BELO HORIZONTE (14/08/07) – Conhecer o Cerrado mineiro por meio da reciclagem e da arte. Esse é o objetivo da oficina “Potira de Minas”, realizada pelo Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), com aulas às terças e quintas até o próximo dia 11 de setembro. Com duas turmas formadas, manhã e tarde, o curso é uma parceria entre o Centro Mineiro e a Ong Instituto Reciclar T3, e tem como proposta ensinar aos participantes a produção de flores feitas com papel artesanal por meio de técnicas de modelagem de papelão e colagem.

Com início no último dia 7 de agosto, as primeiras aulas foram de descoberta, quando os alunos tiveram o primeiro contato com o tema proposto: o Cerrado mineiro. O mote principal da oficina “Potira de Minas” é (re) conhecer a natureza da região, que tem uma flora extensa e diversificada, no entanto, sofre com as queimadas, conseqüência do clima seco e da falta de cuidado por parte do homem. A partir desses dados, os alunos partem para a confecção das flores. A parte teórica torna-se fundamental e não é abandonada ao longo do curso. “O processo criativo é a principal metodologia, e pesquisa é uma grande aliada”, afirma a artista plástica e fundadora da Ong Instituto Reciclar T3, Águida Zanol.

Durante as aulas, o aprendizado avança para o reaproveitamento e a reciclagem dos materiais. O que antes seguia para o lixo transforma-se em matéria-prima. O consumo consciente foi o tema que despertou o interesse da aposentada Marlene Fernandes pela oficina. “Antes só reaproveitava o vidro. No curso, vi que posso reaproveitar muitas outras coisas e transformá-las em algo útil”.

O Centro Mineiro de Referência em Resíduos tem como objetivo oferecer oficinas com enfoque no meio ambiente associadas a temas como arte e culinária. “O Potira de Minas nasce desse desejo e da necessidade de dar mais atenção ao Cerrado mineiro, que hoje se encontra em um estado de devastação”, completa a diretora-executiva do CMRR, Vera Schaper. Segundo Águida Zanol, o artista deve ter responsabilidade ambiental. “Uma das grandes virtudes que a arte tem são as possibilidades, ou seja, de transformação tanto do indivíduo como de um material”, explica.

Na busca pela prática da responsabilidade socioambiental, a professora de artes Andréa Duarte matriculou-se na oficina. “O curso possibilita não só a vivência com a arte, mas também nos dá a noção sobre o consumo consciente. Pretendo ser multiplicadora do que tenho aprendido”, completa a professora.

Ao final da oficina, os alunos receberão certificados e as flores produzidas serão expostas no Centro Mineiro de Referência em Resíduos, colorindo e dando as boas vindas à primavera. Uma exposição fotográfica sobre o processo das aulas complementa a mostra, que estará aberta ao público em meados de setembro, das 9h às 17h, no CMRR, localizado na rua Belém, 40, bairro Esplanada, região Leste de Belo Horizonte.

Cerrado Mineiro

Caracterizado pelo bom solo para o plantio de café, o Cerrado mineiro abriga um dos maiores índices de biodiversidade vegetal, havendo ali um extenso número de espécies de flores e plantas. No entanto, a realidade dessa região tem mudado gradativamente pelo o uso indiscriminado de plantas nativas para produção de carvão. Outro fator agravante é a ocorrência de incêndios florestais.

Em relação ao ano passado, os incêndios tiveram um grande aumento, conseqüência principalmente da questão climática. “O período sem chuvas no Estado de Minas Gerais já está acima da média histórica, apesar de a maioria dos incêndios serem de origem criminosa”, afirma o técnico do Previncêndio do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Anderson Rocha Campos.