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Saúde

10h00min - 07 de Junho de 2012 Atualizado em 14h50min - 01 de Julho de 2013

Fhemig faz alerta sobre os agentes causadores de queimaduras

Apenas o Hospital João XXIII recebe 100 pacientes com queimaduras por dia, sendo 62% do sexo masculino

O Hospital João XXIII, que integra a Rede Fhemig, recebe, em média, 100 pacientes com queimaduras por dia, entre novos, retornos e internados. Estes casos corroboram os dados do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do hospital, que mostram que a maioria dos pacientes da Unidade de Tratamento de Queimados é do sexo masculino (62,5%), com uma média de idade de 29 anos. Em geral, são vítimas de queimaduras de segundo ou terceiro graus. Atualmente, dos 26 leitos da unidade, 22 estão ocupados, dos quais oito por crianças.

As áreas mais atingidas são o tórax anterior, os membros superiores e a cabeça. Em média, os pacientes permanecem internados por 23 dias. Em torno de um quarto, ou 15% das pessoas acometidas, morrem em razão das queimaduras, sendo que o álcool é o principal responsável pelo total de mortes em mais de 50% dos casos.

O chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados, Carlos Eduardo Guimarães Leão, ressalta que “a queimadura é um problema mais sociocultural que médico, já que em nenhum outro país do mundo, o álcool é responsável por um número tão expressivos de acidentes”.

Ele também alerta que os meses de junho e julho representam os momentos mais críticos do ano, haja vista que há um aumento de 12% a 15% do número de vítimas habituais. Isto devido às características deste período em que ocorrem, tradicionalmente, as comemorações das festas juninas que se estendem até julho.

Ainda de acordo com Carlos Eduardo Leão, somente a inclusão na grade curricular das escolas de ensino fundamental de uma disciplina voltada à prevenção de acidentes, “colocaria fim a essa falta da cultura do perigo que caracteriza nosso povo, mesmo aqueles mais bem inseridos social e economicamente”.

Somente em maio deste ano, 50% dos casos de queimaduras atendidos no Hospital João XXIII tiveram o álcool líquido como agente causador. O fator também é o responsável pelas queimaduras mais extensas e pela maioria dos óbitos. Diante deste quadro desolador, fica ainda mais evidente a necessidade de campanhas de prevenção e de leis que proíbam o comércio varejista dos produtos inflamáveis, em particular, do álcool líquido, como forma eficaz de reduzir a morbidade e a mortalidade decorrentes das queimaduras.

Outro dado que deve ser destacado em relação ao álcool líquido é o seu uso em ocorrências de tentativas de autoextermínio. O Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do HPS registrou uma taxa anual de 18% destes eventos, com uma prevalência de 95% do álcool líquido como agente e uma taxa de mortalidade de 60%.

Proibição

Em 20 de fevereiro de 2002, o álcool líquido foi proibido de ser comercializado no varejo, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, a proibição foi revogada devido a uma liminar concedida à indústria envasadora e o produto voltou a ser vendido em todo o país.

A Sociedade Brasileira de Queimaduras constatou que, durante a vigência da proibição, houve uma queda de 60% do número de acidentes com álcool (com queda maior entre as crianças) e uma redução de 26% da gravidade das queimaduras.

Somente em Belo Horizonte, 43% das vítimas atendidas na Unidade de Queimados do Hospital João XXIII eram crianças entre zero e dez anos de idade. Nesse contexto, o ambiente doméstico é o local onde ocorrem mais da metade dos acidentes, sendo a cozinha o cenário de 80% dos casos. Até os quatro anos de idade, as crianças são vítimas de queimaduras decorrentes de escaldadura (decorrente da ação de líquidos superaquecidos).

No ranking dos principais agentes causadores de queimaduras, logo após o álcool líquido, vem os líquidos superaquecidos, em particular a água e o óleo. Em seguida, a chama direta. Também merecem atenção os acidentes com fogos de artifício, causados pelo manuseio inadequado desses artefatos, em muitos casos, associado à embriaguez.

Primeiros socorros

Diante de uma pessoa queimada, deve-se, imediatamente, afastá-la do agente causador. Em seguida, caso a roupa esteja queimada, ela deve ser retirada. Após essas medidas iniciais, a pessoa deve ser colocada em água fria e corrente (ou colocar sobre ela uma toalha embebida em água fria) e encaminhá-la imediatamente ao hospital.

Para que não haja o agravamento do quadro de saúde da vítima, é fundamental que, em hipótese alguma, seja utilizado outro produto que não seja a água pura e fria, pois se dificulta o trabalho do médico para identificar a área queimada, bem como a profundidade da lesão.

Segundo a Sociedade Brasileira de Queimados, cuidados simples, incorporados ao dia a dia das pessoas, são capazes de evitar queimaduras. Assim, as crianças não devem ficar sozinhas em casa. O botijão de gás deve, sempre, ser trocado em ambiente aberto. Nunca se deve usar produtos inflamáveis, em especial o álcool líquido, bem como produtos químicos em casa, além de ter cuidado ao fazer a manutenção da instalação elétrica.

Hospital referência

O presidente da Fhemig, Antônio Carlos de Barros Martins ressalta que a missão do Hospital João XXIII é “atuar como referência e excelência no atendimento a pacientes vítimas de politraumatismo, grandes queimados, intoxicações e situações clínicas e cirúrgicas de risco iminente de morte”.

O diretor da unidade, Eduardo Liguori Cerqueira, lembra que o João XXIII é o maior hospital de trauma de Minas e um dos maiores do país. O investimento de R$ 51 milhões em obras e para a compra de equipamentos de última geração proveram a unidade de uma tecnologia de ponta, o que assegura mais segurança e conforto para o paciente, além de permitir melhores condições de trabalho para todos profissionais.

A Unidade de Tratamento de Queimados Professor Ivo Pitanguy, do Hospital João XXIII, é referência nacional e maior centro de queimados da América Latina. No 8º andar, estão disponíveis 26 leitos e, no 9º andar, nove leitos se destinam ao tratamento intensivo.

A unidade também conta com um bloco cirúrgico com duas salas de cirurgia e uma sala de recuperação anestésica, com infraestrutura composta por aparelhos modernos. Além disso, as enfermarias estão equipadas com camas elétricas para o maior conforto e segurança dos pacientes e os banheiros seguem as normas da Anvisa.

A equipe multiprofissional é composta por cirurgiões plásticos, médicos clínicos, pediatras, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, assistentes sociais e fonoaudiólogos.  

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