No Sul de Minas, as escolas estaduais Sebastião Pereira Machado, no município de Piranguinho, e Florival Xavier, em Itajubá, têm conseguido estimular o bom convívio na comunidade escolar. As conquistas são resultados de iniciativas que envolvem a participação das famílias, órgãos do poder público e instituições.

O relato dessas experiências na área de mediação de conflitos foi apresentado no primeiro dia do IV Fórum Regional de Promoção da Paz Escolar (Forpaz) e de Articulação em Rede, realizado em Itajubá. O encontro conta com a participação de, aproximadamente, 400 educadores e será realizado até quinta-feira (22).

A partir de uma gincana, a Escola Estadual Sebastião Pereira Machado elaborou um regimento interno. O trabalho contou com a participação dos cerca de 1.000 alunos e pais. “Primeiro tivemos a conversa com os estudantes e familiares sobre a necessidade de montar esse regimento. Porém, antes foi realizado um seminário que contou com a participação de um promotor e um juiz que ajudaram a pensar nesse regimento, pois queríamos elaborar regras de conduta sem violar as legislações já existentes para a educação”, explicou a diretora da escola, Janete Renó Cândido.

Entre os itens apontados pelo regulamento construído a partir da parceria escola/família, estão o contato imediato com os pais, sempre que houver algum ato de indisciplina por parte do aluno, e o respeito ao próximo. “O regulamento entrou em prática neste semestre e observamos que a disciplina melhorou muito. Acho que estamos no caminho certo”, avaliou a diretora.

Indisciplina mapeada

Outro exemplo apresentado no Forpaz foi a ação voltada para a promoção da cultura da paz na Escola Estadual Florival Xavier. A iniciativa começou com um mapeamento dos motivos que levavam à indisciplina dos alunos. O trabalho foi feito em uma parceria entre os educadores da instituição membros do colegiado escolar. “A partir dessas informações, começamos um trabalho em parceria com a Defensoria Pública, a Promotoria da Infância e da Juventude e outros órgãos do poder público que atuam no município, além da associação do bairro em que a escola está localizada”, comentou o diretor da escola, José Daniel Rocha.

Com o trabalho articulado em rede, sempre que há a necessidade do acompanhamento de um ato de indisciplina do aluno, são realizadas visitas domiciliares, além de conversas com os familiares. O trabalho também teve início neste ano e, de acordo com o diretor, já apresenta ganhos no comportamento dos alunos. José Daniel acredita ainda que a mediação de conflitos na escola ganhará escala com outras medidas que vem sendo tomadas no espaço escolar.

“Nossa escola está passando por uma reforma geral, avaliada em R$ 1,5 milhão. Com a obra, feita pela Secretaria de Estado de Educação, estamos sendo contemplados com a troca do telhado, a construção de uma quadra coberta com palco, além de outras coisas. Temos em nossa escola o projeto Escola Viva, Comunidade Ativa e, com essa melhoria na estrutura física, a motivação e o comprometimento com a escola também crescem”, acredita o diretor.

Além dos relatos de experiências das escolas estaduais, o primeiro dia do Forpaz contou com uma palestra sobre a mediação de conflitos e o seu uso como técnica facilitadora do trabalho em rede para a promoção da paz no ambiente escolar. O assunto foi conduzido pela defensora pública, Roberta de Mesquita Ribeiro.

Quarta edição do Forpaz

Além de educadores da Superintendência Regional de Ensino de Itajubá, o fórum conta com a participação de profissionais da educação vinculados às Superintendências Regionais de Ensino de Campo Belo, Caxambu, Poços de Caldas, Passos, São Sebastião do Paraíso, Pouso Alegre e Varginha.

Também marcam presença no Forpaz secretários municipais de educação e outros parceiros da rede pela paz nas escolas. As três edições anteriores foram realizadas nos municípios de Juiz de Fora, na Zona da Mata, Divinópolis, no Centro do Estado e Patrocínio, no Alto Paranaíba.

O Forpaz é fruto de uma parceria entre Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, Defensoria Pública de Minas Gerais e Assembleia Legislativa de Minas Gerais, tendo sua origem na Comissão de Representação do Fórum Técnico de Segurança nas Escolas, da Assembleia.

A rede formada a partir destes parceiros iniciais busca atuar como suporte para os diretores e educadores das escolas estaduais e municipais no enfrentamento de problemas e dificuldades associadas a condições geradoras de violência no ambiente escolar.