BELO HORIZONTE (26/08/09) - Para auxiliar o monitoramento de agrotóxicos que está sendo feito nas culturas de morango e tomates no Estado, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) conta com o Laboratório de Análise de Resíduos e Agrotóxicos (Lara) para identificar os níveis de resíduos nos produtos.

O Lara analisa hortifrutícolas de propriedades rurais, para verificar se os níveis residuais de agrotóxicos estão dentro dos Limites Máximos de Resíduos (LMR) e se os produtos utilizados são autorizados para as culturas analisadas, segundo a legislação estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para o Projeto de Alimento Seguro (PAS) do IMA, o Lara analisou até julho, 54 amostras contendo morangos e tomates e o resultado mostrou que 81,5% estavam conformes, 5,5% estavam utilizando produtos não indicados para a cultura e 13% estavam fora do padrão quanto ao limite máximo de resíduos. Nessas propriedades não conformes, que somam 18,5% serão feitas ações de orientação e capacitação para adequar o seu uso conforme as normas vigentes. O Lara vai analisar até dezembro, 160 amostras no total.

O laboratório realiza análises de resíduos desde 2001. Ano passado, de abril a novembro, foram analisadas 175 amostras, na qual 17,7% continham ingredientes ativos não autorizados e 2,3 % acima do LMR. Neste ano, o Lara já superou os dois anos anteriores, pois recebeu para análise, até o início de agosto, 230 amostras.

A análise laboratorial é fundamental para controlar o uso de agrotóxicos. Para Altino Rodrigues Neto, diretor-geral do IMA, “sua importância se deve não só pelo fato de fiscalizar se os produtores cumprem a legislação mas também, ajuda na conservação do meio ambiente e na comercialização de produtos de qualidade para os consumidores”.

O maior problema encontrado através das análises e que geram infrações são o uso de produtos não autorizados para as culturas. A indicação do tipo de agrotóxico a ser usado deve ser feita por engenheiro agrônomo ou técnico agrícola. A venda desses produtos só pode ser feita mediante receita agronômica e fica o comerciante sujeito a multa, caso a medida seja descumprida.

Qualificação

Além do Lara, que integra o Laboratório de Química Agropecuária (LQA), o IMA conta com o Laboratório de Saúde Animal (LSA), que realiza diagnósticos de algumas doenças como brucelose, raiva, febre aftosa e anemia infecciosa equina. Além disso, produz pasta vampiricida para o controle do morcego hematófago e ainda controla, distribui e comercializa antígenos para diagnóstico de Brucelose e Tuberculose em Minas Gerais.

Tanto o Lara como o LSA possuem a norma ISO/IEC 17025 implantada, que estabelece os critérios para aqueles laboratórios que desejam demonstrar sua competência técnica, que possuem um sistema da qualidade efetivo e que são capazes de produzir resultados tecnicamente válidos.

A implantação da norma é de grande relevância econômica, pois confere um valor diferenciado aos relatórios de ensaio emitidos por laboratórios, cuja competência técnica é reconhecida por um organismo de credenciamento. Com a norma implantada, o Lara está em processo de acreditação no Inmetro, com auditoria agendada para novembro. Com esta conquista os resultados de ensaio realizados pelo laboratório poderão ser aceitos em outros países.

Isto vale para o laboratório que utiliza os critérios da norma e que seja credenciado por um organismo que estabeleça acordos de reconhecimento mútuo com organismos equivalentes de outros países. Este é o caso do Inmetro, que estabeleceu um acordo de reconhecimento mútuo com a European Cooperation for Acreditation (EA).

Já o LSA aguarda a auditoria externa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que acontece no fim de agosto, para o credenciamento do diagnóstico da Febre Aftosa. O laboratório tem sede em Belo Horizonte e conta com uma unidade de apoio em Juiz de Fora. O LQA, ao qual o Lara pertence, fica em Contagem e possui outra unidade em Patrocínio. Mais informações sobre coletas e endereços, no site do IMA, www.ima.mg.gov.br .

Outros laboratórios que compõem a rede oficial do instituto também estão trabalhando na elaboração dos documentos necessários para a acreditação na ISO/IEC 17025. O Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário em Insetos, por exemplo, foi o primeiro laboratório do país credenciado pelo Mapa na norma, para este diagnóstico.

José Marques Neto, gerente da rede laboratorial do IMA afirma que “a acreditação ou homologação para reconhecimento de qualidade ISO é o principal foco em 2009, já que consta como uma das metas do Acordo de Resultados assinado pelo Instituto”.

Investimentos

Através do Projeto Estruturador Certifica Minas, o IMA investiu de 2007 até agosto de 2009, mais de R$ 418.000,00 na sua rede laboratorial com aquisição de equipamentos usados para as análises e capacitação de pessoal, o que aumentou sua capacidade analítica e operacional.

A maior parte dos recursos foi direcionada aos laboratórios que estão em processo de implantação da qualidade como o de Segurança Microbiológica de Alimentos e o de Físico-Química de Alimentos que, em conjunto, são os responsáveis pela segurança alimentar e trabalham atendendo a inspeção de produtos e de subprodutos de origem animal e também à Gerência de Certificação.

Os laboratórios do IMA são fortes aliados para a defesa sanitária animal e vegetal no Estado.