Minas por Região
Agricultura

13h08min - 26 de Março de 2009 Atualizado em 16h12min - 29 de Junho de 2013

Municípios investem na rotulagem de produtos artesanais

BELO HORIZONTE (26/03/09) - Os produtos da agroindústria artesanal de Matias Barbosa e Simão Pereira, na Zona da Mata, vão ter rotulagem nutricional obrigatória, passando a atender as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para se adequarem à legislação, produtores que fabricam alimentos da agroindústria têm apoio e assistência da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater/MG). A empresa promove curso sobre o assunto e calcula valores nutricionais que vão estar no rótulo.

A Anvisa define a rotulagem nutricional de produtos embalados, como obrigatória para que os consumidores conheçam as substâncias existentes no produto. A rotulagem indica a pessoas que precisam seguir dieta específica, quais produtos podem ser ingeridos. “Pessoas com doença celíaca, por exemplo, não podem ingerir glúten e devem ser avisadas, pelo rótulo, se o alimento possui a substância. Já os diabéticos devem saber o teor de açúcar dos produtos que comem”, explica a extensionista de Bem-Estar Social, Wilma Oliveira Melo, que ministra curso sobre o tema.

De acordo com a extensionista, a Emater-MG tem dedicado especial atenção ao tema, pois além da rotulagem dos alimentos ser exigência da legislação, quem foge da norma não permanece no mercado. Os produtores notaram a importância do assunto quando Wilma ministrou o curso de rotulagem nutricional obrigatória, em Simão Pereira e Matias Barbosa, no ano passado. “O pessoal se animou para fazer o rótulo de maneira adequada. Logo depois, veio a oportunidade de participar da feira de agroindústria que acontece no Parque Halfeld (em Juiz de Fora), então queremos entrar com tudo certinho”, conta.

Wilma acredita que, por meio dos rótulos, os consumidores vão ficar mais seguros em adquirir os produtos da agroindústria artesanal feitos nos municípios. Com aumento da credibilidade proporcionado pela rotulagem, a extensionista prevê um aumento nas vendas dos alimentos. A produtora Maria de Fátima Batalha também acredita que a rotulagem vai ser importante. “Onde eu moro, muita gente passa para comprar meu doce e fala que se tivesse rótulo omprava para colocar no mercado. Tenho a certeza que vai crescer a venda”, aposta.

Para que a impressão dos rótulos não fique acima do preço que o produtor pode pagar, está sendo discutido a possibilidade das prefeituras auxiliarem o processo. A idéia, segundo a extensionista, é que a prefeitura mande imprimir grande quantidade de rótulos e depois venda aos produtores com preço mais baixo. Já as informações nutricionais do rótulo serão calculadas e organizadas por Wilma que é formada em Nutrição e acompanha a produção dos alimentos, analisando e pesando ingredientes para aferir o teor de nutrientes nos produtos.

Rótulo correto

O rótulo nutricional deve possuir um painel principal com o nome do produto, a marca, o peso líquido, a data de fabricação, o prazo de validade e a indicação que possibilite contato. Pode existir também, um painel secundário com informação nutricional e a lista de ingredientes. “Nesta parte você pode dar uma receita saborosa daquele produto, por exemplo. Tem uma série de coisas que se pode acrescentar, mas no painel secundário”, explica a extensionista da Emater-MG.

Para que o produtor não pague um preço alto, os rótulos dos produtos da agroindústria artesanal de Matias Barbosa e Simão Pereira vão se concentrar nas informações principais e exigidas pela lei. Segundo Wilma, no painel principal vão estar: o nome do produto, a marca, o peso líquido, a data de fabricação e validade. No painel secundário, o consumidor vai encontrar informações sobre o teor de açúcar ou sal dos alimentos, por exemplo, informações que são válidas para as pessoas com doenças, como diabetes, hipertensão e triglicérides alto.

Agroindústria e artesanato

A produção de bolos, biscoito, pães e doces nos municípios de Matias Barbosa e Simão Pereira tem sido uma alternativa econômica para as mulheres da região. Elas se reúnem em associações para a produção de alimentos e artesanato. Maria de Fátima Batalha é uma delas. “Meu ponto forte são as peças do côco. Faço cocada e com as cascas, luminária, porta-guardanapo, porta-jóia”, relata. Maria de Fátima uma das fundadoras da Associação Caminho Novo, em Matias Barbosa. A entidade reúne 38 artesãs e produtores da agroindústria.

As produtoras estão negociando com a prefeitura a construção de uma cozinha industrial na sede da associação. Segundo Maria de Fátima, a cozinha é um bom negócio porque os alimentos vão ser produzidos coletivamente e o lucro será dividido entre as associadas, sendo que uma porcentagem será reservada para a associação. “Hoje, se eu faço o doce, dou 10% do lucro para associação e o resto é meu. Com a cozinha, todos os associados participarão dos lucros. É oportunidade para todos”, afirma.

Em Simão Pereira, a associação de artesãos começou a partir de uma visita a Alfredo Vasconcelos, promovida pela Emater-MG, em parceria com a prefeitura municipal, com objetivo de conhecer a agroindústria do município. Em uma parada na volta para Simão Pereira, produtores viram o artesanato da Cooperativa Meninas Gerais, de Barbacena, e acharam interessante. Então, Wilma agendou a visita, que aconteceu em maio de 2008, e impulsionou as mulheres da região a se reunirem para produzirem artesanato.

Hoje, existe uma associação que reúne sete artesãs. A presidente, Jeanine Mourat Menezez Schittini, explica que mais mulheres querem participar, mas como a Associação ainda não tem sede, torna-se difícil a presença de muitas pessoas. Atualmente, as mulheres se encontram todos os dias, de 13h às 17h, na casa de Jeanine. Segundo ela, o problema deverá ser solucionado, pois a entidade já negocia uma sede com a prefeitura.

Jeanine espera avançar com as vendas, conseguindo comercializar o artesanato em mercados maiores do que Simão Pereira, como Juiz de Fora e São Paulo. Ela acredita que as produtoras vão alcançar retorno fixo, que possibilitará o crescimento da associação. As artesãs também estão negociando a entrada na Feira de Artesanato do Parque Halfeld, que acontece aos sábados. Outro plano é comprar e vender o artesanato das mulheres que não podem estar todos os dias na associação. “Terceirizando o trabalho”, explica a presidente.

Wilma destaca que o artesanato tem sido muito importante na vida das mulheres de Simão Pereira e Matias Barbosa, transformando-se, muitas vezes, no sustento da família rural. “Só pensamos em continuar, ninguém quer parar ou diminuir o ritmo. O lucro ainda não é grande, mas vamos chegar lá”, afirma. “O retorno da auto-estima, de fazer uma coisa bonita, das pessoas elogiarem, isso também vale muito”, acrescenta Jeanine. Os lucros da agroindústria permitem a compra de, por exemplo, livros escolares para as crianças, pasta de dente e sabonete, segundo a presidente da Associação.

Resolução da Anvisa

De acordo com a resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003, da Anvisa, rotulagem nutricional “é toda descrição destinada a informar ao consumidor sobre as propriedades nutricionais de um alimento”. Para o órgão regulador, nutriente “é qualquer substância química consumida normalmente como componente de um alimento”.

A rotulagem deve, obrigatoriamente, ter “a declaração de valor energético e nutrientes (relação ou enumeração padronizada do conteúdo de nutrientes de um alimento) e a declaração de propriedades nutricionais (informação nutricional complementar)”. A resolução afirma que o rótulo está correto se possuir valor energético de carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio. Podem ser coladas, optativamente, as vitaminas, os minerais e outros nutrientes.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

Desenvolvido por marcosloureiro.com

Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves

Rodovia Prefeito Américo Gianetti, 4001
Edifício Gerais, 1º andar
Bairro Serra Verde - BH / MG
CEP: 31630-901
Tel.: +55 31 3915-0262

Telefones de Contato