A primeira escola de Minas Gerais dentro de um hospital judiciário foi inaugurada, nesta terça-feira (27), pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), em parceria com aSecretaria de Estado de Educação (SEE). A experiência, uma das primeiras do país, será desenvolvida em Barbacena, na Zona da Mata, no Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz. A iniciativa é mais uma ação do programa Trabalhando a Cidadania, desenvolvido pela Superintendência de Atendimento ao Preso da Seds e voltado para a reinserção social dos indivíduos privados de liberdade.

O hospital judiciário de Barbacena é uma unidade prisional destinada a detentos com problemas psiquiátricos e mentais. Com a inauguração oficial da escola, os pacientes do hospital passam a ter acesso à educação formal, voltada à alfabetização, enquanto estão detidos na unidade. A experiência reforça a preocupação da Defesa Social em proporcionar um cumprimento de pena humanizado e voltado para a ressocialização. “A atividade que é exercida nessa unidade é talvez a mais complexa, já que lida com aspectos do ser humano daqueles mais indecifráveis e, por isso, requer muita dedicação dos profissionais do Hospital Psiquiátrico”, disse o secretário Rômulo de Carvalho Ferraz, presente na solenidade.

Durante o evento, o secretário agradeceu ainda à Secretaria de Educação por mais uma parceria e enfatizou que Minas Gerais tem se destacado na administração do Sistema Prisional, com resultados expressivos tanto no número de presos trabalhando quanto estudando. Atualmente, há escolas formais em 59 unidades prisionais no Estado de Minas Gerais, que atendem a mais de 6 mil detentos. Pelo estudo, eles recebem remição de pena – a cada 12 horas de estudo, um dia a menos no cumprimento da sentença.

Aprendizagem

O segundo endereço da Escola Estadual Henrique Diniz, em funcionamento desde agosto deste ano, oferece ensino na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) para 13 alunos, entre homens e mulheres, dos primeiros anos do Ensino Fundamental. A seleção dos internos que estão matriculados na escola foi realizada por uma Comissão Técnica de Classificação (CTC), formada por psicólogos, assistentes sociais e técnicos jurídicos, pedagogos, pelo coordenador de segurança, entre outros profissionais da unidade.

A estrutura conta uma sala de aula, com capacidade para até 20 alunos. Neste primeiro período de funcionamento, as aulas serão realizadas pela manhã, mas a partir do próximo ano, os alunos serão atendidos em dois turnos.

Por todos os lados da sala é possível visualizar alguns trabalhos dos alunos e o cuidado com o material didático. Segundo a professora Ednea Nezio de Castro Silva, o dia a dia das aulas é igual ao de uma escola regular. Os presos têm atividades variadas, como por exemplo, o trabalho com recortes. A palavra chave na escola, segundo ela, é o respeito.

Como ressalta o superintendente de Atendimento ao Preso, Helil Bruzadelli, os pacientes que cumprem medida de segurança no Hospital, têm um potencial muito grande de desenvolver suas habilidades cognitivas. “Esperamos elevar a autoestima e a recuperação desses indivíduos”, destacou.

Já o diretor geral do Hospital Judiciário, João Bosco Ribeiro de Abreu, ressalta que abrir as portas de uma escola não é simplesmente encher a sala de aula de aluno, mas resgatar a cidadania da pessoa e trazer a esperança de um futuro melhor para quem já acreditava em mais nada. “Hoje, é sem dúvida um dia de muita emoção e mostra que estamos no caminho certo da ressocialização”.

Solenidade

O descerramento da placa de inauguração da primeira escola dentro de um hospital Judiciário foi realizado pelo secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, juntamente com a coordenadora das Superintendências Regionais de Ensino do Estado, Maria Eunice de Lima Prata, que representava a secretária de Estado de Educação, Ana Lucia Gazzola, no evento. Durante a inauguração, os internos fizeram uma apresentação teatral que retratou a busca pela educação.