com mediação do secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana, as exposições foram feitas por representantes da Petrobras e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa os empresários do setor sucroalcooleiro do estado de São Paulo.

Gilman Viana disse que para onde o mundo caminhar em busca da eficiência energética é preciso viabilizá-la em todos os sentidos. “A economia do conhecimento exige isso, alternativas eficientes”, afirmou o secretário ao admitir que Minas tem uma grande oportunidade na produção de etanol e de açúcar com um crescimento significativo desses produtos ao longo dos últimos anos, contribuindo para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário.

O diretor industrial da Petrobras Biocombustível (subsidiária da Petrobras), Ricardo Castelo Branco, disse que os investimentos em energias renováveis foi uma opção da empresa pela condição ambientalmente sustentável dessas novas opções. Ressaltou que a Petrobras não tem nenhuma intenção de competir com a produção de alimentos; que a agricultura familiar deve ser envolvida de uma forma auto-sustentável e que a empresa tem como missão se tornar referência mundial na produção de biocombustíveis até 2020.

Castelo Branco expôs uma série de tecnologias produzidas pela Petrobras Biocombustíveis, entre elas o etanol a partir da celulose. Ele observou que a expectativa é de envolver 60 mil famílias de agricultura familiar nos projetos em andamento e citou as três usinas de biodiesel da Petrobras, sendo duas instaladas no Nordeste brasileiro e uma em Montes Claros, na região Norte de Minas Gerais, cuja inauguração está prevista para o mês de dezembro, segundo ele. “O Brasil é imbatível na produção de etanol e poderá ser também na produção de biodiesel. Mas é preciso trabalhar rápido nas pesquisas”, concluiu o diretor industrial da Petrobras Industrial.

Na apresentação Sustentabilidade do Complexo Sucroenergético Brasileiro, o presidente da Unica, Marcos Sawaya Jank, explicou que o etanol foi descoberto pelo mundo há apenas dois anos. Antes, o biocombustível existia apenas no Brasil, que há 33 anos transforma cana-de-açúcar em combustível, e mais recentemente, os Estados Unidos que produzem etanol a partir do milho. Segundo Jank, 90% dos carros fabricados no Brasil são flexfuel e todos os veículos recebem etanol, pois toda a gasolina comercializada no país possui 25% do biocombustível, enquanto na União Européia esse percentual é de 2% com a possibilidade de chegar a 10% nos próximos anos.

O presidente da Unica rebateu os que criticam a produção de etanol alegando prejuízo para a produção de alimentos e que a instituição que não defende o plantio de cana-de-açúcar nos biomas mais sensíveis como Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica. Jank reafirmou que a produção de etanol e da cana- de-açúcar no Brasil ocupa apenas 7 milhões de hectares da área agricultável, ou seja 1% do total de 800 milhões de hectares.

Quanto aos aspectos sociais também criticados no exterior, Marcos Jank disse que o trabalho do corte de cana não é fácil para os trabalhadores, mas gera 140 mil empregos apenas em São Paulo. Contudo, ele reconhece que houve avanços nas condições de trabalho e na segurança. Mesmo assim, a mecanização, desejada pela sociedade, principalmente, em razão das queimadas, promete acabar com o problema, mas vai aumentar o desemprego. “Queremos o reconhecimento da sociedade para todas as empresas que trabalham dentro da legalidade e da sustentabilidade, não comprometendo a produção de alimentos”, finalizou Jank manifestando um grande otimismo em relação ao potencial existente no país para liderar a produção dos biocombustíveis no mundo.