BELO HORIZONTE (27/10/11) – As inscrições para a 6ª edição do Programa de Educação Profissional (PEP) terminam às 12h desta sexta-feira (28) e devem ser feitas no Ambiente Virtual do PEP, no site da Secretaria de Estado de Educação (SEE). Estão disponíveis 30 mil vagas em 123 municípios do Estado e há 60 opções de cursos.

Para concorrer, o interessado deve estar regularmente matriculado no 2º ou 3º ano do ensino médio na rede pública estadual, no 1º ou 2º ano do curso de Educação de Jovens e Adultos de ensino médio, na modalidade presencial, em qualquer escola, ou ter concluído o ensino médio também em qualquer escola, desde que não esteja cursando o ensino superior.

O PEP oferece oportunidades do tamanho certo para cada região de Minas. Os cursos não levam em conta apenas a necessidade de formação dos jovens mineiros, mas também a vocação profissional e a demanda de cada região do Estado. “Antes de oferecer um curso a secretaria estuda se aquela mão de obra será absorvida pelo mercado. Alguns cursos existem em todas as regiões, mas outros são bastante específicos”, explica a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica da SEE, Raquel Elizabete de Souza Santos.

Um bom exemplo está em Nova Serrana, no Centro Oeste de Minas Gerais. A cidade é um dos polos calçadistas do Estado, por isso o PEP oferece o curso de técnico em calçados. O curso  está na 6ª edição e tem 35 vagas abertas. O polo engloba 12 municípios, é referência nacional no setor e conta hoje com pelo menos 1.200 empresas. Segundo o Sindicato Intermunicipal da Indústria do Calçado de Nova Serrana, o pólo produziu 110 milhões de pares de sapatos em 2010.

Foi justamente a vontade de se destacar nesse mercado que levou Anthony Gontijo a buscar aperfeiçoamento. Ele começou a trabalhar com calçados na família, formou-se na primeira turma do PEP e hoje já tem um negócio próprio. “Eu fiz o curso pensando em me especializar. Não tinha intenção de sair do negócio da família, que trabalha com sapatos de couro. Lá eu descobri novas técnicas e acabei mudando de área. Abri uma etiquetadora, que trabalha com calçados esportivos. A empresa é nova, mas já consegui melhorar”, conta Anthony, que se formou no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), umas das instituições credenciadas para oferecer cursos pelo PEP. 

Lucas César da Silva também fez o curso, mas com o diploma em mãos, trocou a fábrica pela sala de aula. Com 21 anos, ele foi contratado pelo Senac para ser instrutor no mesmo curso e hoje dá aula de design. “O design não é só o desenho do sapato, é necessário estudar a biomecânica e toda uma série de fatores. A pessoa aprende a ‘ler’ o calçado. Com o curso, a pessoa tem uma visão ampla da área calçadista, que vai desde a fabricação, até uma noção de mercado”, destaca o jovem professor

Da criação à restauração

Se em Nova Serrana, o que movimenta o mercado são os calçados, em Ouro Preto, os estudantes são atraídos pela conservação da história. A atual edição do PEP oferece 20 vagas para o curso técnico em conservação e restauro, pela Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), entidade ligada à Secretaria de Estado de Cultura. As técnicas abrangem três suportes: papel, (livros e documentos), pintura de cavalete (a óleo) e esculturas policromadas (aquelas que são pintadas).

“Praticamente todos os trabalhos de restauração com um significado importante no Brasil têm um aluno da Faop. É o técnico que pega no bisturi e faz a restauração”, ressaltaq a presidente da Faop, Ana Pacheco. “Trata-se de um curso relativamente caro e por meio do PEP esses estudantes tem a chance de cursá-lo gratuitamente. É uma ótima oportunidade”, completa.

Cibelly Curty, de 56 anos, formou-se no curso técnico da Faop por meio do PEP. Natural de Conselheiro Lafaiete, hoje ela faz parte de uma equipe que trabalha na restauração da principal igreja da cidade, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Datada de 1733, a igreja foi construída em estilo barroco e conta com partes do altar esculpidas em madeira, telas de pintura a óleo que ilustram a vida de Jesus, entre outros detalhes.

“Estou trabalhando com restauração de telas do século 18. Faço desde a limpeza, remoção de camadas de tinta, até tratar todo o suporte e reintegração da pintura. Alguns quadros foram repintados com outras imagens e depois da restauração descobrimos a pintura original do século 18. É uma emoção muito grande ajudar a recriar a história”, diz Cibelly.