Minas por Região
Cultura

18h07min - 26 de Maio de 2010 Atualizado em 12h43min - 01 de Julho de 2013

Museu Mineiro incentiva educação indígena

BELO HORIZONTE (26/05/10) - Giselma Xukuru-Kariri está entre os 71 professores de tribos indígenas de Minas Gerais que desenvolveram desenhos de esgrafito para o livro “Um Alfabeto para Contar Histórias: dos Homens, das Coisas, das Plantas e dos Animais”, lançado no último sábado (22), em Belo Horizonte. A professora de 27 anos, que este ano conclui licenciatura na área de Educação pela UFMG, comenta que a publicação servirá como cartilha artística e cultural. “Não tínhamos material de arte para trabalhar com os alunos em sala de aula. A partir desse alfabeto ilustrado, as crianças se interessarão pelo desenho, ficando livres para criar e soltar a imaginação”, comemora.

O livro integra o projeto Cultura Indígena: Um Olhar Diferenciado, idealizado pelo Museu Mineiro, instituição da Superintendência de Museus da Secretaria de Estado de Cultura, e busca dar visibilidade aos trabalhos das etnias mineiras Maxacali, Xucuru-Kariri, Kaxixo, Pataxó, Pankararu e Xacriabá. Francisco Magalhães, diretor do Museu, conta que em 2002, no território Xacriabá, no Norte de Minas, eram ministradas oficinas de arte e cultura para os indígenas que faziam o magistério. Eles alegavam que as imagens disponíveis no material didático usado nas aulas não mantinham “fidelidade” com a paisagem natural do cotidiano indígena. Depois de listar palavras consideradas importantes, o grupo usou as letras capitulares do alfabeto para criar desenhos que culminaram nas imagens da publicação.

Num processo de releitura dos originais, as artistas Isaura Pena, Glória Campos e Clô Paoliello contaram histórias por meio de seus desenhos feitos a partir dos originais indígenas. “Para acentuar o caráter de contato entre culturas, o objetivo desse projeto foi, justamente, aproximar, por meio de palavras e imagens, duas culturas. Depois de listados cerca de 550 vocábulos, os professores escolheram aqueles que iriam “desenhar”. Em seguida, as artistas criaram suas versões”, conclui Francisco Magalhães.

Exposição

Junto às obras das três artistas convidadas, os 210 desenhos e as 124 letras capitulares produzidos ficam expostos até o dia 11 de junho, na galeria da Escola Guignard, em Belo Horizonte. Ana Werneck, superintendente de Museus, conta que antes mesmo do livro ser viabilizado, organizadores do projeto realizaram duas mostras itinerantes em outros museus do Estado, passando por Cordisburgo (Museu Casa Guimarães Rosa) e Juiz de Fora (Museu do Crédito Real).

A técnica de esgrafito, com a qual os desenhos foram executados, consiste na sobreposição de duas camadas de materiais gráficos secos e molhados - neste caso, o nanquim sobre o giz de cera. Utilizando-se uma ponta seca ou instrumento cortante e duro, as camadas superiores são retiradas, revelando o material e as cores anteriormente cobertas pelo nanquim. É técnica comum nas práticas artísticas desde a antiguidade, em diversos períodos da história da arte por importantes artistas. Os desenhos elaborados pelos professores índios representam a fartura, os objetos de cultivo e luta e a natureza.

Serviço:

Evento: Exposição Palavra: dos Homens, das Coisas, das Plantas e dos Animais

Data: 24 de maio a 11 de junho

Visitação: Segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 21h / sábados, das 9h às 12h

Local: Galeria Guignard, rua Ascânio Burlamarque, nº 540, bairro Mangabeiras, Belo Horizonte

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

Desenvolvido por marcosloureiro.com

Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves

Rodovia Prefeito Américo Gianetti, 4001
Edifício Gerais, 1º andar
Bairro Serra Verde - BH / MG
CEP: 31630-901
Tel.: +55 31 3915-0262

Telefones de Contato