Minas por Região
Ciência e Tecnologia

13h32min - 28 de Março de 2012 Atualizado em 15h16min - 28 de Junho de 2013

Minas dispõe de “Sala Limpa” de referência para análises químicas

Considerado o mais bem equipado do país, laboratório do Cetec pesquisa produtos utilizados em processos de hemodiálise

Filtragem da entrada do ar atmosférico; proibição de calçados comuns, brincos e outros acessórios; treinamento e trajes especiais. Esses são apenas alguns dos cuidados necessários para se entrar no laboratório de traços metálicos, mais conhecido como Sala Limpa, da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), instituição de desenvolvimento tecnológico do Governo de Minas vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). A sala foi o primeiro laboratório do país com estrutura capaz de realizar a análise da presença de alumínio em amostras de água de hemodiálise e do sangue de pacientes com insuficiência renal.

Criada em 1995 com aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), sob coordenação da pesquisadora Olguita Ferreira Rocha, a Sala Limpa é considerada a mais bem equipada do Brasil e uma referência na análise dos produtos para hemodiálise. “Nós realizamos análises para centros de diálise em hospitais das redes pública e particular, do Amazonas ao Rio Grande do Sul”, conta a pesquisadora. Segundo ela, o alumínio, quando presente em nível elevado no sangue, pode causar fraturas ósseas, problemas de crescimento e até mesmo demência.

No laboratório, também é realizado o controle de contaminação de análises nas áreas de alimentos, meio ambiente, produção industrial e eletroeletrônica. A água das bacias hidrográficas que abastecem Minas Gerais também é analisada na Sala Limpa.

Controle rígido do ambiente

A Sala Limpa é dividida em quatro ambientes interligados que totalizam uma área de 90 metros quadrados. O conceito desse tipo de laboratório é que ele seja livre de partículas externas para que o resultado das análises seja o mais preciso possível. Para isso, é realizado um controle muito rígido dos materiais que são colocados no local. As amostras a serem observadas, por exemplo, são coletadas em um recipiente fornecido pelo Cetec e ainda passam por limpeza antes de chegarem à sala.

Os cuidados com o laboratório, contudo, são muito mais complexos do que apenas a limpeza do material usado. Para trabalhar na Sala Limpa, os pesquisadores devem cumprir uma série de exigências, como não usar cosméticos ou fumar. O tabagismo é proibido na equipe, já que o fumante emite partículas até três horas após o consumo do cigarro.

Pessoas mais inquietas também não são ideais para o trabalho dentro desse laboratório especial. “Uma pessoa muito agitada movimenta partículas. Para se ter ideia, sentando e levantando, uma pessoa libera 2,5 milhões de partículas por minuto. Sentado, sem movimento, 100 mil; caminhando a 3km/h, 5 milhões de partículas”, explica a coordenadora da Sala Limpa, Olguita Rocha.

Os pesquisadores também não podem usar acessórios pessoais, como brincos e sapatos, dentro da sala. O uniforme especial utilizado funciona como um filtro do corpo, que impede a dispersão de partículas. O traje é limpo em uma lavanderia instalada na ante-sala do laboratório. Os profissionais utilizam um uniforme específico para cada um dos quatro módulos da sala, que possuem diferentes níveis de retenção de partículas. No módulo de maior controle de contaminação, a equipe trabalha com apenas os olhos e nariz descobertos.

Cinquenta trocas de ar por dia

Se as exigências para a entrada dos profissionais são rígidas, o cuidado com o ar é tão importante quanto. A Sala Limpa tem controle de temperatura, umidade e pressão do ar, condicionado por meio de filtros. Na parte externa do prédio em que o laboratório está instalado, há uma casa de máquinas com duas baterias de filtros que impedem a entrada de partículas grossas e finas. Ainda antes de chegar à sala, o ar passa por uma terceira etapa de filtragem. A Sala Limpa conta com 14 dutos de entrada do ar em baixa velocidade, para evitar a suspensão de partículas que eventualmente sejam geradas. Esse ar varre a sala e é retirado por gretas posicionadas no nível do piso.

O ar retirado retorna ao primeiro filtro, onde há uma caixa de mistura em que é colocado 30% a mais de ar novo. Acontecem aproximadamente 50 trocas de ar por hora. As ilhas de trabalho contam com filtros que retiram o ar pelo mesmo sistema de dutos e com uma bancada perfurada para garantir a renovação de todo ar. Essas medidas garantem um nível de limpeza do ar que impede a contaminação das amostras e dos pesquisadores.

Uma pesquisa realizada pelo Cetec em 2005 acerca das soluções usadas na hemodiálise descobriu alto nível de estrôncio, metal considerado como um dos possíveis causadores de doenças ósseas nos portadores de insuficiência renal crônica. Segundo o Censo de 2010 da Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 92 mil pessoas realizam tratamento dialítico. Só em Minas Gerais, são 96 clínicas que realizam hemodiálise. Ainda assim, o monitoramento do estrôncio na água e sangue usados no processo não é uma prática comum.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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