BELO HORIZONTE (26/11/08) - Antes da abertura oficial do fórum “Diálogos da Terra no Planeta Água”, no Minascentro, em Belo Horizonte, a imprensa se reuniu numa entrevista coletiva com Mohan Munasinghe, dirigente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC); Alexander Likhotal, presidente da Green Cross International; e Octávio Elísio Alves de Brito, subsecretário de Ensino Superior da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), que é o coordenador do evento. Também fez parte da mesa, o diretor da Green Cross International, Xavier Guijarro.

O professor Octávio Elísio apresentou os convidados e disse que o Governo de Minas tem compromisso com a preservação e com o desenvolvimento sustentável. Por isso está realizando, por meio das secretarias de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em parceria com a Green Cross International e a Fundação Renato Azeredo, os Diálogos da Terra no Planeta Água.

Conhecido também como um dos colaboradores mais próximos do então presidente da extinta União Soviética, Mikhail Gorbachev, Alexander Likhotal disse que os Diálogos da Terra no Planeta Água tem uma grande importância em razão do momento atual de crise econômica e de mudanças climáticas. Segundo ele, haverá em Minas Gerais uma oportunidade de intercâmbio das melhores práticas que poderão ser replicadas para todo o planeta. “Vai ser possível avaliar se estamos explorando o nosso potencial de maneira sustentável, se os nossos objetivos estão sendo atingidos”, afirmou.

Para Likhotal, existe uma inércia na busca do desenvolvimento sustentável. Ele explica que a água é um bem e uma necessidade do ser humano que não deve ser influenciada por nenhum tipo de crise ou conflito.

Natural do Sri Lanka e um dos mais destacados membros do IPCC, Mohan Munasinghe disse que os problemas do mundo estão aumentando porque eles estão relacionados à pobreza, alimentação, energia, segurança e energia. A partir deles surgem as alterações climáticas e a poluição. Ele afirma que os líderes acham muito difícil modificar o modo de gestão. Quanto ao papel do jovem na transformação do planeta terra, ele reafirma sua esperança, mas acredita que é preciso motivá-lo. Citou o papel da Green Cross e outras instituições como fundamental no contato com o jovem. Likhotal lembrou que as diversas gerações estragaram o planeta e cabe agora fazer um grande esforço para recuperá-lo para o jovem.

O papel das empresas na opinião de Likhotal é o resultado de boa parte dos problemas ambientais, porém ressaltou que é preciso buscar o engajamento delas. “Os governos devem organizar o cenário para que todos participem da transformação”, afirma. Mohan também destaca como imprescindível a participação das empresas, inclusive com recursos financeiros e mudanças no modo de produção. “Não podemos esperar apenas dos governos. Precisamos encorajar as atividades sustentáveis e conciliar crescimento econômico com preservação ambiental. Não é questão de escolha optar por desenvolvimento ou preservação”, alerta.

Likhotal falou que se houver investimentos de 100 bilhões de dólares em energias renováveis, serão gerados quatro vezes mais empregos do que nas fontes tradicionais. Para Mohan, não se pode esquecer que existem 2 bilhões de pessoas pobres no planeta e que portanto, não se deve criticar o desenvolvimento. “O que precisamos é de um novo modelo de desenvolvimento. A solução do problema é mudar o foco”, concluiu.

Também estiveram presentes na entrevista coletiva: o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alberto Duque Portugal; o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Narcio Rodrigues, que iniciou as conversações para trazer a Minas os Diálogos da Terra; o presidente da Green Cross Brasil, Celso Claro e o secretário executivo do Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas, Milton Nogueira.