BELO HORIZONTE (19/02/08) – A escolha da Nona Sinfonia de Beethoven para o concerto inaugural da nova Orquestra Sinfônica do Estado de Minas Gerais (Osemg) não poderia ser mais adequada. “Representa a força da música e do espírito humano em transformar as coisas”, ressaltou o diretor musical e regente titular da nova orquestra, Fábio Mechetti, para quem “este é um momento de celebração na história da música, em Minas Gerais.”

O concerto, marcado para esta quinta-feira (21), às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes, já está com ingressos esgotados e marca a estréia da Osemg, fruto da criação do Instituto Cultural Orquestra Sinfônica (Icos). Criada pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) faz parte do Projeto Estruturador para a cultura que inclui a implantação do Circuito Cultural Praça da Liberdade e a construção da sede da Casa da Orquestra, no antigo prédio da Secretaria da Fazenda. A apresentação de estréia contará com a participação do coro da Orquestra Sinfônica de São Paulo e do Coral Lírico de Minas Gerais.

“Nossos esforços se deram não apenas no sentido de ampliar as possibilidades musicais, mas também de nos guiarmos por um padrão de excelência que nos coloque ao lado das outras grandes orquestras nacionais e internacionais”, destacou a secretária de Estado de Cultura, Eleonora Santa Rosa, no texto de abertura do livreto da Temporada 2008 da Osemg. “Foi por isso que trouxemos o renomado maestro Fábio Mechetti, a quem confiamos a tarefa de reger a Osemg e proporcionar ao público mineiro uma estimulante programação.”

Durante a coletiva, nesta terça-feira (19), que apresentou o presidente do Icos, Diomar Silveira, a diretora artística, a ex-secretária estadual de Cultura Berenice Menegale, e o maestro Fábio Mechetti, o secretário-adjunto de Cultura, Marcelo Braga, explicou que a nova orquestra está em processo de formação desde 2005, quando o Icos foi criado. O maestro disse que os 85 músicos que compõem a Osemg foram selecionados em audições no Brasil e no exterior, desde julho do ano passado e que, em abril, haverá nova seleção para complementação da nova orquestra.

Para Berenice Menegale, a criação da Osemg é a concretização de um sonho de anos para a música erudita mineira. “Uma orquestra sinfônica é um instrumento de cultura e educação e não um fim em si mesmo. Quanto melhor e mais abrangente a sua atuação, melhor o seu papel como agente cultural”, definiu, completando que a música sinfônica é um dos patrimônios da humanidade.

Temporada 2008

Também foi apresentada a programação da Temporada 2008 da nova Orquestra Sinfônica do Estado de Minas Gerais, que prevê duas séries de concertos, entre fevereiro e dezembro, quando a regência será intercalada entre os maestros Fábio Mechetti e Fábio Costa. Nas terças-feiras, os concertos serão denominados Vivace e terão um cunho de formação de público, quando os regentes apresentarão à platéia a história das peças e a participação dos diversos naipes (instrumentos) de uma forma mais didática. Já às quintas-feiras, os concertos serão chamados de Allegro e terão o objetivo de consolidar gostos e platéias.

“Como a nova orquestra é mantida pelo poder público, tem como um dos principais objetivos a formação de platéia, por meio de um amplo acesso aos concertos”, explicou Fábio Mechetti, que também adiantou as apresentações em parques, praças e a realização, em setembro, do Festival Minas: Ontem, Hoje, Amanhã. O festival mostrará o repertório de autores mineiros do século XVIII até a contemporaneidade, além da realização de um concurso para selecionar obras de compositores mineiros que serão incluídas na temporada 2009 da Osemg.

Para Fábio Mechetti, a programação anual, marcada pelo ecletismo, vai permitir um maior entrosamento entre os músicos e um teste de versatilidade, para que seja conhecido o estilo de melhor desempenho entre os naipes e onde deve haver maior atenção do regente. “A nova orquestra é como um time de futebol, com grandes craques que precisam treinar e se conhecer para render em conjunto quando estiverem em campo”, comparou o maestro, como um verdadeiro técnico que prepara o time para o campeonato.