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Educação

12h20min - 21 de Setembro de 2009 Atualizado em 14h43min - 18 de Junho de 2013

Ex-estudantes visitam escola depois de mais de 80 anos

BELO HORIZONTE (21/09/09) - Estudantes da Escola Estadual Silviano Brandão, em Belo Horizonte, tiveram uma lição de história especial nessa sexta-feira (18). No lugar dos personagens imortalizados em livros, eles tiveram a honra de conhecer pessoalmente duas personagens que marcaram a história da instituição: Amélia Pedersoli Rocha, de 94 anos, e Maria Virgínia Pedersoli, de 102, foram alunas da Silviano Brandão nas décadas de 1910 e 1920 e tiveram recepção de gala. Foram recebidas na porta da escola onde estudaram pela turma de segundo ano da professora Sônia Barbosa. Para homenagear as ilustres visitantes, as crianças de seis e sete anos cantaram uma canção e depois entoaram um sonoro parabéns. Curiosos e encantados com as ex-alunas, as crianças não pouparam elogios, tal como o da pequena Ana Clara Perdigão, de 7 anos. “Elas são bonitinhas, eu gostei delas e eu quero ser igual a elas um dia, eu vou ser”.

Exemplo melhor Ana Clara não poderia ter. Amélia e Maria Virgínia demonstraram todo o orgulho que têm de ter estudado na Silviano Brandão. Com uma memória quase impecável, as duas fizeram questão de contar um pouco da experiência que tiveram na instituição. Emocionada após ouvir o coral dos estudantes, Amélia leu um texto no qual lembrava nomes de colegas, professores e até da primeira diretora, Mariana Noronha Horta, que ocupou o cargo de 1914, ano da inauguração da escola, a 1932. “Dona Mariana morava numa casinha aqui ao lado do colégio”, lembra Amélia. “Ela (Mariana) era muito brava, colocava os alunos de castigo, mas eu nunca fiquei de castigo”, gaba-se Maria Virgínia. Mais do que histórias, os alunos também puderam matar a curiosidade com outras lembranças. Amélia mostrou um pequeno avental que foi bordado por ela nos tempos de estudante e ainda exibiu, orgulhosa, o diploma do antigo primário, que recebeu ao deixar a escola, ainda em 1926.

Dona Maria Virgínia também não deixou por menos. Orgulhosa, ela não tinha o diploma em mãos para comprovar sua passagem pela escola, mas fez questão de ressaltar que, além de disciplinada, nunca repetiu de ano. “Eu estudei quatro anos aqui e não repeti nenhum”. Longe dos ouvidos dos estudantes, porém, ela admitiu que não era tão exemplar. “Eu gostava aqui da Silviano, mas não gostava de estudar. Mas quando eu ia no quadro para desenhar o mapa de Minas Gerais, eu ficava orgulhosa. Eu desenhava direitinho e colocava as cidades. Só eu na sala sabia desenhar o mapa. Eu ficava toda alegre”.

A visita foi tão marcante que será aproveitada em sala de aula. A professora Sônia aproveitou a visita das ex-alunas para passar a lição de artes: fazer um desenho do aventalzinho que passou de mão em mão. Segundo a diretora da escola, Nilce Faria Campos, a visita é tão importante quanto uma aula e vai incentivar trabalhos sobre a história da Silviano Brandão. “A partir de agora é pegar essa turma que as recepcionou e fazer um trabalho de resgate da escola”. A diretora ainda ressalta que é essencial que os alunos de agora também cultivem a ideia de que a escola é importante em suas vidas. “É gratificante saber que uma pessoa que estudou aqui no início da escola quer voltar. A ideia é fazer com que esses alunos voltem um dia também, por isso que é tão importante fazer programas legais na escola, atividades interessantes. A escola tem que ficar marcada na vida do estudante”, analisou.

Segundo olhar

Tão curiosos quanto os olhares dos estudantes eram os olhares das duas irmãs. Nenhuma das duas havia voltado à escola desde que se formaram no antigo “Grupo” Silviano Brandão e fizeram questão de reparar em cada detalhe. Mesmo com dificuldade de andar, Amélia e Maria Virgínia passearam pelo pátio e notaram as mudanças pelas quais passou a escola nos mais de 80 anos. “Mudou da água para o vinho. O prédio era dividido em dois, outra coisa. Mas foi uma mudança para melhor”, conta Amélia, encantada com a nova Silviano Brandão. “Aqui havia uns barracões onde moravam alguns funcionários”, completou Maria Virgínia.

O passeio provocou saudades dos tempos de estudante. Diante do pátio, Dona Amélia lembrou-se de quando ainda era uma garotinha. Sua atividade favorita era a ginástica, mas ressaltou que era bem diferente das atividades esportivas praticadas hoje pelos alunos. Atualmente, a Silviano Brandão tem até uma pista de skate, mas na década de 1920 Amélia sequer sonhava com manobras tão radicais. “Eu gostava muito de ginástica. Mas era muito simples, a gente só movimentava os braços para cima e para baixo, fazia exercícios de respiração”, lembra. Outra melhoria apontada por Amélia bate direto no estômago. A cantina da escola abriu o apetite da ex-aluna. Segunda Amélia, antigamente o cardápio da Silviano Brandão era bem menos nutritivo. “No meu tempo não era assim, os meninos hoje estão comendo muito bem”, brincou.

Antes de encerrar o passeio, as duas irmãs fizeram questão de deixar alguns conselhos para os mais novos. Encantadas com a estrutura da escola, elas cobraram empenho dos estudantes e ressaltam a importância da educação. “O que eu digo a eles é para andarem sempre corretos na vida”, disse Maria Virgínia. “Dou o conselho que eles devem sempre continuar estudando bastante, sendo sempre bons com os professores e com os pais. É importante seguir o exemplo de quem já estudou para ver como é bom ser alguém na vida”, completou Amélia.

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