A Secretaria de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) assinaram, nesta quarta-feira (10), na Cidade Administrativa, termo de cooperação técnica para apoio à execução de lagos de múltiplo uso e barraginhas para colher a água das enxurradas, itens que fazem parte do convênio de pequenas barragens celebrado entre o Governo de Minas e o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Com base na inovadora tecnologia desenvolvida pela empresa pública federal, ao todo serão construídos 1.736 lagos de múltiplo uso em 24 municípios do Norte de Minas, sendo cada um desses reservatórios acompanhado por dez barraginhas. O investimento total será de R$ 22.362.222,00, incluindo contrapartida estadual. A iniciativa tem o objetivo de reforçar a infraestrutura hídrica da região, integrando o conjunto de programas e ações do Governo do Estado, neste caso estruturantes, para reduzir as consequências negativas das estiagens prolongadas sobre os moradores e as economias locais.

Participaram da formalização da parceria o secretário de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas, Gil Pereira (Sedvan); o secretário-adjunto da Sedvan e diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), Bruno Alencar; e o chefe geral da Embrapa Milho e Sorgo / Sete Lagoas, Antônio Álvaro Purcino.

Resultados

“O impacto dessas intervenções é estratégico para reduzir o uso de caminhões-pipa e outras medidas emergenciais contra a seca. Pretendemos ampliar nossa atuação no Norte de Minas e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, com foco na transferência de tecnologias e capacitação das comunidades de agricultores. Para tanto, contamos com o apoio da Sedvan e de outras instituições do Governo de Minas, como a Emater-MG”, disse Antônio Purcino.

O secretário Gil Pereira destacou a importância e os bons resultados alcançados por meio da tecnologia das barraginhas. “Nosso objetivo é intensificar a aplicação dessa e de outras técnicas, trabalhando diretamente com aqueles que estão na ponta das atividades, ou seja, os pequenos produtores e os técnicos das prefeituras”, revelou.

Para o secretário-adjunto e diretor-geral do Idene, Bruno Alencar, as obras das barraginhas e também dos lagos de múltiplo uso apresentam resultados práticos e reconhecidos, com a vantagem do baixo custo para sua execução. “São intervenções estruturantes que compõem a estratégia do Governo do Estado contra a seca nos municípios afetados”, salientou.

Tecnologia

As intervenções serão executadas em áreas rurais dos seguintes municípios do Norte de Minas: Bonito de Minas, Catuti, Cônego Marinho, Espinosa, Gameleiras, Itacarambi, Jaíba, Januária, Juvenília, Lontra, Mamonas, Matias Cardoso, Mato Verde, Miravânia, Montalvânia, Nova Porteirinha, Pai Pedro, Patis, Pedras de Maria da Cruz, Riacho dos Machados, Rio Pardo de Minas, São João da Ponte, São João das Missões e Verdelândia.

O projeto do sistema de barraginhas foi iniciado há cerca de 30 anos pelo engenheiro agrônomo da Embrapa, Luciano Cordoval. O objetivo é colher a água das enxurradas, proporcionando infiltração rápida no solo entre uma chuva e outra. São pequenas bacias escavadas que se carregam e descarregam de três a seis vezes durante a estação chuvosa no semiárido, ocupando o espaço poroso do solo, reforçando o lençol freático.

Funciona como uma caixa d´água natural, possibilitando sustentar lagos para piscicultura, plantio nas áreas umedecidas com lavouras, pomares e irrigar hortas, o que viabiliza a produção de alimentos para as famílias e a comercialização do excedente, com geração de trabalho e renda. Atualmente, existem cerca 500 mil barraginhas implantadas no Brasil. Em Minas Gerais, somam em torno de 300 mil unidades em mais de 500 municípios, especialmente no Cerrado e no Vale do São Francisco.

O lago de múltiplo uso é uma bacia revestida com lona de plástico comum, recoberta por camada de 25 a 30 centímetros de terra, para sua fixação no fundo e proteção contra raios solares, peixes e animais. Trata-se de alternativa eficiente, de longa vida e baixo custo, podendo ser a técnica conjugada à das barraginhas. Para fazer o lago e seu revestimento, é necessário apenas uma pá-carregadeira ou retroescavadeira.

Também estiveram presentes à reunião o chefe de Gabinete da Sedvan, Mauro David; o diretor de Captação e Qualificação do Sistema Sedvan-Idene, Filipe Galgani; e o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Jason de Oliveira Duarte.