Neste domingo (28), comemora-se o Dia do Servidor Público. Nos últimos anos, diante das transformações pelas quais tem passado o mercado de trabalho, esse segmento profissional também tem experimentado profundas mudanças que, entre outras demandas, exige investimento em capacitação por parte de quem sonha em ingressar numa atividade que, a cada ano, se torna mais concorrida.

“Muita coisa tem mudado no emprego público no contexto de uma nova gestão pública. Hoje, o setor trabalha com a perspectiva de valorização do servidor, o que tem se mostrado fundamental para o alcance das melhorias na qualidade do serviço público”, ressalta a professora Kamila Pagel de Oliveira, especialista em políticas públicas e gestão governamental e sub-coordenadora do curso de graduação em administração pública da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro (FJP).

Fundada em 1992 com o objetivo de contribuir para a melhoria e modernização da gestão pública do Governo de Minas, por meio da formação e capacitação de quadros técnicos, a Escola de Governo já graduou 725 Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG).

Segundo levantamento concluído em agosto deste ano pela Fundação João Pinheiro, do total de profissionais egressos da Escola de Governo, 461 permanecem prestando serviços a vários órgãos do Governo Estadual. Os demais ingressaram em outras carreiras públicas do Governo de Minas ou em órgãos do Governo Federal.

Diante da importância que vem ganhando o investimento na valorização dos servidores, Kamila Pagel frisa que, em Minas Gerais , várias práticas e políticas de gestão de pessoas vêm sendo implementadas. As iniciativas focam questões como motivação e capacitação continuada, formando e desenvolvendo profissionais que estejam realmente dispostos a servir ao público.

Na opinião da professora, as tendências e perspectivas de curto e médio prazo para os servidores públicos são muito positivas, mas o desafio também é grande. “A tendência é de uma melhoria contínua em função de exigências não apenas de dentro do setor público, mas principalmente, da sociedade. Hoje, temos aplicado no setor público diversas políticas de gestão de pessoas que são inovadoras neste contexto, como remuneração variável, processos de certificação, avaliações de desempenho e gestão por competências”, explica Kamila Pagel.

Exigências crescentes no mercado de trabalho

E, ao mesmo tempo em que o Governo de Minas tem procurado inovar a gestão do serviço público por meio do investimento na capacitação dos profissionais das mais diversas áreas, as exigências do mercado de trabalho neste segmento também são crescentes.

“Espera-se das pessoas que pensam ingressar no serviço público que elas sejam capacitadas, multifuncionais, que tenham iniciativa e, acima de tudo, estejam dispostas a trabalhar. O grande desafio dentro e fora do setor público é acabar com o estigma de um funcionário público que não trabalha e que, com muito pouca entrega, se mantém no emprego. A pessoa que pensa ingressar no serviço público precisa ter em mente que, acima de tudo, deve estar disposto a efetivamente trabalhar, porque as demandas são cada vez maiores e mais diversas”, observa Kamila Pagel.

Diante das transformações pelas quais o serviço público tem passado, o desenho das carreiras e a remuneração também tem melhorado, sobretudo no contexto público mineiro.

No último mês, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) apresentou um novo modelo de avaliação de desempenho dos profissionais do Estado, que vai considerar como competências o comprometimento profissional; trabalho em equipe; o foco no cliente (interno e externo); a identificação das necessidades e propostas de soluções; e o foco nos resultados e a inovação, representada pela capacidade do profissional em buscar melhorias e aperfeiçoamento dos processos.

Além disso, o Governo de Minas anunciou que vai destinar R$ 1,7 bilhão para reajustes salariais e benefícios de seus funcionários, um valor que representa mais que o dobro previsto pela lei que instituiu a política remuneratória dos servidores públicos estaduais, calculado em R$ 794,2 milhões.

Caminho sem volta

Ex-aluno da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro, Gustavo Garcia Vieira de Almeida, de 27 anos, se revela satisfeito por ter, há quatro anos, obtido seu primeiro emprego ao ingressar no Governo de Minas.

“Vejo que o Governo do Estado tem investido na profissionalização dos servidores e, aliado ao investimento em inovação, tem atuado com foco no alcance de resultados com vistas à melhoria continua dos serviços prestados à população. Essa é uma tendência que não tem volta”, avalia Gustavo Almeida.

Atualmente, o servidor trabalha na Assessoria de Gestão Estratégica e Inovação da Secretaria de Estado do Trabalho e Emprego (Sete). Além da especialização em políticas públicas e gestão governamental, Gustavo Almeida continua investindo nos estudos. Já é pós-graduado em direito público e, este ano, vai concluir o curso de graduação em direito.

Com 22 anos de atuação no Governo do Estado, o advogado do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), José Eduardo Botelho Salomão, também concorda que a modernização do serviço público é uma tendência que já está sendo percebida na rotina do servidor.

“Quando ingressei no quadro do funcionalismo público estadual, a situação era diferente. Não tínhamos estrutura de trabalho; predominava o empreguismo e muitos servidores não cumpriam horário. Com o passar dos anos e, sobretudo após o choque de gestão implementado pela atual administração, a situação mudou para melhor no que se refere à organização e ao estímulo para trabalhar”, observa José Eduardo. “O investimento na formação de profissionais especializados viabiliza ao Estado se atualizar sintonizado com as demandas do mundo moderno”, completa o advogado.