BELO HORIZONTE (12/01/10) - O objetivo do projeto Resgate de Hortaliças Não-Convencionais é estimular a produção e o consumo de hortaliças dificilmente encontradas no mercado. Em 2009, o programa ganhou mais dois bancos de multiplicação de espécies, em Juiz de Fora, na Zona da Mata e em Varzelândia, na região Norte de Minas Gerais. O projeto será ampliado este ano, com novas unidades, e serão confeccionados materiais didáticos como uma cartilha e um livro de receitas.

O projeto Resgate de Hortaliças Não-Convencionais teve início em 2008, iniciativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), em parceria com associações, prefeituras, Embrapa Hortaliças, Embrapa Milho e Sorgo, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O trabalho consiste na implantação de bancos de multiplicação de hortaliças não-convencionais para a distribuição de mudas e sementes.

Os municípios de Três Marias e Prudente de Morais, região Central do Estado, foram os primeiros a receberem os bancos beneficiando cerca de 200 famílias entre 2008 e 2009. As mudas e sementes são distribuídas gratuitamente para os moradores das comunidades onde os bancos foram implantados. Além de incentivar a produção e o consumo das hortaliças não-convencionais, os campos de multiplicação ajudam a enriquecer o cardápio das famílias. “Nós temos obtido resultados positivos. Ouvimos relatos de mudança de hábitos alimentares e de um consumo maior de hortaliças, melhoria da qualidade alimentar das famílias e consequentemente a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”, diz o coordenador técnico Estadual de Olericultura da Em ater, Georgeton Silveira.

Em cada banco existem 23 espécies de hortaliças não-convencionais, isto é, espécies que correm risco de extinção ou que não são encontradas com facilidade no mercado. Variedades pouco conhecidas como o chuchu de vento, feijão mangalô, jiló lobeira e mangarito. “O mangarito, por exemplo, é uma planta que está em extinção e que, segundo alguns relatos, era consumida pelos indígenas”, explica Silveira.

O banco de hortaliças não-convencionais de Juiz de Fora é o maior, com aproximadamente 300 m² e vai beneficiar oito municípios da região. A distribuição de mudas e sementes dos novos campos de multiplicação começa no segundo semestre de 2010. Segundo Georgeton Silveira, este ano o projeto vai crescer graças a uma parceria entre a Emater-MG e a Epamig. O acordo vai possibilitar a implantação de bancos de multiplicação nas unidades da empresa de pesquisa. Os recursos, cerca de 90 mil reais, são provenientes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A ideia é capacitar técnicos e agricultores, além de produzir e distribuir mudas e sementes para famílias interessadas e também para a criação de outros campos de multiplicação de hortaliças no Estado. “Só conseguiremos evoluir na distribuição dessas mudas se tivermos esse bancos instalados nas comunidades. Caso contrário, é muito difícil a ampliação do projeto. Por isso, é de fundamental importância essa parceria”, afirma Georgeton Silveira.

Outra ação este ano é a confecção de material didático. Serão elaborados um manual voltado para os técnicos e uma cartilha para os agricultores com informações nutricionais e sobre o cultivo das hortaliças. Também será lançado o livro de receitas “Hortaliças não-convencionais: resgatando a história, saberes e sabores”. “O principal objetivo é divulgar as várias possibilidades de utilização dessas hortaliças para uma alimentação saudável, inclusive combinadas com outros alimentos. E o importante é que, a partir desse livro, outras receitas poderão ser resgatadas e criadas na perspectiva de diversificar o uso dessas hortaliças não-convencionais”, comenta a autora do livros e coordenadora técnica em Segurança Alimentar da Emater-MG, Faustina Maria de Oliveira.