BELO HORIZONTE (02/09/11) – As riquezas naturais de Minas Gerais estão mais protegidas. O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), lançou oficialmente o programa Geopark Quadrilátero Ferrífero, iniciativa que promove o desenvolvimento sustentável, atua pela preservação de sítios geológicos de especial valor científico e valoriza o patrimônio cultural local. O lançamento foi realizado na Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), em Belo Horizonte, e contou com a presença da Unesco. O Geopark Araripe, no Ceará, foi o primeiro nas Américas a ser reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Além da proteção do patrimônio geológico, o conceito de Geopark – criado pela Unesco em 1999 – diz que o território definido deve apresentar valores ecológicos, arqueológicos, históricos e culturais importantes para a identidade regional. O parque deve atuar também pelo fomento de projetos educacionais, de popularização da ciência e pesquisa geológica, sempre com o envolvimento da comunidade. O Geopark Quadrilátero Ferrífero reúne todas essas características, pois conta com sítios geológicos representativos da história geológica da região, associada à evolução global da terra, e da história da mineração do ouro e do ferro no Brasil. A seleção do espaço foi baseada nas recomendações da Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep).

Ainda que inserido em uma área conhecida pela atividade mineradora, segundo o presidente do Comitê Gestor do Geopark e gerente-executivo do Polo Mineral e Metalúrgico da Sectes, Renato Ciminelli, o Geopark Quadrilátero Ferrífero não será contra a mineração. “O parque cria uma agenda alternativa de desenvolvimento territorial, começando pelo lado cultural, histórico e turístico, mas desenvolvendo uma economia plural, menos concentrada na mineração e mais articulada com outros segmentos que também podem estar integrados com a atividade mineradora”, informou.

Como o desenho estratégico do programa envolve o trabalho em rede e associativo, o objetivo agora é consolidar as parcerias locais, nacionais e internacionais já firmadas com instituições como o Inhotim, Université Lille (França) e o Centro de Integração para Sustentabilidade Ambiental (Cisal). “O grande objetivo do lançamento era mostrar à comunidade, não só apenas à Unesco, o nosso grau de inter-relação institucional e com todos os segmentos da sociedade civil. Agora vamos trabalhar consolidando, operacionalmente, as parcerias com prefeituras, empresas, organizações não governamentais (ONGs) e outros, com foco também na articulação com projetos da Sectes, como o Polo de Inovação Ambiental”, destacou Ciminelli.

Atualmente, o Geopark Quadrilátero Ferrífero está em fase de auditoria, por integrantes da Unesco, para certificação e inserção na rede mundial Global Geoparks Networks das Nações Unidas, que reúne mais de 80 parques pelo mundo. Guy Martini, um dos auditores, avalia que o programa mineiro têm tudo para ser um grande Geopark e zona de preservação. “Há uma diversidade de sítios geológicos naturais e culturais excepcionais. Vimos a participação das pessoas e autoridades municipais que vivem na região, todos envolvidos e conscientes da necessidade de valorizar o patrimônio e promover o desenvolvimento sustentável”, afirmou. O resultado da auditoria será divulgado entre os dias 16 e 18 de setembro, em reunião da Unesco na Noruega.

O Geopark Quadrilátero Ferrífero é uma iniciativa do Governo de Minas, por meio da Sectes e sua ação Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e a Puc Minas.