Minas por Região
Agricultura

16h54min - 10 de Fevereiro de 2010 Atualizado em 17h18min - 28 de Junho de 2013

Pesquisa avalia armazenamento de milho na região Central

BELO HORIZONTE (10/02/10) - O milho é um dos principais produtos da agricultura familiar mineira, podendo ser utilizado tanto na alimentação humana e animal, quanto em sua forma pura ou processada (derivados). Porém, de acordo com o armazenamento do produto, podem ocorrer a contaminações dos grãos, colocando em risco a qualidade deles e principalmente a saúde dos consumidores. Por isso, o armazenamento correto deste produto vem mobilizando não apenas produtores, mas estudiosos e técnicos de instituições públicas das áreas de agricultura e saúde. É o caso da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Milho e Sorgo (Embrapa), que em parceria, estão desenvolvendo uma pesquisa sobre a qualidade do milho armazenado em propriedades de agricultores familiares da região Central mineira.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa em Sete Lagoas e coordenadora do estudo, Valéria Queiroz, o projeto, que começou em junho do ano passado, tem como objetivo “verificar a incidência dos fatores climáticos, práticas agrícolas e grau de infestação de pragas, como carunchos, traças e ratos, durante o período de conservação das espigas”.  Até o mês de dezembro de 2009 foram coletadas informações em dez propriedades dos municípios de Esmeraldas, Funilândia e Pedro Leopoldo. O material está sendo analisado e os resultados deverão sair até maio. Segundo Valéria,  as análises servirão de base para aferir as condições de armazenamento do milho e a influência disso na qualidade final do produto. A pesquisa está sendo financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

A pesquisadora da Embrapa aponta as micotoxina como um dos problemas causados pelo armazenamento inadequado do milho. Valéria explica que as micotoxinas são substâncias venenosas expelidas por algumas bactérias, liberadas durante o estocamento e que podem causar males para a saúde humana e de animais. Ela argumenta que, além da perda econômica que o  agricultor pode vir a ter por causa de um produto de menor qualidade e portanto de menor valor no mercado, a substância pode ainda causar diarreias, vômitos e  até câncer de fígado, em quem ingere o milho contaminado. Valéria destaca que o processamento do grão não isenta os riscos das micotoxinas. “A temperatura utilizada no processamento do milho (fubá, canjiquinha e pipoca, entre outros) não é elevada o suficiente para destruir as micotoxinas”, explica, acrescentando que o milho é muito suscetível a contaminação por fungos.

Cuidados ao armazenar no paiol

O extensionista da Emater-MG do município de Pedro Leopoldo, Jader Resende, acompanha  produtores familiares de milho, cuja forma de armazenar o grão em paiol está sendo alvo da pesquisa conduzida pela Embrapa. Segundo Jader, a Emater-MG  indicou os quatro agricultores, acompanhando a visita dos pesquisadores da Embrapa nas propriedades e aproveitando para explicar a forma segura e correta de guardar as espigas. “O resultado dessa pesquisa deve comprovar as perdas existentes no processo de armazenagem e apontar para a forma correta de conservar o milho por um período maior”, explica. Resende acrescenta que o levantamento envolveu a coleta mensal de amostra de espigas. Para o extensionista, “o ponto positivo da parceria entre as duas instituições é que a Embrapa colhe os grãos e leva para serem analisados em laboratório, enquanto a Emater-MG orienta esses produtores sobre o modo correto de armazenar as espigas”, afirma.

Embora o resultado da pesquisa só deva ser apresentado aos agricultores em meados de junho, durante o evento Vitrine do Milho, a ser realizado pela Embrapa e Emater-MG, em Sete Lagoas, alguns produtores  de Pedro Leopoldo já  estão se adequando às práticas corretas de armazenagem do milho. O agricultor Sebastião Bastos, por exemplo, afirma já estar estocando as espigas no paiol, usando as dicas passadas pelo extensionista da Emater-MG. Bastos tem uma propriedade de 20 hectares e produz em média 20 mil quilos de milho por ano. Toda a produção é destinada à alimentação do gado leiteiro e das galinhas que cria.  A propriedade de Sebastião é uma das que está sendo monitorada pela Emater-MG e Embrapa, na região Central. “Ainda não tive retorno destas análises, mas espero que isso ajude a melhorar a produção”, conta.

A coordenadora da pesquisa informa que a região Central foi escolhida por questões logísticas, visto que a Embrapa Milho e Sorgo tem sede em Sete Lagoas, mas que  há uma expectativa de estender o projeto em propriedades rurais do Sul de Minas, até o final do ano.  “O recurso do projeto é pequeno e por isso só vamos até o Sul de Minas. Nos outros anos, se der certo, podemos ampliar para todo o estado”, argumenta. Como é um projeto que está começando a ser implementado agora, Valéria Queiroz acredita que em outras regiões, a  experiência da equipe vai favorecer mais a compreensão dos problemas decorrentes da armazenagem do milho.

Produção mineira

Minas Gerais deverá alcançar uma produção de 6,0 milhões de toneladas de milho na Safra 2009/2010. A projeção é da Superintendência de Informações do Agronegócio (Suinf ) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo os dados, divulgados nessa terça-feira (9), o Minas Gerais ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de produção do grão (51 milhões de toneladas), perdendo apenas para os estados do Paraná e do Mato Grosso, que ocupam respectivamente o primeiro (12 toneladas) e segundo (7 toneladas) lugares.

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais

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