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Agricultura

17h14min - 06 de Setembro de 2011 Atualizado em 08h21min - 01 de Julho de 2013

Pesquisadores mineiros apostam no cultivo de morango e de oliveiras no semiárido

BELO HORIZONTE (06/09/11) - Os investimentos que o Governo de Minas vem viabilizando nos últimos anos, no sentido de identificar alternativas para a diversificação da produção agrícola no Norte de Minas, estão alcançando resultados promissores e surpreendentes, envolvendo culturas que, até pouco tempo, eram tidas como inviáveis para regiões de clima quente e seco. Uma das alternativas que já apresenta bons resultados é a produção de morango que, em pequenas propriedades rurais, segundo avaliação da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig), pode gerar receita de até 200% em relação aos investimentos realizados.

Outra novidade que está sendo testada no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha é o plantio de oliveiras, com variedades destinadas à produção de azeitonas de mesa e de azeite. Sete variedades foram plantadas nas fazendas experimentais da Epamig em Mocambinho, no Projeto Jaíba e, em Acauã, no município de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. Em termos vegetativos, as variedades estão tendo boa evolução. Em 2012, no Norte de Minas, serão iniciados os testes de floração das plantas que poderão comprovar a viabilidade da produção comercial de oliveiras no semiárido.

O cultivo de morango e oliveiras na região do chamado Grande Norte (vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas) foi apresentado pela Epamig, durante Dia de Campo realizado este mês, na Fazenda Experimental de Mocambinho. O evento reuniu produtores rurais, estudantes de agronomia e técnicos de vários órgãos governamentais, que atuam em projetos de pesquisa e na difusão de novas tecnologias. Além das duas culturas inovadoras no semiárido, também foram apresentados resultados de pesquisas sobre a produção de maracujá e abacaxi.

Morango

Os estudos sobre a produção de morango no Norte de Minas foram iniciados há 11 anos, partindo do pressuposto que, devido ao clima quente e seco predominante na região, as doenças típicas da cultura não encontrariam ambiente favorável para a ocorrência e disseminação, evitando-se, com isso, o uso de agrotóxicos. Os primeiros resultados foram concluídos em 2002 apresentando, segundo o pesquisador Mário Sérgio Carvalho Dias, “resultados muito satisfatórios”. Isso porque as cultivares Dover e Sweet Charlie produziram 53 e 46,48 toneladas por hectare, respectivamente, bem acima da média nacional.

Dados divulgados pela Epamig revelam que “as pesquisas apontaram que os frutos produzidos no semiárido estão dentro dos padrões de outras regiões do país, apresentando ainda a vantagem de não receberem nenhuma aplicação de agrotóxicos”, o que aumenta o valor agregado do produto. “Aliando-se esta característica com boa produtividade, o morango se encaixa perfeitamente no sistema de agricultura familiar, que predomina em grandes áreas do semiárido, principalmente nos perímetros irrigados do Jaíba e Gorutuba”, assegura Mário Sérgio Dias.

De um total de 25 cultivares de morango já testado no Norte de Minas, a Epamig observa que as mais recomendadas são a Dover e a Oso Grande. Mesmo pelo fato da média das temperaturas mínimas ficarem acima das verificadas em regiões onde a produção de morango já se tornou tradicional, “esse não foi um fator limitante para os cultivares Oso Grande, Dover e Sweet Charlie, que apresentaram alta produtividade, demonstrando assim ótima adaptabilidade à região”, destaca Mário Sérgio Dias.

Com base na comprovação da viabilidade da cultura no semiárido, a Epamig está iniciando pesquisas de conservação do morango pós-colheita, objetivando garantir a qualidade da comercialização do produto in-natura.

Com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), outro trabalho que está prestes a ser iniciado pela Epamig é a montagem de uma fábrica de produção de polpa de morango, objetivando agregar valor à produção a ser obtida em pequenas propriedades rurais. “A ideia é ministrarmos cursos para filhos de produtores rurais, a fim de estimulá-los a se dedicarem à atividade, que tem todas as condições de ser altamente lucrativa se for conduzida com critério, incluindo a agregação de valor”, salienta Mário Sérgio.

Cultivo de oliveiras surpreende

Animado com o fato de que na região da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, a produtividade média de oliveiras tem alcançado 10 mil quilos por hectare, bem acima da média mundial de 6 mil quilos/ha, o pesquisador da Epamig Nilton Caetano de Oliveira também está otimista com o incremento da atividade em outras regiões do Estado. “Se obtivermos êxito com a produção de oliveiras no semiárido, daremos um grande passo para a diversificação da produção agrícola da região, com a introdução de um produto de alto valor agregado e inovador no agronegócio nacional”, salienta.

Segundo Nilton Caetano, o plantio de sete variedades de oliveiras ocorrido nos últimos três anos, em seis regiões do Estado (Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha, São Sebastião do Paraíso, Três Corações, Caldas e Piedade do Rio Grande), vem obtendo bons resultados quanto à evolução vegetativa das plantas. “No quarto ano, quando as oliveiras iniciam o processo produtivo, vamos verificar qual será o desempenho das lavouras plantadas no Norte de Minas. Pelo fato de nesta região não existir, em nenhuma época do ano, baixas temperaturas (média de 12 graus), certamente teremos que fazer a indução floral das lavouras através de stress hídrico (paralisação da irrigação) ou da utilização de produtos químicos”, explica o pesquisador. Já no Vale do Jequitinhonha, onde existem áreas com altitude de até mil metros, já neste ano algumas oliveiras entraram em fase de florescimento.

Nilton Caetano destaca que “as pesquisas implementadas pela Epamig já possibilitaram o alcance de boas perspectivas para a produção de azeite no Estado, atividade pioneira no país. O Brasil importa todo o azeite e azeitona consumidos pela população e, nos últimos seis anos, ampliamos para 500 hectares a área cultivada em Minas Gerais”. Atualmente, o Estado possui 250 mil pés de oliveiras cultivadas por 70 produtores rurais em 50 municípios localizados, principalmente, na região da Serra da Mantiqueira.

“Em média, a atividade está crescendo 30% ao ano e, pelo fato de estarmos obtendo produção de alta qualidade, o preço do litro do azeite está em torno de R$ 50. Não existe nenhuma outra atividade do agronegócio que alcança um rendimento igual a este, visto que, no sexto ano após o plantio, o produtor tem de volta o investimento realizado”, conclui otimista Nilton Caetano.

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